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Surto Opina: O trabalho do COI para manter vivo o interesse das próximas gerações nos Jogos Olímpicos

 
A mudança nos esportes olímpicos é contínua. Geralmente, a cada novo ciclo olímpico, esportes são incluídos no rol olímpico, outros são excluídos (ainda que parcialmente, como o caso de categorias de uma modalidade). Esse movimento fez com que o esporte olímpico se modificasse ao longo de mais de cem anos de história. Hoje, sem sombra de dúvidas, os Jogos Olímpicos são bem diferentes daqueles revividos por Pierre de Coubertin, no final do século XIX. 
Além das modificações nos esportes propriamente ditos, os atletas também são bem diferentes: mais aptos, competitivos e fortes. O equipamento e os locais das provas são infinitamente mais avançados tecnologicamente. 
Dá pra imaginar que o cabo de guerra e a natação subaquática já foram modalidades olímpicas? Atentos à mudança de comportamento e surgimento de novos esportes, o COI decidiu incluir disciplinas modernas e jovens, como o BMX, o basquete 3x3 e o surfe.

"O ritmo da mudança continua a acelerar tanto no esporte quanto na sociedade", explica Franco Carraro, presidente da Comissão do Programa Olímpico, "mas a construção do programa olímpico continua a encontrar um equilíbrio entre as formas tradicionais de esporte e os novos esportes que estão crescendo em popularidade e alcançando novos públicos”.

As mais recentes mudanças no programa olímpico foram anunciadas em julho deste ano, com a adição de novos eventos inovadores e empolgantes para os Jogos Olímpicos de inverno em Pequim/2022, incluindo o monobob e esqui freestyle. 

Muitos dos novos eventos refletem a natureza mutável da sociedade, a natureza mutável da tecnologia e a mudança do papel do esporte na sociedade em geral. Essas mudanças refletem, basicamente, o que está sendo praticado ao redor do globo.

A tendência mais significativa dos últimos anos é o surgimento de esportes urbanos e formatos adaptados, como o BMX freestyle, o skate e o basquete 3x3, todos prontos para entrear no programa olímpico dos Jogos Olímpicos de Tóquio/2020. 

Embora muitos desses eventos e formatos emergentes sejam novos para os Jogos Olímpicos, eles já foram vistos em edições anteriores dos Jogos Olímpicos da Juventude (YOG). O Monobob, por exemplo, apareceu pela primeira vez no Lillehammer/2016, enquanto o basquete 3x3 participou do programa dos Jogos Olímpicos da Juventude desde Cingapura/2010. Mais recentemente, em Buenos Aires, o BMX Freestyle Park fez sua estreia.

Falando em Jogos Olímpicos da Juventude, esta plataforma se tornou um campo de testes para  validar novos formatos esportivos, tornando-se um dos principais objetivos estratégicos para o COI, que espera melhorar cada vez mais o papel desse evento como “uma incubadora para a inovação”, como explica Carraro.

Agora, serão 13 os esportes que ocorreram logo nas Olimpíadas da Juventude para, só então, serem incluídos nos Jogos Olímpicos.

Ao lado de formatos urbanos e mais atritivos aos jovens, as Olimpíadas da Juventude também foram propulsores para a iniciação de eventos de gênero misto, que estão se tornando cada vez mais comuns nos Jogos Olímpicos.

Somente para se ter uma ideia, em Tóquio/2020 haverá 18 eventos mistos - o dobro do Rio/2016. Nos jogos de inverno, em Pequim/2022, serão 9 eventos mistos. A inclusão desses eventos mistos é um passo significativo para alcançar o equilíbrio de 50% entre os sexos nos Jogos Olímpicos e nos Jogos Olímpicos de Inverno, um desejo antigo do COI: liderar o caminho na promoção da igualdade de gênero no esporte.
Desde que as atletas femininas competiram pela primeira vez em Paris em 1900 - antes mesmo de as mulheres terem recebido o direito de voto na maioria dos países do mundo - os Jogos Olímpicos tiveram um papel fundamental na eliminação das barreiras de gênero.

De acordo com Carraro, a crescente participação das mulheres nos Jogos tem sido um dos desenvolvimentos mais importantes nos últimos 50 anos e o marco da plena igualdade de gênero é um alvo importante para o futuro.

“O crescimento da igualdade de gênero no programa olímpico é fundamental para nós”, diz ele. "Ele cresceu consideravelmente desde os primeiros Jogos Olímpicos modernos, e tem sido um foco real das decisões recentes para o programa olímpico. Sabemos que todas as oportunidades que oferecemos para as mulheres nos Jogos Olímpicos têm um impacto contínuo na promoção da igualdade de gênero e nas oportunidades oferecidas a atletas do sexo feminino em todo o mundo".

Mudanças no programa olímpico levarão a uma participação feminina em Tóquio de 48,8% e em Pequim de 45,4%, mas as Olimpíadas da Juventude novamente foi pioneira, alcançando a marca de paridade de gênero já em Buenos Aires, em 2018, e o mesmo acontecendo nos jogos de inverno da juventude, em Lausanne/2020. 
Outro ponto importante para alavancar o interesse das próximas gerações é a flexibilidade para realização dos Jogos. Um exemplo disso está sendo a dificuldade para se definir a sede dos Jogos Olímpicos de inverno de 2026, em que diversas candidaturas já desistiram do intento devido aos vultosos gastos. A promessa é de que as cidades-sede terão maior assistência do governo, do COI e do Movimento Olímpico em geral, além de uma redução geral nos custos e complexidades da entrega dos Jogos.

“Do ponto de vista de um organizador, os jogos do futuro definitivamente serão mais fáceis de organizar”, explica ele. “Haverá uma forte colaboração com o Movimento Olímpico - dos Comitês Olímpicos Nacionais, das Federações Internacionais, do COI - e haverá menos pressão nos primeiros três anos de organização”.

Esses objetivos serão alcançados através da implementação da chamada, em livre tradução, de "Nova Norma" - um conjunto de 118 mudanças, anunciadas em fevereiro de 2018, que reimaginam como os Jogos serão realizados/promovidos.

As 118 medidas apontam para economias que podem ser feitas na organização dos Jogos e cobrem tudo, desde a redução do tamanho dos locais e repensar as opções de transporte, otimização da infraestrutura existente e a reutilização de locais para vários esportes. 

Segundo John Coates, Diretor Executivo responsável pela elaboração da "Nova Norma", "Os Jogos Olímpicos são únicos e eles permanecerão assim. E é um futuro maravilhoso que temos pela frente". 

A paixão pelo esporte se renova e a chama olímpica se mantém cada vez mais acessa.

Foto: Divulgação

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