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Coluna Surtado no Esporte: o "adeus" de Andy Murray e o futuro do Big Three

Nas últimas semanas, os amantes do esporte receberam uma triste notícia: Andy Murray (GBR) anunciou sua retirada do Tênis ainda este ano, devido a uma grave lesão no quadril. O britânico disse não mais aguentar as dores causadas pela lesão. De toda forma, Murray passou por mais uma cirurgia no quadril e aguarda como será sua recuperação.

Depois do grande ano que teve em 2016, chegando a três finais de Grand Slam, vencendo em Wimbledon, além do ouro olímpico no Rio e a vitória no tour finals, tendo alcançado o 1º lugar no ranking da ATP daquele ano, Murray não conseguiu depois repetir sua memorável atuação. A lesão no quadril se agravava a cada competição, enquanto seu desempenho piorava. No início de 2018, Murray foi submetido a primeira cirurgia no quadril, contudo a recuperação não foi como esperado e agora, após a segunda cirurgia, o londrino pode vir a se despedir do esporte nesta temporada.

Andy Murray faz parte de uma das gerações mais notáveis da história, formada por ninguém menos do que Roger Federer (SUI), Rafael Nadal (ESP) e Novak Djokovic (SRB). Todos estes, talvez os quatro melhores tenistas ainda na ativa (em resultados), estão atualmente com mais de 30 anos. Federer, o mais velho, completará 38 em agosto. Pela idade e pela exigência do esporte, não dá para prever quanto tempo esses excepcionais esportistas ainda irão jogar. As carreiras de Federer, Nadal e Djokovic, inclusive, já sofreram riscos de acabar prematuramente devido a lesões.

A verdade nisso tudo é que não estamos preparados para a aposentadoria desses tenistas. Talvez porque eles sempre se mantiveram no topo e nos acostumaram assim. Como será o circuito sem três dos maiores da história? Para se ter uma ideia da mágica que é ser contemporâneo dessas lendas do tênis, vejamos os números de cada um: 

Roger Federer (37 anos) - 20 títulos de Grand Slam: Open da Austrália (2004, 2006, 2007, 2010, 2017, 2018), Roland Garros (2009), Wimbledon (2003, 2004, 2005, 2006, 2007,2009, 2012, 2017), US Open (2004, 2005, 2006, 2007, 2008), Tour Finals (2003, 2004, 2006, 2007, 2010, 2011), ouro olímpico em Pequim/2008 (duplas) e prata em Londres/2012 (simples).

Rafael Nadal (32 anos) – 17 títulos de Grand Slam: Open da Austrália (2009), Roland Garros (2005, 2006, 2007, 2008, 2010, 2011, 2012, 2013, 2014, 2017, 2018), Wimbledon (2008, 2010), Us Open (2010, 2013, 2017), nunca venceu o Tour Finals, mas chegou a duas finais (2010 e 2013), ouro em Pequim/2008 (simples) e no Rio/2016 (duplas).
Novak Djokovic (31 anos) – 15 títulos de Grand Slam: Australia Open (2008, 2011, 2012, 2013, 2015, 2016, 2019), Roland Garros (2016), Wimbledon (2011, 2014, 2015, 2018), US Open (2011, 2015, 2018), Tour Finals (2008, 2012, 2013, 2014, 2015) e um bronze olímpico no simples em Pequim/2008.

Além do incomparável Big Three, como são chamados os três tenistas, dois atletas se destacaram nesse período de domínio absoluto. O próprio Andy Murray foi um dos poucos a quebrar a hegemonia da trinca de ferro e com ele o suíço Stan Wawrinka. Nada comparado com o desempenho dos extraterrestres, entretanto digno de reconhecimento:

Andy Murray: (31 anos) – 3 títulos Grand Slam: Wimbledon (2013, 2016) e Us Open (2012). Além disso foram cinco finais no Austrália Open (2010, 2011, 2013, 2015, 2016) e uma em Roland Garros (final em 2016). Venceu o Tour Finals (2016) e se sagrou bicampeão olímpico no simples (Rio/2016 e Londres/2012) e ainda conquistou a medalha de prata em Londres nas duplas mistas.
Stan Wawrinka (33 anos) – 3 títulos de Grand Slam: Open da Austrália (2014), Roland Garros (2015) e US Open (2016). Foi medalhista de ouro olímpico nas duplas nos jogos de Pequim/2008.

