Por Rodrigo Farias (@rodrigofarias27)
Nessa
coluna, abordaremos um dos mais famosos escândalos de doping da
história dos Jogos: da estrela do Feras Olímpicas de semana passada,
Marion Jones.
A
atletista norte-americana sempre esteve envolvida em suspeitas de uso
de produtos ilícitos para aumento de performance desde a época de seu
colegial. Embora houvesse escapado de algum teste positivo até o ano de
2007 - quase 18 anos sem problemas - as suspeitas ainda eram
corriqueiras.
Em
2002, seu casamento com C.J Hunter, também atleta olímpico, fora
desfeito. Pouco depois, Marion alegaria que um dos motivos foi o fato do
ex-marido ter sido no pego no anti-dopping em 2000, poucos antes dos
Jogos de Sidney. Isso, em tese, até mesmo reforçaria uma possível imagem
de "atleta limpa" para Jones. Só que a vinda à tona de que ela não
compareceu a um teste da WADA em meados dos anos 90 prejudicou-a e
muito.
Entrevista durante a investigação do caso
Como
defesa, ela alegou que não recebeu a carta de notificação do comitê
anti-dopping. Até aí, nenhum problema. Isso pode ocorrer. Só que a
partir de 2004, tudo mudou. Victor Conte - fundador do Area Bay
Laboratory, compania fabricante de produtos químicos e remédios - deu
uma entrevista dizendo que ele entregou para Marion cinco diferentes
esteroides anabolizantes proibidos antes, durante e depois dos Jogos de
Atenas.
Como
prova, contava com um relato justamente de C.J Hunter, em que ele
alegava que a ex-esposa injetou nela mesma os produtos no estômago.
Disse ainda que ela usou tais artigos pouco antes dos Jogos de Sidney e
que os esteroides eram de um tipo experimental, quase impossível de ser
detectado pelos testes comuns anti-dopping. Como Marion havia feito
testes durante os Jogos e nada havia sido acusado, ela em tese foi
absolvida da acusação.
Só que, em 2006, o The Washington Post publicou uma reportagem em que dizia que a urina de Marion havia apontado positivo para Eritropoietina (EPO), substância esteroide proibida. Após isso, faltou a uma competição Weltklasse Golden League, na Suíça, alegando "razões pessoais". Também negou novamente ter usado produtos ilícitos. Sua contra-prova deu negativo e ela, mais uma vez, foi em tese absolvida da sua acusação.
Posando com as cinco medalhas
Porém, o depoimento de C.J Hunter ainda rendia. O FBI iniciou uma investigação, só que o resultado dela saiu mesmo de um depoimento da própria Marion Jones: em 2007, diante do juiz Kenneth Karas, confessou ter utilizado EPO visando os Jogos de 2000. Também declarou ter dado falsos depoimentos durante o caso Area Bay, em que negou ter injetado os esteroides em si mesma.
Após isso, ela convocou uma coletiva de imprensa, em que tornou público o uso do EPO no ano de 2000. Em lágrimas, confessou ter mentido para a mídia, seus fãs e dois júris - o do caso Area Bay e o seu próprio - e pediu desculpas. A sua punição desportiva saiu logo após isso: foi suspensa por dois anos pela Agência Norte-Americana Anti Dopping, só que escapou desta anunciando sua aposentadoria.
Só que o mais grave viria ainda: a Agência solicitou ao Comitê Olímpico Internacional a retirada das medalhas conquistadas por Marion nos Jogos de Sidney, o que foi aceito rapidamente. Além disso, retirou seu quinto lugar no Salto em Distância nos Jogos de Atenas. Apesar do apelo do Comitê Olímpico Norte Americano para a manutenção das premiações, o COI foi irredutível e a punição foi mantida.
Marion também não escapou das mãos da Justiça Comum: por mentir perante dois júris, foi obrigada a cumprir seis meses de prisão e duzentas horas de serviços comunitários, além de ficar durante dois anos em estado probatório - não podendo, portanto, reincidir no crime. Aliada a essa tragédia moral e esportiva, encarou sérios problemas financeiros, sendo obrigada a vender até mesmo a casa em que sua mãe morava. Uma carreira jogada no limbo por causa de dopping.
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