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Judô investe em tranquilidade e isolamento para se manter no pódio olímpico


A primeira medalha do judô brasileiro foi conquistada em Munique 1972 com Chiaki Ishii. A segunda veio só em Los Angeles 1984. Mas de lá para cá, a modalidade nunca mais ficou fora do pódio olímpico. Mais do que isso, teve quatro ouros olímpicos com Aurélio Miguel, Rogério Sampaio, Sarah Menezes e Rafaela Silva e um total de 22 medalhas. Em coletiva de imprensa no Canal Olímpico do Brasil nesta quinta-feira, 15, Eric Takabatake, estreantes em Jogos Olímpicos, e primeiro judoca do Brasil a competir no lendário Nippon Budokan, afirmou que a tradição de medalhas não gera pressão adicional, pelo contrário.

“A maioria das pessoas veem como uma pressão, mas eu vejo isso como uma inspiração. Vejo como algo que é possível. Lembro bem de Londres 2012, assisti na TV, e me recordo do (Felipe) Kitadai conquistar medalha. Pra mim foi incrível! Era um cara que eu treinava junto e ele está ali, medalhando na Olimpíada e ganhando de medalhistas mundiais. Então, pra mim, eu levo isso como inspiração. O judô ter esse retrospecto positivo de medalhas nos Jogos, só me deixa mais esperançoso de saber que é possível e espero, se Deus quiser, trazer a minha também”, disse Eric.

Em Tóquio 2020, o Comitê Olímpico do Brasil (COB) e a Confederação Brasileira de Judô (CBJ) encontraram em Hamamatsu, a cidade mais brasileira do Japão e que fica a 250km da capital japonesa, o local ideal para se manter na senda das conquistas.

“Algumas ações até nos chatearam pelo rigor, mas parece que o hotel é só nosso, porque a gente não pode nem tocar o botão do elevador, tem todo um ritual de sair do ônibus (só sai de 5 em 5), o local de treinamento não tem absolutamente ninguém lá, a gente fica fechado como se tivesse numa redoma, com as pessoas do lado de fora, olhando pelo vidro. Os anfitriões têm sido incansáveis em dar maior segurança pra gente. Isso me dá muita tranquilidade para seguir pensando no que realmente importa que é a aclimatação para os Jogos”, disse Ney Wilson, chefe da equipe de judô nos Jogos Tóquio 2020, Rio 2016, Londres 2012, Pequim 2008 e Atenas 2004 e técnico da equipe em Atlanta 1996.

Nesta quinta, 15, chegam ao Japão os últimos sete judocas olímpicos que ainda estavam no Brasil. O protocolo passa a ser ainda mais rígido, evitando qualquer contato entre os grupos no primeiro momento. “Estabelecemos protocolos internos para que eles não tenham contato com os outros atletas que já estavam aqui. Os grupos só se juntam na próxima segunda-feira, 19, depois de quatro dias. Treinos, alimentação e testagem serão em horários diferentes para poder gerar segurança para os que já estavam aqui e também para os que chegaram de viagem. Manter a segurança para focar apenas no judô”, completou Ney.

Para isso, além dos 13 atletas convocados para os Jogos na modalidade, o judô terá mais 22 atletas como apoio. A maioria pertence ao grupo de jovens promissores ou de atletas de alto nível que disputaram a vaga olímpico com os titulares neste ciclo olímpico. Papel que já foi de Gabriela Chibana, que ao lado de Takabatake, será a primeira judoca a lutar nos Jogos, no próximo dia 24.

“Grande honra em ser sparing da Sarah Menezes no Rio e em Londres. É o princípio do jita-kyoei, o benefício mútuo: numa hora você ajuda, na outra é ajudado. Vê-la ganhar uma medalha me permitiu ver que esse sonho era possível. E agora eu tenho a oportunidade de ter outras meninas me ajudando e espero ser inspiração para elas também”, analisou Chibana.

Um dos responsáveis pela tradição de medalhas é Rafael Silva, o Baby, bronze nos Jogos Olímpicos Londres 2012 e Rio 2016. Mas o peso-pesado que travou uma das lutas mais duras pela conquista da vaga, acredita que precisa ser um “Rafael” diferente para subir um ou dois degraus no pódio.

“Eu acho que é uma jornada inteira pensando no ciclo olímpico. O que tenho pra dizer é que eu treinei muito e o Rafael que vai lutar essa Olimpíada tem que estar mais bem disposto que o Rafael dos outros Jogos. São adversários diferentes, muitos subiram do 100kg pro pesado e são muito dinâmicos. Eu treinei bem, estudei todos os adversários e acho que estou numa ascendente muito boa nas competições. Nas duas últimas Olimpíadas eu perdi nas quartas-de-final e é um trabalho muito intenso para mudar a cor da medalha, mas eu quero mesmo é estar bem e poder dar o meu melhor no dia da competição”, analisou Baby.

Foto: COB/Gaspar Nóbrega

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