Foto: Dhavid Normando/FVImagem/CBTM |
A mais jovem mesa-tenista da delegação brasileira nos Jogos Paralímpicos de Paris é uma atleta de imenso talento e destemida, que tem tudo para chegar ao pódio na competição - quem sabe, subindo ao degrau mais alto. Seu nome é Sophia Kelmer, uma carioca de apenas 16 anos - em quem vale a pena apostar.
Tetracampeã brasileira individual na classe 8, campeã individual e de duplas femininas no Parapan de Jovens, em Bogotá-COL, medalhista de prata no individual feminino e de bronze nas duplas femininas e mistas nos Jogos Parapan-Americanos de Santiago-CHI. O pódio é um local que Sophia costuma frequentar.
"É uma emoção gigantesca poder participar dos Jogos Paralímpicos. Estar ao lado de atletas que eu via somente pela televisão é um sonho e um grande orgulho para mim", diz Sophia, que integra a classe 8 e disputará, em Paris, os torneios individual e de duplas femininas (em parceria com Jennyfer Parinos).
Em decorrência de um acidente vascular cerebral intrauterino (na gestação), Sophia nasceu com paralisia cerebral e hemiplegia - não possui controle nem força no lado direito do corpo. A ligação com o esporte é coisa de família: ela conta que seu avô foi um dos condutores da Tocha Olímpica nos Jogos de 2016, no Rio.
"O esporte sempre esteve muito presente na minha vida, e o ping-pong era uma dessas modalidades que eu gostava de praticar. Também fazia futebol, natação e atletismo. Vários esportes. Foi quando, jogando ping-pong na escola, comecei a ganhar de todos os meninos. Então, os professores me aconselharam a procurar uma escolinha para poder dar prosseguimento ao meu dom e me desenvolver na modalidade", relembra.
Fisioterapia
Sophia sempre nutriu o sonho de ser atleta; desde pequena, era sua vontade. A paralisia cerebral que a vitimou ocorreu após um AVC durante a cesariana de emergência a que sua mãe foi submetida para dar-lhe à luz.
"Sou hemiplégica do lado direito do corpo, e sempre fiz muita fisioterapia para conseguir evoluir. Devo o desenvolvimento que tive à fisioterapia. Minha mãe, inclusive, é fisioterapeuta e foi quem descobriu minha deficiência - junto com o meu avô, que tem a mesma especialidade. Ou seja, digo a todos que nasci na casa certa", afirma Sophia, falando sobre a importância do tênis de mesa no processo.
"O tênis de mesa me ajudou a ser quem sou hoje. Me tornei muito madura, consegui aprender muito com o esporte, que passa grandes valores para nossa vida profissional e pessoal", declara.
Preferências
Quando não está nas mesas treinando ou competindo, Sophia, segundo suas próprias palavras, é uma adolescente como qualquer outra. "Fora do tênis de mesa, sou como as meninas da minha idade. Gosto de ler, praticar outros esportes, de estar com a família. Ou seja, aproveitar os bons momentos da vida", diz.
Indagada sobre seu prato preferido, Sophia aponta o macarrão. Sobre seus gostos musicais, revela que gosta de ouvir pagode (como vários outros atletas da modalidade que também estarão em Paris) e pop internacional - deste estilo, cita "Girls on Fire", de Alicia Keys.
"Aprendi a gostar de pagode com a seleção brasileira de tênis de mesa. De tanto conviver com eles, desenvolvi esse gosto musical. Principalmente com a Cátia (Oliveira), que está sempre ouvindo um pagodinho", conta, bem-humorada.
O grande sonho de Sophia não é difícil de adivinhar: ser campeã paralímpica. Com apenas 16 anos, ela terá sua primeira chance para realizá-lo e fala sobre o que significa estar em Paris defendendo o Brasil.
"Paris é um sonho para mim. Sempre sonhei em poder representar o meu país, que é uma nação imensa e tem tantas pessoas. Viver tudo isso é algo mágico, e minhas expectativas são as melhores possíveis. Quero aproveitar cada momento. Sei que, se Deus quiser, poderei participar de outras edições, mas a primeira, com certeza, é a mais emocionante. E, quem sabe, trazer uma medalha para o Brasil", conclui.
0 Comentários