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Foto: Divulgação Instagram Anderson Melo |
A CBV (Confederação Brasileira de Voleibol) anunciou neste sábado (16) que abrirá um boletim de ocorrência e encaminhará denúncia ao Ministério Público sobre os ataque homofóbicos sofridos pelo atleta Anderson Melo na quinta-feira durante a etapa de Recife do Circuito Brasileiro de vôlei de praia.
Durante uma das partidas disputadas por Anderson e sua dupla, Lyan, era possível ouvir torcedores gritando termos perjorativos para Anderson, como "Saca naquela bicha". Em nenhum momento a partida foi interrompida.
Homofobia é crime! Com muita tristeza, acompanhamos o relato do jogador Anderson Melo, que sofreu diversos ataques durante partida do Circuito Brasileiro.
— Melhor do Volei (@MelhordoVolei) March 16, 2024
Minutos seguidos de xingamentos, desdém e atos criminosos. Não são torcedores e, sim, pessoas desprezíveis. pic.twitter.com/Dwebw0gMQz
De acordo com a CBV, foi realizada uma conversa com a arbitragem e as imagens da partida foram revistas para que a denúncia fosse realizada. Desde sexta, a organização do torneio emite mensagens antes dos jogos da quadra central, ressaltando que homofobia e racismo são crimes.
“Atenção, torcedores! Racismo, homofobia e outros atos discriminatórios são crime, e não podem fazer parte dos eventos do voleibol brasileiro. Manifestações como as ocorridas nas quadras externas não podem se repetir. Esporte é diversidade, tolerância, respeito e inclusão! E respeito é um dos maiores valores que o esporte ensina! Vamos torcer com paixão! O voleibol por um mundo sem preconceito e discriminação!”, diz o aviso.
A Confederação lamentou que Anderson tenha sido vítima de atos discriminatórios e que não admite qualquer tipo de preconceito. Por sua vez, Anderson se pronunciou em suas redes sociais. Confira o que disse a vítima:
"Não sei se vão ler meu texto todo por não ser um atleta conhecido mundialmente, não sei se serei ouvido como gostaria, eu só sei que estou sem chão e pela primeira vez tiraram meu sorriso e as palavras, mas vou tentar.
Demorei a escrever porque eu precisava digerir o que aconteceu naquela quadra, no ambiente que mais amo estar sofri ataques homofóbicos continuadamente e pela primeira vez na vida não consegui reagir. Eu não estava acreditando no que estava acontecendo e eu só lembrava da minha mãe, o quanto ela tinha medo de me ver sofrer por ser homossexual. E infelizmente ela não estava aqui para me proteger e nem ninguém. Me senti completamente acuado e sem entender porque as pessoas estavam fazendo aquilo. Um ambiente feito para as pessoas apreciarem os atletas, torcer para seus favoritos é claro, mas não necessariamente tentar diminuir, xingar, debochar ou tentar ridicularizar alguém.
Perdi o chão. Perdi a bola. Perdi o jogo. Mas não a minha força em estar aqui dividindo com vocês um crime explícito.
Fiz o boletim de ocorrência e ainda não sei quais serão os próximos passos.
Mas com certeza o primeiro pós delegacia é me recompor como atleta, como cidadão e me orgulhar do filho que minha mãe criou com tanto amor. Eu tenho muito orgulho de ser quem eu sou, do jeito que sou e assim como eu todos tem o direito de serem respeitados. Faço um apelo para que este assunto não fique em vão, faço um apelo para as autoridades locais, a CBV, aos meus fãs e amigos para que isso não se repita com mais ninguém.
Que Deus e minha mãezinha me abençoe para este pesadelo não durar mais tantas noites e tantos dias"
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