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Surto Opina: o raio-x da vergonha do Brasil na Copa do Mundo feminina de futebol

Foto: AP



Na nossa incansável busca por culpados em toda e qualquer derrota esportiva, o maior fiasco do futebol feminino brasileiro em sua história é um prato cheio. A comissão técnica traiu suas próprias convicções justamente na hora decisiva e as atletas sentiram o peso que um resultado adverso poderia causar a um Brasil que chegou ao mundial como um dos candidatos a surpreender. Mentalmente, a seleção fez um confronto apático contra a Jamaica. E isso se refletiu no aspecto técnico, o que não é surpresa. É difícil, aliás, dizer qual desses dois pontos foi mais determinante para o vexame nacional neste 02 de Agosto.

Não era pedir demais, já que o time de Pia precisava somente de uma vitória simples contra as caribenhas. Isso após fazer uma reta final de ciclo segura e com uma equipe que, apostava-se, era capaz até mesmo de superar a França e terminar o Grupo F como líder. Ser eliminado já de cara era algo fora de cogitação. O Brasil venceria. Até jogando mal e com um time modificado, mas daria um jeito de vencer panamenhas e jamaicanas e avançar. O real problema seria encarar a Alemanha – ainda que o desempenho recente das europeias abrisse margem até mesmo para uma surpresa.

Agora, pensar o mundial como algo isolado do contexto geral do ciclo soa injusto. É preciso retomar alguns pontos importantes. Em torneios internacionais dentro desses quatro anos, o Brasil foi eliminado pelo Canadá em uma Olimpíada equilibrada e que havia dado a impressão de que a seleção poderia ter ido mais longe. Fiasco? Não. Mas que nos deixou alguns avisos importantes sobre a demora da comissão técnica para realizar alterações. Já a Copa América vencida em solo colombiano é praticamente uma conquista obrigatória à seleção. Ainda mais pelo rendimento sul-americano na própria Copa do Mundo e também no playoff desta.

Assim como a equipe de Pia Sundhage tropeçou na Jamaica e a Argentina terminou na lanterna de seu grupo (de maior dificuldade, é verdade), vale lembrar que o Paraguai perdeu para o Panamá e o Chile foi derrotado pelo Haiti ainda na repescagem intercontinental. Somente a Colômbia realmente correspondeu (e vem correspondendo) em um cenário de maior relevância global. Ou seja: ter como parâmetro o domínio total da competição sul-americana não retrata automaticamente (e atualmente) que o país esteja pronto para frequentar postos mais altos a nível internacional. É preciso apresentar isso em grandes cenários.

Algo que o Brasil fez. Venceu a Alemanha dentro da Alemanha e empatou com a Inglaterra com um bom rendimento em um dos tempos, elevando seu patamar. Não com o status de favorita ao título, algo que o time não chegou a ostentar apesar dos bons resultados e as atuações convincentes neste ano de 2023. Mas a história da seleção, ainda que sem conquistas olímpicas ou de Copas do Mundo, gera uma atenção especial. E, em um mundial equilibrado e que não contava com uma seleção muito acima das demais, o time de Pia era um dos concorrentes à espreita.

Todavia, o grande ponto aqui é que o jogo contra a Jamaica não exigia um futebol tão vistoso ou um currículo tão vasto. Só era necessário um golzinho. Não se pedia uma atuação como a da Inglaterra diante da China no primeiro dia de Agosto. Sabendo se reinventar após perder cinco titulares do time que venceu a Eurocopa no ano passado, Sarina Wiegman armou um time capaz de dar espetáculo e que atropelou as campeãs asiáticas com o placar de 6x1. Esse é um ponto importante, pois as europeias se reinventaram e enfim estrearam na Copa com os dois pés na porta por conta de uma alteração tática. O 4-3-3 não está funcionando? Tentemos o 3-5-2. A equipe vai com outra cara para a fase final.

