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Brasil usa trenó alugado no bobsled e sonha com pista de treino em casa


A equipe do Brasil de bobsled trocou a folga de carnaval por uma viagem ao Canadá, para começar os treinos e tentar uma vaga nas Olimpíadas de Inverno de 2014, em Sochi, na Rússia. Apesar de já ter participado de dois Jogos, o país enfrenta dificuldades na modalidade. O trenó é alugado, falta roupa ideal e quem treina aqui tem que se adaptar e sonha com uma pista adequada.

“Vamos alugar o trenó para as competições. Um trenó de ponta é muito caro e chega a US$ 100 mil. O aluguel a gente consegue por US$ 5 ou US$ 10 mil no trenó junto com lâminas. E para comprar uma lâmina top no momento, você vai pagar cerca de US$ 15 mil”, explica Edson Bindillatti, piloto da equipe e que competiu nos Jogos de Inverno de Salt Lake City 2002 e Turim 2006.

Ele espera que essa condição seja temporária. “Ideia é comprar um de dois e um de quatro para os atletas estarem bem posicionados dentro do trenó e a aerodinâmica ser adequada para os eles”, comenta o veterano.

Ainda faltam equipamentos também aos atletas. Os brasileiros, geralmente pouco acostumado ao frio, sofrem em competições com temperaturas negativas e não têm roupa adequada. Eles usam, por exemplo, uma vestimenta de lycra, similar a do atletismo. “Até por isso tem que levar muita meia-calça”, brinca Fabiana, outra experiente no time e piloto da equipe feminina.

O investimento na modalidade também está “congelado”. O bobsled faz parte da CBDG (Confederação de Desportos na Neve), que recebia R$ 600 mil reais da Lei Piva. Entretanto, Edson Bindilatti liderou uma ação na Justiça para tirar o antigo presidente Eric Maleson da frente da entidade. “Eu não concordava com algumas coisas de planejamento, tratamento com os atletas. Resolvi entrar na Justiça para tirá-lo e fazer a modalidade crescer e evoluir”, afirma Bindilatti. O afastado Eric Maleson contesta seu afastamento e já enviou pedido para que o COI interceda nesse caso.

“COB (Comitê Olímpico Brasileiro) não passava verba para a CBDG desde 2009 porque não tinha prestação de contas, estava tudo irregular na confederação. Tinham atletas de ponta sem viajar ou competir porque não tinha verba, pois não tinha um planejamento e isso complicou muito. A gente não quer depender apenas do dinheiro da Lei Piva, que era o que ele fazia”, conta o piloto brasileiro.

Por enquanto, Emilio Strapasson é o presidente interventor da CBGD. Sob o seu comando foi feita a primeira seletiva aberta para escolher os participantes da equipe de bobsled que viajaram para o Canadá para o período de aclimatação e para tentar a vaga em Sochi 2014. A ação contou com famosos e Jadel Gregório, atleta olímpico do salto triplo, foi um dos aprovados. “Agora a gente tem as equipes, os atletas, uma cara”, diz Bindilatti.

O veterano lembra também que já foi proposta a construção de uma CT de esportes no gelo em Campos do Jordão, mas que a ideia não seguiu em frente. “É muito caro. Para construir uma pista é mais de US$ 100 milhões. E não tem a necessidade porque as pistas não são iguais. A gente tem que treinar naquelas que já tem lá fora e que serão os locais de competição”, comenta.

A solução para melhorar a prática do esporte aqui no Brasil é montar uma pista apenas de pushing (para treinar empurrar o trenó na largada). “No pushing, o que corre aqui, você vai correr lá. Pode treinar na pista de borracha que você vai correr na pista de gelo, não tenha duvida”, afirma.

Pensando nisso, o projeto é construir um local de treino ao lado do CT usado pelos atletas da BM&F, em São Caetano do Sul, grande São Paulo. Segundo Bindilatti, a pista seria de trilho e simularia a largada e o começo da descida. Logo depois, viria uma subida, que ajudaria na desaceleração do trenó.

“Com a pista de pushing, a equipe melhoraria de 10 para 80%. Com R$ 100 ou 200 mil é possível fazer uma pista muito boa que seria usada para bobsled, skeleton e luge”, avalia.
IG

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