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Conheça Wanderson de Oliveira, o "Shuga", o pugilista brasileiro que vai para cima de sua primeira medalha olímpica em Paris 2024

Conheça "Shuga", pugilista brasileiro que vai para cima de sua primeira medalha olímpica em Paris 2024.
Foto: Divulgação/COB

Os quatro representantes brasileiros no Pré-Olímpico de boxe em Busto Arsizio, Itália, já marcaram presença na cidade para o torneio. Após a realização de três training camps em 2024, realizados na Colômbia, Alemanha e Itália, a equipe brasileira se sente pronta para competir no ringue em busca das cobiçadas vagas para os Jogos Olímpicos de Paris-2024. No total, 633 atletas de 115 nações competirão por 49 lugares disponíveis no evento. Entre os competidores está Wanderson de Oliveira, conhecido como Shuga, competidor na categoria até 71kg e medalhista de bronze no Campeonato Mundial de 2023.

Cria do Complexo da Maré, no Rio de Janeiro Wanderson teve sua infância como a da grande maioria dos garotos brasileiros, tendo maior contato com o futebol: “Toda criança só joga bola. Eu ia para o clube de futebol direto”, contou o atleta. O boxe surgiu por acaso em sua vida. “Teve um dia que eu estava jogando bola do lado do Luta pela Paz, uma associação na Maré. Entrei só para beber água e estava lá um colega meu batendo saco. Ele era meu ‘rival’, então eu e meus amigos pensamos ‘por isso ele é marrento, ele é lutador!’. Foi ai que eu resolvi que ia treinar lá em outro horário, para pegar ele de surpresa”, relembrou nostálgico o boxeador. “Nunca pensei que fosse lutar boxe.”

Mas o que foi motivado por uma rivalidade de rua, acabou por tornar-se a vida de Wanderson. Ele convenceu a mãe a deixá-lo treinar e assim começou. “O pessoal da associação explicou pra minha mãe que se eu treinasse lá, eu não ia mais poder brigar na rua. Era tudo certinho”. Mas a luta com o rival de Wanderson nunca aconteceu. “Depois de uns três meses treinando eu falei para o meu treinador, Gibi: ‘deixa eu treinar com aquele moleque lá!’, foi então que ele me respondeu: ‘ele não treina mais’ e eu fiquei sem a minha revanche. Mas o Gibi viu que eu queria lutar de verdade e começou a me inscrever em eventos, já aos 12 anos.”

Sua primeira viagem para fora do Rio de Janeiro foi para São Paulo, justamente para lutar. “Nunca imaginei que um dia ia para São Paulo. Eu imaginava que ia estudar bastante, arranjar um trabalho bom e viajar por conta própria. Então jamais pensei que o esporte fosse me proporcionar isso”.

É típico no mundo do boxe que lutadores adquiram apelidos que os acompanham durante sua trajetória nos ringues. Wanderson não foi exceção, ganhando o seu apelido logo no início de sua carreira como pugilista: “Meu treinador me deu o nome Shuga. Eu fazia muitos sparrings na academia quando tinha de 12 a 14 anos. E rolava muita rivalidade. Na época era eu e mais sete atletas, lutando entre si. E eu agia muito igual o Sugar Ray Leonard (ex-pugilista americano), mas eu não conhecia ele, já que eu era muito novo. O meu treinador que me apresentou ele, Foi ai que virei o Shuga”, contou o brasileiro.

Shuga mostrou talento e chamou a atenção da comissão técnica da seleção brasileira. “Cheguei na equipe dia 6 de março de 2017, nunca vou esquecer”, confessou o atleta. Mas no ano anterior, antes de integrar a nata do boxe nacional, Wanderson passou por momentos de superação. “Eu já tinha sido campeão brasileiro três vezes, mas não tinha oportunidades na seleção, eu queria parar de lutar. Foi aí que o exército me chamou. Eu conversei com a minha mãe, que pensava em parar, que existia outras formas de ganhar dinheiro. Mas meu treinador me incentivou. E acabei vencendo o Brasileiro e chamei a atenção do Exército. Foi aí que entrei e no ano seguinte me chamaram para a seleção”, explicou Wanderson. Ao ingressar na Equipe Olímpica Permanente, a mentalidade de Shuga mudou completamente. “Depois que cheguei na seleção eu comecei a entender o que precisava fazer para subir o meu nível de boxe. Desde o primeiro dia aqui eu me dediquei e eu me dediquei cada vez mais. Nunca deixei falhar nem em treino, nem em sparring, nem em lutas”, declarou.

Wanderson de Oliveira conquistou seu lugar na equipe nacional e alcançou o auge que todo atleta de elite aspira: participar dos Jogos Olímpicos. Foi um dos sete pugilistas a representar o Brasil em Tóquio-2020, ocasião em que o boxe se destacou como o principal contribuinte para o desempenho brasileiro no Japão, trazendo para casa uma medalha de ouro, uma de prata e uma de bronze. “Foi uma coisa surreal, fora do mundo! É o sonho de qualquer atleta”, relembrou o boxeador. Para ele, chegar nos Jogos foi tão emocionante que o fez se perder, mas que logo voltou a se concentrar e focar na medalha. “A primeira vez que você chega numa Olimpíada você fica abobalhado, acho que todo mundo fica. Mas meu sabia que isso ia acontecer, então não usei mais o celular até a última luta. Eu mantive foco na medalha”, analisou.

A campanha olímpica de Wanderson foi bastante sólida, parando apenas na luta da medalha, nas quartas de final, quando encontrou então bicampeão mundial Andy Cruz, de Cuba. “Não peguei medalha porque o adversário foi superior. Na época, eu e eles estávamos muito bem, num nível muito alto”. A luta acabou vencida por Cruz por decisão dividida e Shuga voltou sem pódio para casa. “Meu jogo não se encaixou com o do Andy, foi uma luta equilibrada, mas a luta acabou indo para ele”. Mesmo assim, o resultado foi um combustível para o brasileiro continuar treinando para buscar vaga para Paris-2024, para, enfim, conquistar o pódio olímpico, como o lutador tanto anseia. “Vou buscar a vaga para Paris e quero essa medalha. Agora vou com tudo!”, declarou o pugilista confiante.

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