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Surto Entrevista - Renato Rezende





O jovem Renato Resende de 22 anos é a esperança brasileira no Ciclismo BMX, popularmente conhecido como Bicicross. Renato, que começou  ainda criança no esporte, foi campeão mundial da categoria cruiser aos 19 anos, e aos 21 anos foi aos jogos de Londres e recentemente conseguiu um belo resultado na etapa da copa do mundo de BMX, com uma sexta colocação. E ele é o entrevistado da Semana do Surto Olímpico, onde ele fala sobre sua carreira e suas expectativas para os jogos do Rio de Janeiro, em 2016. Confira:


- Quando foi que você começou com o ciclismo BMX? e quando que você viu que poderia ir mais longe com ele?

Eu comecei muito cedo no Bicicross. Eu morava em Poços de Caldas/MG, e aos 7 anos meu pai me levou para brincar no parque municipal da cidade, que tem uma pista de bicicross, no dia seguinte fiz ele me levar com a bike. De cara eu percebi que aquela sensação de pular as rampas de bike era a coisa que mais me dava prazer. Daí em diante isso se tornou a coisa que eu mais gostava de fazer. Tenho lembranças de quando era muito criança e gostava de usar uma capa do Batman enquanto andava de bike, e lembro que gostava de fazer ela ficar tremulando (risos). Quanto a sentir que podia levar o esporte a sério, meu pai e minha mãe foram atletas: Ele é mestre de Jiu-Jitsu e ela foi atleta e treinadora da seleção carioca de ginástica rítmica. Então desde muito novo eu tive o apoio para seguir na carreira.


- O BMX é rápido, e tem alguns acidentes. Qual foi o acidente mais forte que você teve?

É... O BMX ainda está conquistando o público brasileiro, e aqueles que já acompanham podem perceber que é um esporte onde ocorrem muitos acidentes. Não é à toa que é considerado o esporte olímpico mais radical. São oito pilotos em uma pista que chega a ter 10 metros, e os guidões quase encostam uns nos outros. Somando isso à velocidade de mais de 60 km/h que os pilotos atingem, os acidentes por vezes são inevitáveis. Não só eu, mas todos os pilotos estão acostumados às quedas. Já sofri algumas, mas teve uma em que fraturei meu pulso e considero esta a mais forte em minha carreira. 


- Aliás, a sua queda nos jogos foi bem feia. Você chegou a ver depois essa queda?

Cheguei, sim. Como eu disse nas entrevistas durante e após os Jogos Olímpicos, meu estilo de pilotagem é muito arrojado e de muita agressividade. Conquistei minha vaga para os Jogos assim, e não poderia ser diferente quando eu estivesse lá. São ossos do ofício de um atleta. 

- E como foi ir para uma Olimpíada, conviver com atletas de outras modalidades?

Desde a preparação para os Jogos de Londres eu já tinha comigo que seria uma grande oportunidade para adquirir experiência. Eu estava com 21 anos e sabia que era importante ter esse convívio com outros atletas, sentir o que era estar nos Jogos Olímpicos. Tudo isso faz parte de uma preparação para a realização do meu maior sonho, que é ter chances reais de medalha no Rio de Janeiro em 2016. Então foi excelente viver essa experiência. Era estranho quando eu cheguei, pois descia para tomar café e dava de cara com atletas que eu acompanhava pela televisão. Depois de algum tempo a gente se acostuma. 


- E tirando a sua queda, o que você achou de sua atuação nos jogos de Londres?

Como eu disse antes, as quedas no BMX são obstáculos que todos os pilotos já estão acostumados a ter que superar. O próprio Maris Strombergs, que é bi-campeão olímpico da modalidade passou boa parte do ano de 2012 se recuperando de uma queda. Infelizmente a queda abreviou minha participação, mas a experiência foi muito proveitosa. Tudo que fazemos pela primeira vez nos deixa ansiosos, com medo do desconhecido. E se eu conseguir chegar bem nos Jogos do Rio em 2016, terei superado essa sensação, e me sentirei mais seguro para brigar por uma medalha. 