E o que se viu do Brasil dentro do mundial? Uma equipe sem alternativas táticas para o que os duelos pediam. Talento individual é inegável que a seleção tem. Mas como não conseguir nada ou quase nada durante mais ou menos 60 minutos de jogo com as atletas que estão na Copa? A convocação foi realmente ruim a ponto de não existirem jogadoras capazes de aumentar o ímpeto brasileiro em um duelo contra a Jamaica? Diga-se: seleção essa que se defendeu bem diante da França e mostrou organização e concentração atrás durante as três partidas. O ponto aqui é a necessidade do jogo. Quem realmente precisava mais da vitória nessa terceira rodada? Quem tinha mais a apresentar?

Era tudo ou nada para o Brasil, amplo favorito. E aqui é preciso dividir a parcela do fiasco com as atletas que estiveram em campo. Cobre-se Pia pelo que é de Pia. Mas as escolhidas para irem a campo poderiam e deveriam ter mostrado mais. O primeiro tempo foi razoavelmente aceitável, mas a partida pedia mais. Se não era o dia no quesito da habilidade, o que deveria ter se sobressaído era a imposição. O Brasil era mais time do que a Jamaica às 7h da manhã de hoje e continuará sendo às 7h de quinta-feira mesmo com a eliminação precoce.

A ótima estreia contra o Panamá encantou e teve um Brasil leve em campo e que soube se impor como poucas seleções favoritas haviam conseguido em suas estreias no mundial até aquele momento. Os erros cometidos contra a França (em partida de outra exigência em matéria de estratégia de jogo) recolocaram a seleção num ambiente de pressão para um duelo onde era a óbvia favorita e precisaria vencer. "Que se coloque Marta em campo", mesmo que suas reais condições de jogo fossem incertas. A craque, aliás, ainda seria um dos maiores destaques dessa atuação pobre da seleção, fazendo companhia à Rafaelle e Kerolin e não se escondendo da partida enquanto o estágio físico permitiu.

E não soa correto dizer que as atletas mais jovens sentiram a pressão de um mundial. Ary Borges estreou voando e teve seus bons momentos individuais nos outros dois confrontos. Kerolin, como dito, foi uma das mais regulares jogadoras da seleção brasileira dentro da Copa. Nesse mar de ansiedade e desorganização que foi o Brasil no duelo ante a Jamaica, ela seria uma ilha de solidez e consciência no centro do campo. E tem também o caso Bruninha, que foi bem quando chamada e merecia mais minutos dentro do mundial. Seu desaparecimento em cenários onde a seleção precisava buscar o ataque é muito estranho a partir da momento em que improvisar uma zagueira se tornou a alternativa principal.

Reformulação total do grupo resolverá o problema para as competições que virão por ai? Talvez sim, talvez não. Mudar a comissão técnica adicionará o que faltou ao elenco nesse mundial? Não se sabe. A lição que fica é que mais talento do que o do adversário já não é suficiente. Cada vez mais o menor dos detalhes faz a diferença no futebol. A preparação do Brasil no geral foi muito melhor em comparação a ciclos anteriores, mas não se mostrou à altura para superar a atual 3ª colocada da CONCACAF – e com sua craque longe das melhores condições físicas. Não foi por falta de talento individual, e essa é a única certeza que a campanha nacional na Copa nos dá.

1 Comentários

  1. O presidente da CBF Ednaldo Rodrigues já coleciona 2 fracassos desde q assumiu,perdeu o mundial sub 20 qdo colocou um tecnico q mais colecionou derrotas nos times q passou e agora no mundial feminino,no programa show do esporte ele disse q não colocaria Dorival Jr como tecnico da seleção para não prejudicar equipes filiadas a CBF mas colocou Fernando Diniz do Fluminense e tá pagando muito pau pra esse Ancelloti,perigoso o Brasil fracassar tambem na proxima copa da America Do Norte

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