Nos últimos 16 anos, contados a partir do primeiro título de Federer, em 2003, foram disputados 65 Grand Slam, dentre os quais 58 foram vencidos por um dos 5 jogadores acima. Quase 90%. 52 apenas pelo Big Three ou 80%. Nas últimas três olimpíadas, os campeões do simples saíram dessa lista (Nadal/Pequim e Murray/Rio e Londres). É uma hegemonia poucas vezes vista. O que equilibra mais essa disputa é o fato de que esses grandes nomes fazem parte da mesma geração. 

Imagine você se não houvesse Novak Djokovic ou Rafael Nadal. Quantos mais títulos de Grand Slam o Federer teria conquistado? A mesma pergunta se faça substituindo este por um daqueles. E se tirássemos o Big Three? Wawrinka e Murray teriam mais conquistas? Perguntas impossíveis de responder, mas que aumentam nossa admiração por esses jogadores.

Na lista dos maiores vencedores de Grand Slam de todos os tempos, entre os homens, Roger Federer aparece em primeiro (20), seguido de Rafael Nadal (17) e Novak Djokovic (15). Pete Sampras, há tempos aposentado, aparece na 4º posição, recém superado por Djokovic, que venceu o Aberto da Austrália, primeiro Grand Slam do ano. Assim, não seria um pecado dizer que temos o privilégio de presenciar 3 dos maiores da história em ação simultaneamente. É maravilhoso!

Porém, a idade chega para todos e no caso dos esportistas de grande rendimento isso pesa. Ainda mais se falando do Tênis, um esporte que exige ao máximo dos atletas. Nadal, Federer e Djokovic enfrentaram grandes lesões, que puseram em risco suas carreiras, como um dia pôs fim à carreira do nosso Gustavo Kuerten (aos 32 anos) e agora colocam levaram Murray a anunciar o fim de sua carreira.

Nadal, por exemplo, é uma das maiores vítimas. Sofreu uma grave lesão no joelho em 2012, que o retirou dos Jogos Olímpicos de Londres e do resto daquela temporada, o deixando afastado por quase sete meses. Houve uma lesão nas costas em 2014 e, no mesmo ano, Nadal ainda sentiu o punho direito, ficando longe das quadras por três meses, perdendo várias competições, incluindo o US Open daquele ano. Em 2016, buscando, naquela época, o décimo título de Roland Garros, desistiu da competição devido a uma lesão no pulso esquerdo. Embora tenha voltado antes das olimpíadas e vencido a competição de duplas, após os jogos abandonou o resto da temporada para tratar totalmente da lesão no pulso. Mais recentemente, no final do ano passado, uma lesão no abdômen o deixou fora de algumas competições. O Touro Miúra tem abdicado de participar de vários torneios para evitar o desgaste físico e diminuir as chances de lesões.

Já Djokovic penou com uma grave lesão no cotovelo e teve de ficar um longo período longe das quadras. Quando retornou, sentiu novamente dores e se afastou mais uma vez. O sérvio chegou a declarar que não sente mais as dores, porém afirmou que não se encontra mais no seu auge físico. Se entre 2015 e 2016 foram 5 títulos de Grand Slam. A partir de meados do próprio ano de 2016 o sérvio viveu um hiato de grandes títulos devido à lesão, voltando a vencer um Major no ano passado, em Wimbledon.

Federer também não esteve livre de lesões. A mais recente, no Grand Slam de Wimbledon de 2018, em que o tenista confessou ter jogado com a mão lesionada. Na temporada, assim como tem feito com certa frequência Rafael Nadal, Roger Federer está deixando de disputar várias competições, principalmente no período de disputas no saibro, como forma de se poupar e evitar lesões. Em 2016, o suíço passou pela primeira cirurgia em sua vida: uma artroscopia no joelho, passando quase dois meses longe das quadras.