- Você foi campeão mundial de BMX Cruiser em 2010. conta como foi essa conquista.

Bem, foi uma das maiores emoções da minha vida. Foi a minha primeira participação em um Mundial na categoria elite, e logo de cara eu consegui ser campeão. A vida de um atleta é feita de vitórias, e cada conquista é importante para o reconhecimento e o aumento da nossa auto-confiança. 


- E qual a diferença entre o BMX cruiser e o disputado nos jogos de Londres?

Não existe mais a categoria Elite cruiser, a ultima edição foi em 2010, quando fui campeão. A diferença é na bike: A Cruiser tem o aro 24 e a Olímpica aro 20.

- E como será a sua preparação nesse ciclo olímpico Londres/Rio? quais serão os principais eventos que você pretende disputar?

Bem, eu disputo campeonatos estaduais, regionais, nacionais e internacionais. O mais importante é o SX World Cup, que acabou de ter a primeira etapa em Manchester, na Inglaterra. Eu tive a felicidade de ser o primeiro atleta brasileiro a chegar numa final, e acabei na 6ª colocação, o que é um enorme orgulho pra mim. Ainda teremos mais 3 etapas esse ano, e a próxima será na Argentina nos dias 10 e 11 do mês que vem. Depois teremos etapas em Papendal (Holanda) e Chula Vista (EUA). 




Quanto à preparação, eu me dedico muito a esta parte. Tenho um treinador que acompanha meu dia-a-dia, o Daniel Jorge, e treino basicamente em dois períodos. Com a bicicleta eu treino sprints, largada, técnica, estrada. Também faço treinos de musculação e funcional. Tenho uma nutricionista que cuida da minha alimentação, me preocupo com meu sono e descanso, nunca bebi, nunca fumei e sequer tomei refrigerante. Vivo cada dia em dedicação ao esporte.


- Você também já se aventurou como comentarista do BMX nos jogos de Pequim na Sportv. Como foi a experiência?

Era a primeira edição dos Jogos Olímpicos em que teríamos o BMX, e fui chamado para comentar. Foi uma experiência diferente e engrandecedora. Tenho muito prazer em mostrar ao público como funciona o BMX, e acredito que é um esporte que tem muito potencial. 


- Seu irmão Eduardo também pratica o BMX. como é ter um 'rival' assim tão próximo?

É maravilhoso ter o Eduardo como meu rival. Não só ele, como o Leonardo, meu irmão mais novo que também é praticante. Eu que sempre incentivei eles a praticarem o BMX. A princípio era para que eu tivesse companhia e ajuda para os treinos (risos). Mas nós temos um relacionamento muito forte, e eles são muito talentosos. Espero que eles possam seguir meus passos, e mesmo se um deles vier a me superar um dia eu sentirei muito orgulho de nossa família. 


- Mesmo faltando muito, quais são suas expectativas para os jogos do Rio em 2016?

O Brasil vem preparando uma estrutura maravilhosa para os Jogos de 2016. Ainda não começamos a desfrutar de todos os projetos que vêm sendo feitos, mas comparado à época em que comecei, já estamos muitos passos à frente. E a maneira que tenho de retribuir essa confiança no meu potencial é treinando duro diariamente e me esforçar em cada competição. Por isso tenho muita fé que poderei tornar o sonho de ser medalhista realidade. Se tudo correr bem na caminhada até 2016, espero dar muito orgulho para todos que torcem por mim. 


- Gostaria que você deixasse um recado para os leitores do Surto Olímpico.

Primeiramente, muito obrigado pelo espaço e pelo interesse em minha entrevista. Depois, queria mandar um abraço a todos os leitores, e dizer a eles que acompanhem o BMX, que é um esporte muito bacana de ser assistido. Espero poder trazer uma medalha nos Jogos de 2016, e retribuir todo o carinho que recebo diariamente de todos vocês. Um abraço, galera!



Fotos: Bike Magazine, Lancenet! e Facebook de Renato Rezende ( https://www.facebook.com/RenatoRezendeRacing )

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