Seguindo o exemplo dos Jogos Pan-Americanos de 2007, no Rio de Janeiro, o Comitê Organizador Local das Olimpíadas de 2016 optou por buscar uma parceira privada para tocar as obras da Vila dos Atletas, evitando gastos públicos bilionários. Os trabalhos, iniciados em junho de 2012, ficaram sob a responsabilidade do consórcio formado pelas construtoras Carvalho Hosken e a Odebrecht Realizações Imobiliárias, tudo nos mesmos moldes de 2007. A exatos três anos do início dos Jogos Olímpicos de 2016, porém, o exemplo da Vila do Pan deixa os responsáveis pelo novo projeto atentos e mais cuidadosos com cada passo dado. A promessa é de que os problemas não se repetirão, e que a obra, a menos de três anos do prazo de entrega, está no rigorosamente no prazo.
Na Vila do Pan, ainda durante as obras, uma rua do arenoso terreno de Jacarepaguá, de responsabilidade da prefeitura, afundou. O problema persiste até hoje, com novos afundamentos, que farão a prefeitura do Rio gastar R$ 33 milhões, oito vezes mais do que o orçado inicialmente para o acerto do projeto. Além disso, uma quadra de esportes e um shopping - promessas feitas aos compradores do sucesso imobiliário da época - não viraram realidade. Os 17 prédios, de acordo com o Crea-RJ (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia), não correm risco de afundamento.
Segundo a empresa Ilha Pura - nome do novo bairro que nascerá onde vai ficar a Vila dos Atletas, na avenida Salvador Allende, próximo ao Parque Olímpico -, os problemas de estrutura, infraestrutura, urbanização e lazer não voltarão a ocorrer. O local fica a cerca de 6km da Vila do Pan 2007.
"Todos os estudos técnicos e levantamentos geológicos foram feitos e garantem o total domínio das condições do terreno da Ilha Pura. As melhores soluções de engenharia estão sendo adotadas para a garantir a qualidade da construção dos condomínios, dentro dos padrões e práticas das empresas que estão à frente deste desenvolvimento" - garantiu o diretor geral da Ilha Pura, Maurício Cruz.
Com prazo de entrega para dezembro de 2015, quando os apartamentos serão cedidos ao Comitê Olímpico Internacional (COI), o consórcio frisa que as obras estão dentro do cronograma, sem qualquer atraso. Durante o pico dos trabalhos, cerca de 17 edifícios serão erguidos ao mesmo tempo.
"As obras estão rigorosamente dentro do cronograma previsto. Estamos tranquilos em relação aos prazos" - diz o diretor.
A Vila dos Atletas, cujo orçamento giraria em torno dos R$ 2 bilhões (a empresa preferiu não confirmar o valor), terá um terreno total de 800 mil metros quadrados. Serão 31 edifícios, com 3.604 apartamentos de dois, três e quatro quartos, para abrigar 17.950 esportistas. A obra bilionária é bancada pela iniciativa privada, ao contrário de Londres 2012, onde todo o dinheiro foi público, inclusive na construção da Vila dos Atletas. O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, destaca que quase 70% dos trabalhos nos Jogos de 2016 serão pagos pelo setor privado.
"Desde o projeto original, nos preocupamos em não termos elefantes brancos. Não existe comparação com a cidade de Londres. Nossa Vila Olímpica (Vila dos Atletas) é com recursos privados. Londres gastou com isso. Nosso IBC (Centro de Mídia) é todo privado. Londres gastou R$ 1 bilhão de reais. Nosso Parque Olímpico terá 70% do valor pago com dinheiro privado. Não existe nada disso na história das Olimpíadas. Essa comparação mostra o esforço que fizemos" - assegurou Paes.
Assim como no Pan, os apartamentos serão vendidos para o público em geral. Corretores cariocas, inclusive, já fazem um cadastro de reserva dos interessados. Os valores dos apartamentos, porém, ainda não foram divulgados.
"Os compradores ocuparão os apartamentos após os Jogos Olímpicos. Teremos algumas opções de planta e tipologias, e isso impactará diretamente no preço de cada apartamento" - frisa o diretor geral da Ilha Pura.
O menor dos apartamentos terá 78 m². Todo o complexo, que terá sua urbanização do entorno por conta da prefeitura do Rio, será de assinatura do escritório de paisagismo Burle Marx. Assim como qualquer empreendimento imobiliário, as obras são tocadas com recursos dos empreendedores, que negociam com instituições financeiras seu financiamento.
"Estamos concebendo um bairro planejado, estruturado com o que há de mais moderno em termos de práticas sustentáveis, mobilidade, conveniências, segurança e qualidade de vida" - finaliza Maurício Cruz.
Fonte: Globoesporte.com
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