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Poupado, cemitério centenário fica no coração do Parque Olímpico de Sochi







Em 4 de julho de 2007, a Rússia ganhou o direito de sediar as Olimpíadas de inverno de 2014. Na disputa contra Pyeongchan, na Coréia do Sul, e Salsburgo, na Áustria, o balneário de Sochi, localizado no sudoeste do país, nas proximidades das montanhas nevadas do Cáucaso e do mar Negro, levou a melhor. A partir daí, o presidente russo Vladimir Putin colocou seu plano pessoal em ação. Partindo do zero, o governo começou a construção de todas as instalações para 2014, com um orçamento no valor de US$ 50 bilhões (mais de R$ 150 bilhões), e sob alvo de denúncias de superfaturamento e desvios. Casas foram demolidas, moradores foram indenizados, e toda a paisagem rural foi embora. Um local, porém, não foi alvo dos ambiciosos russos e terá a mesma aparência do século passado: um cemitério centenário, localizado no coração do Parque Olímpico.

A ideia do comitê de Sochi era retirar o cemitério, erguido por membros da Igreja Ortodoxa há mais de 100 anos, e onde estão enterrados grande parte dos ancestrais dos moradores da região. Ele fica em uma posição central de uma antiga fazenda rural da federação russa, que foi usada para dar lugar a um dos Parques Olímpicos (também há um nas montanhas). A lei russa, porém, proibiu a ação, e o cemitério segue em Sochi, como um "cartão de visitas" para competidores e turistas, que desde abril passam pela cidade para eventos testes.

Prokofey Drovichev, de 72 anos, tem vários parentes enterrados neste cemitério. Ele se recusa a sair dos arredores. Hoje, ele vê sua casa em ruínas após não ter aceito uma oferta do governo. Mesmo assim, não quer ficar longe de suas raízes e do cemitério onde estão enterrados seus ancestrais, apesar de pensar duas vezes caso surja uma nova proposta.

- Se eles me dão o dinheiro certo, eu vou. Mas eu não vou ir muito longe. Esta é a nossa pátria. Nossos antepassados ​​estão enterrados nesse cemitério - frisa o morador.

Essa, essencialmente, é a única paisagem que não mudou na região. O cemitério ganhou como vizinhos o centro de patinação artística e o Estádio Olímpico, com capacidade para 40 mil pessoas e que também servirá de sede para a Copa do Mundo de 2018, na Rússia.  Desde 2007, data da escolha de Sochi, milhares de famílias foram retiradas das regiões de baixa altitude, na costa da cidade. Para os que puderam provar, por escrituras, serem donos dos terrenos, o governo construiu casas próximas ou ofereceu o pagamento de uma indenização, como foi o caso de Drovichev, que não aceitou.

Em fevereiro, dezenas de famílias que ainda viviam em uma área próxima do Parque Olímpico esperou, para enfim, serem retirados também. Dmitry Chernyshenko, presidente executivo do Comitê Organizador de Sochi 2014, explica que todos os residentes tiveram acordos justos, inclusive alguns que ainda insistem em não sair, mas que provavelmente serão despejados cedo ou tarde.

- Acredite em mim, quando estamos a gastar tanto esforço e tais recursos, a reputação do país é muito mais importante do que o interesse em guardar o dinheiro para uma ou duas famílias. É claro que todos eles foram tratados de forma justa, porque nós investigamos cada caso - disse Dmitry.

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