Esses fatores fazem com que as trajetórias de vários tenistas sejam encurtadas e, agora, como sabemos, foi a vez de Murray, que se confirmar sua retirada, deixará saudades no circuito. Ficamos a pensar quando será a vez dos três grandes: Djokovic, Nadal e Federer. Por maior que seja nossa torcida pela permanência dos tenistas por muito tempo, sabemos que o fator idade, todos com mais de 30 e Federer batendo a porta dos 40, com histórico de lesões que possuem, liga-se o sinal de alerta para nos prepararmos para este momento. 
Nos últimos dias Federer deu uma declaração sobre a aposentadoria de Murray a um jornal australiano. O suíço declarou: "Me tocou muito (o anúncio de retirada). Claro que víamos o Andy com dificuldades em seu quadril por algum tempo. Queremos alguém que esteja feliz em se aposentar, o problema é que não foi a decisão dele e sim do corpo dele que naturalmente doí", concluiu o suíço. 
"Tarbes, França, 2001. Primeira vez que nos encontramos e jogamos. Algo me dizia naquela época que teríamos uma incrível rivalidade e experiências por muitos anos. O que você está fazendo é corajoso e inspirador. Eu me encontrei com você outro dia e não consegui verbalizar a compaixão pelo que você está passando. Como atleta, colega de tênis e amigo, eu respeito e apoio você a cada segundo deste Aberto da Austrália e a cada próxima tentativa de competir no mais alto nível. Aconteça o que acontecer, eu sempre irei apreciar nossas partidas incríveis ao longo dos anos e serei grato por essas experiências. Grande abraço, Andy, continue forte", escreveu Djokovic.... - Veja mais em https://esporte.uol.com.br/tenis/ultimas-noticias/2019/01/13/djoko-homenageia-murray-sempre-irei-apreciar-nossas-partidas-incriveis.htm?cmpid=copiaecola
"Tarbes, França, 2001. Primeira vez que nos encontramos e jogamos. Algo me dizia naquela época que teríamos uma incrível rivalidade e experiências por muitos anos. O que você está fazendo é corajoso e inspirador. Eu me encontrei com você outro dia e não consegui verbalizar a compaixão pelo que você está passando. Como atleta, colega de tênis e amigo, eu respeito e apoio você a cada segundo deste Aberto da Austrália e a cada próxima tentativa de competir no mais alto nível. Aconteça o que acontecer, eu sempre irei apreciar nossas partidas incríveis ao longo dos anos e serei grato por essas experiências. Grande abraço, Andy, continue forte", escreveu Djokovic.... - Veja mais em https://esporte.uol.com.br/tenis/ultimas-noticias/2019/01/13/djoko-homenageia-murray-sempre-irei-apreciar-nossas-partidas-incriveis.htm?cmpid=copiaecola
Novak prestou homenagem ao britânico em suas redes sociais, postando uma foto ao lado de Murray com a seguinte legenda: "Tarbes, França, 2001. Primeira vez que nos encontramos e jogamos. Algo me dizia naquela época que teríamos uma incrível rivalidade e experiência por muitos anos. O que você está fazendo é corajoso e inspirador. Eu me encontrei com você esses dias e não conseguir verbalizar a compaixão que sinto pelo que você está passando. Como, atleta, amigo e colega de tênis, eu respeito e apoio você a cada segundo desse Aberto da Austrália e a cada nova tentativa de competir em alto nível. Aconteça o que acontecer, eu sempre irei apreciar as nossas partidas incríveis ao longo dos anos e serei grato por essas experiências. Grande abrao, Andy. Continue forte", concluiu o número 1 do mundo e campeão do Aberto da Austrália em 2019.

Como não poderia deixar de ser, Nadal também falou sobre a perda para o tênis: "Parabéns ao Andy Murray por todas as suas conquistas ao longo destes anos. Foi ótimo poder jogar contra você neste período. Boa sorte com tudo! Você não sabe o quanto vamos sentir a sua falta! Você é um exemplo de grande atleta e pessoa", finalizou o espanhol.
O big three, que se solidarizou com a situação de Andy, já quebrou diversos paradigmas por se manter no topo da modalidade por tantos anos. Mesmo em uma idade que há tempos era considerada o período de decadência dos tenistas, continuam sem ter outros adversários à altura. Pela temporada que fez no ano de 2016, Murray, neste período de hegemonia total, mesmo já beirando a casa dos trinta anos naquela ocasião, foi o tenista que mais se aproximou de se tornar um adversário mais consistente frente aos melhores do mundo, sonho que foi barrado pelas lesões, as quais, para nosso lamento, culminam no anúncio de sua despedida do esporte. E é imensamente triste, como bem pontuado por Federer, saber que o corpo venceu a vontade e o talento.

Andy Murray já tem o nome cravado na história do tênis, independentemente do que acontece daqui em diante.


Fotos: Divulgação

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