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Dirigente da CBVela contesta jornal dos EUA: 'Engulo água da Baía de Guanabara e sou saudável'


As condições insalubres da Baía de Guanabara e de outros locais que receberão provas das Olimpíadas do Rio de Janeiro, em 2016, foram tema de uma reportagem do jornal americano “The Washington Post”, que alertou para o risco à saúde dos atletas que participarão do evento. No entanto, o presidente da Confederação Brasileira de Vela (CBVela), Marco Aurélio Sá Ribeiro, acredita que o tom de preocupação da imprensa estrangeira é exagerado. De acordo com ele, os velejadores filiados à entidade estão acostumados a treinar na baía e nunca apresentaram problemas graves de saúde.

- Eu acredito que essa visão da imprensa americana é um pouco colonialista. Eles querem reviver a velha briga entre Primeiro e Terceiro Mundo. O rio Hudson, em Nova York, ou o lago Ontário, no Canadá, estão cheios de resíduos químicos pesadíssimos, que não existem na Baía de Guanabara, mas ninguém diz isso. Nossos velejadores treinam todos os dias no Rio e estão bem vivos. Volta e meia, viro meu barco e engulo a água, e estou muito saudável, até um pouco gordinho. Fizemos o Pan-Americano de 2007 aqui, numa época em que a Baía estava bem pior, e deu tudo certo, foram só elogios à beleza do lugar - defendeu Marco Aurélio. 

O presidente da CBVela garante que a Baía de Guanabara, palco da vela e do windsurfe em 2016, está apta para receber competições de padrão internacional. Segundo Marco Aurélio, o local recebe pelo menos um campeonato mundial por ano, além de inúmeras disputas regionais e nacionais. Em setembro deste ano, as águas da baía receberam as provas das categorias júnior e sênior do Mundial da classe Snipe, que reuniu 230 atletas de 15 países. A CBVela afirma que os estrangeiros ficaram satisfeitos com as condições de competição da Baía de Guanabara.

- É evidente que a Baía de Guanabara não é o lugar mais limpo do mundo, mas é um excelente lugar para velejar. Todo ano, pelo menos um campeonato mundial é realizado aqui. Em 2013, tivemos o mundial da classe Snipe. Os velejadores estrangeiros ficam extremamente satisfeitos: o vento é fantástico, e a vista é maravilhosa. Com 10 milhões de pessoas vivendo ao redor, é claro que há detritos e esgoto, mas isso não é diferente de Pequim ou qualquer outra Olimpíada disputada em um grande centro urbano - argumentou o presidente da CBVela.

Marco Aurélio também rebateu críticas feitas por alguns velejadores, que afirmam que a grande quantidade de lixo e detritos vai atrapalhar o desempenho dos atletas em 2016. De acordo com o “The Washington Post”, é possível ver sofás e máquinas de lavar boiando na água suja. Para o presidente da CBVela, no entanto, os objetos que flutuam devem ser encarados como obstáculo natural das disputas. 

- Esse argumento de que um saco de lixo no leme ou na bolina pode prejudicar os atletas não é válido, porque eles precisam estar preparados para lidar com as adversidades do meio ambiente. Algas também podem prender o barco. Nos anos 1980, o Torben Grael “atropelou” uma baleia, mas isso faz parte da vela. É claro que quando você se choca com uma baleia, um tronco de árvore boiando ou um saco de lixo, sua regata será prejudicada, mas são coisas que podem acontecer com todos os atletas. Em 2016, teremos boias de contenção para tentar minimizar essas ocorrências, assim como ocorreu no Pan.

Apesar de destoar do discurso de alerta e preocupação ambiental em relação à poluição da Baía de Guanabara, Marco Aurélio defende os projetos que tentam recuperar o local a tempo das Olimpíadas de 2016. Uma das iniciativas elaboradas pelo governo do Rio de Janeiro, batizada de “Plano Guanabara Limpa”, prevê o saneamento dos municípios do entorno da baía, além de combater a ocupação irregular de moradores e empresas, e o desmatamento de matas ciliares de rios e canais que fazem parte daquela bacia hidrográfica. Além desses tópicos, o presidente da CBVela defende que a ação também deve atuar na conscientização da população.

- É claro que queremos melhorar a Baía de Guanabara. É possível melhorar esse cenário, não tenho dúvidas. É uma questão que envolve a conscientização da população, que precisa entender que todo lixo jogado na rua acaba sendo despejado no mar. A Cedae (companhia de saneamento do Rio de Janeiro) tem feito um trabalho muito bom na tentativa de evitar que o esgoto seja despejado na baía. A questão do saneamento básico sempre foi problemática aqui no Brasil, porque os políticos preferem investir em obras de impacto visual, como estradas e prédios. Mas agora há mais consciência da classe política. Como velejador, eu sei que a situação da Baía já foi pior. E como cidadão, vou clamar sempre por melhorias - afirmou Marco Aurélio. 

Apesar dos planos elaborados pelas autoridades públicas, a imprensa americana afirma que os trabalhos de recuperação de espaços como a Baía de Guanabara, a Lagoa Rodrigo de Freitas e a praia de Copacabana andam “no ritmo de um caracol”. Segundo o “The Washington Post”, as unidades de tratamento dos rios que formam a bacia hidrográfica da região são caras e pouco eficazes. Outras ações foram classificadas como paliativas pelo jornal, caso das ecobarreiras, que evitam que detritos maiores.


Fonte: Globoesporte.com

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