O presidente da Federação Ucraniana de Esgrima (UFF), Mikhail Ilyashev, pediu que o delegado técnico, que está no centro da polêmica desqualificação da atleta da Ucrânia, Olha Kharlan, renuncie. As alegações se baseiam nas imagens que supostamente indicariam que ele foi influenciado pela Rússia para desqualificar a ucraniana no Campeonato Mundial de Esgrima.
Kharlan havia derrotado a russa Anna Smirnova na competição individual de sabre feminino em Milão, no mês passado, mas acabou por ser desclassificada pela Federação Internacional de Esgrima ao se recusar a apertar a mão de sua adversária, que competia como neutra.
A quatro vezes medalhista olímpica recebeu um cartão preto - a penalidade mais grave na esgrima, que a teria tirado da competição por equipes e resultaria em uma suspensão de 60 dias. Posteriormente, a FIE decidiu suspender a punição após um recurso da UFF. A FIE disse que a punição estava "em total conformidade" com suas regras, no entanto, admitiu que uma decisão de readmitir Kharlan estaria "de acordo com o espírito olímpico".
A UFF continua revoltada com as ações de Dieter Lammer, chefe da diretoria técnica do Mundial que emitiu o cartão preto. Um vídeo surgiu nas redes sociais que supostamente mostra o oficial alemão recebendo uma ligação de Aleksei Tikhomirov, técnico do Smirnova, antes de devolvê-lo.
Anton Gerashchenko, um conselheiro do Ministro de Assuntos Internos da Ucrânia, postou o clipe de 25 segundos no Twitter , alegando que era "evidência de pressão russa" para desqualificar Kharlan, já que o telefonema supostamente apareceu antes de Lammer apresentar o cartão preto. Ilyashev também questionou as ações de Lammer antes de aplicar a pena da ucraniana e pediu que ele renunciasse.
A video appeared that sheds more light on the scandal with the disqualification of Ukrainian fencer Olga Kharlan last week. The video provides evidence of Russian pressure on the decision to disqualify Ms Kharlan.
— Anton Gerashchenko (@Gerashchenko_en) July 31, 2023
The decision to disqualify Olga was made after Aleksei… pic.twitter.com/ebjNYWlBm4
"No vídeo, vemos que o Sr. Lammer está falando com alguém usando o telefone dado a ele pelo técnico de Anna Smirnova e ele atuava na qualidade de chefe da direção técnica das competições. O que vamos pensar? Imagine a situação em que o juiz na sala do tribunal pega o telefone do representante da parte e fala com alguém. A partir deste momento tal juiz não é confiável e deve renunciar. O mesmo se aplica a Dieter Lammer em nossa opinião", disse Ilyashev.
Depois que Kharlan estendeu seu sabre em vez de apertar a mão de Smirnova, a esgrimista russa lançou um protesto e permaneceu na pista por cerca de 50 minutos antes de seu oponente ucraniano ser desclassificado. Kharlan afirma ter recebido garantias do presidente interino da FIE, Emmanuel Katsiadakis, de que um toque de sabre seria suficiente após a partida contra Smirnova.
"Perguntei a Dieter Lammer quem decidiu dar o cartão preto. Ele respondeu que foi ele quem decidiu. Eu disse que ele não poderia tomar tal decisão, pois tal decisão deveria ser feita pela diretoria técnica que é um órgão colegiado e deveria ser votada. Então Lammer respondeu que era uma decisão da diretoria técnica", disse Ilyashev.
O presidente da UFF afirma que solicitou o protocolo com o resultado da votação e a decisão final do colegiado, pois iria apresentar um protesto para contestar a decisão. "Ele negou em dar qualquer protocolo. Também pedi para suspender a decisão pelo período de apreciação do nosso protesto e ele negou."
O ministro dos Esportes da Rússia, Oleg Matytsin, em entrevista à agência oficial de notícias estatal da Rússia, TASS, defenceu a atleta russa, Anna Smirnova, alegando que os atletas devem ter direitos iguais e, seguir as regras das Federações Internacionais.
"Anna Smirnova fez uma ação honesta no espírito dos verdadeiros valores desportivos, mostrou respeito pelas regras e pelo seu adversário, ficando após o fim do combate à espera de um aperto de mão. Em tal situação, é inaceitável chamar as ações da atleta russa de provocativas e iniciar mudanças nas regras para atender a requisitos discriminatórios", declarou Matytsin.
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