Única nação sul-americana em que o inglês é o idioma oficial, a República Coopertiva da Guiana é lar de nove tribos indígenas, que dominaram o território antes da chegada dos neerlandeses, em meados do século XVI. Os ´viajantes´ dos Países Baixos criaram e promoveram três colônias (Demerara, Essequiba e Berbice), que entre o final do século XVIII e início do XIX, foram unificadas e passaram a ser controladas pelos britânicos. Assim então, foi criada a Guiana Britânica.
Mas claro, assim como outros países da América dos Sul, a Guiana também passou por conflitos. A Venezuela, que conquistou sua independência em 1824, passou muitos anos reivindicando uma área da Guiana, a oeste do Rio Essequiba. Simón Bolívar escreveu uma carta aos britânicos, alertando sobre colonos que teriam se estabelecido ‘roubando’ terras venezuelanas.
Em 1899, o caso foi parar num tribunal internacional, que decidiu a favor dos britânicos, mantendo a área requerida pela Venezuela, com a Guiana.
A política na Guiana também chama atenção, devido sua constante turbulência. O primeiro partido moderno do país foi o Partido Popular Progressista (PPP), formado em 1950. Rapidamente o grupo ganhou influência e obteve 18 dos 24 assentos na primeira eleição parlamentar permitida pelo governo colonial, ocorrida em 1953.
Mas essa popularidade durou pouco, já que os britânicos cancelaram a constituição e enviaram soldados à colônia, temendo que a Guiana se transformasse em um território comunista. Outra eleição foi permitida pela coroa, com vitória de Cheddi Jagan, o 1º primeiro-ministro da Guiana Britânica.
O governo de Jagan foi fundamental para a proclamação da independência guianesa, ja que ele conduziu tratativas com os britânicos, que concordaram em declarar a colônia autônoma, mas apenas após uma nova eleição, com representatividade proporcional sendo introduzida. Assim, a Guiana conquistou sua independência em 1966 e tornou-se uma república quatro anos depois.
A história olímpica da Guiana e o bronze no meio da crise política
Antes de ser um país independente, a Guiana já disputava edições de Jogos Olímpicos. Tudo começou com Londres-1948, onde claro, não poderia ficar de fora, principalmente por ser uma colônia britânica. Seu comitê olímpico ganhou reconhecimento pouco tempo antes do evento, possibilitando a participação de quatro atletas guianenses, todos homens.
Charles Thompson (100m rasos, salto em distância e salto triplo), Laddie Lewis (ciclismo de estrada e ciclismo de pista - sprint e contrarrelógio), Alphonso Correia (levantamento de peso) e Orlando Chaves (levantamento de peso), fizeram história ao representar a Guiana Britânica em sua primeira Olimpíada.
Já a primeira mulher guianesa a participar dos Jogos Olímpicos, foi Claudette Masdammer, que disputou as provas de 100m e 200m rasos em Melbourne-1956.
A primeira e única medalha olímpica conquistada por Guiana veio em Moscou-1980, já como uma nação independente. O país vivia um período de tensão, com a criação de uma nova constituição nacional, além do início da supressão de direitos humanos e civis.
Ainda assim, o boxeador Michael Anthony carregou o país nos punhos, venceu três lutas e ficou com o bronze na categoria até 54kg. O pódio na ocasião, foi formado praticamente por países da América Latina.
O cubano Juan Hernandez, que derrotou Anthony na semifinal, ficou com o ouro. A prata foi do venezuelano Bernardo Piñango e o segundo bronze nesta classe ficou com o romeno Dumitru Cipere, único europeu neste pódio.
A Guiana nunca levou mais que de atletas aos Jogos Olímpicos, mas contou com representantes em finais no megaevento. A mais recente foi no salto triplo, durante a Olimpíada do Rio de Janeiro, em 2016. Troy Doris ficou na sétima colocação entre 12 finalistas, após alcançar a marca de 16,90 em seu penúltimo salto.
Foto: Reprodução/Straboek News |
Até o momento, a Guiana tem apenas uma atleta classificada para os Jogos Olímpicos de Tóquio. Alyiah Abrams conquistou sua qualificação na prova dos 400 metros.
Esportes populares na Guiana
+ Críquete
O esporte mais popular no país que fica ao norte do Brasil é o críquete. A Guiana não tem um time próprio, pois faz parte da seleção das Índias Ocidentais, equipe de muito sucesso na modalidade é que já citada aqui na Parada das Nações, na edição de Antígua e Barbuda.
O país já recebeu até mesmo jogos da Copa do Mundo de Críquete, em 2007, no Providence Stadium, arena para 15 mil pessoas, construída a tempo para o evento. Outros sete países, que ajudam a formar a seleção das Índias Ocidentais, sediaram o torneio, que terminou com o título da Austrália.
Vale sempre lembrar, que a equipe de críquete das Índias Ocidentais tem dois títulos da Copa do mundo masculinas modalidade, no formato ODI (jogo de um dia) e outros dois troféus de campeã no modelo T20, com partidas que duram entre três e quatro horas.
+ Futebol
Algumas vertentes da história do futebol guianense são interessantes. Partindo pelo fato de que apesar da Guiana ser um país sul-americano, sua seleção nacional disputa os torneios da Concacaf (América Central, Caribe e do Norte) devido ao acordo feito com a Federação Internacional de Futebol (FIFA).
A entidade considerou que as chances de desenvolver a modalidade na nação seriam maiores se o país disputasse campeonatos da região norte do continente, ao invés da região sul. O que não mudou muita coisa, já que a Guiana nunca foi à Copa do Mundo FIFA e nem aos Jogos Olímpicos, pelo futebol.
A seleção masculina ocupa atualmente a 165ª colocação no ranking mundial da Federação Internacional de Futebol (FIFA), enquanto a seleção feminina da Guiana está na 88ª posição.
Além disso, este é mais um país em que sua seleção nacional é comandada por um treinador brasileiro. Márcio Máximo, ex-membro da comissão técnica da seleção brasileira Sub-17 de 1992, ‘rodou o mundo’, foi o primeiro técnico do Brasil a treinar um time britânico (Livingston, da Escócia, em 2003) indo parar na Guiana, onde treina a seleção de futebol masculino desde 2019.
Os Jaguares, como são chamados, disputaram em 2019 a Copa Ouro da Concacaf pela primeira vez em sua história, mas foram eliminados ainda na primeira fase, após derrotas por 4 a 0 diante os Estados Unidos e 4 a 2 contra o Panamá. A seleção somou um ponto, do empate na partida contra Trinidad e Tobago.
Foto: Reprodução/GFF |
Apesar de ser mais um país apaixonado por futebol, a Guiana não tem um torneio nacional bem desenvolvido. O principal campeonato do país existe desde 1990, e mudou de formato diversas vezes. A situação é tão precária, que o evento sequer foi disputado em alguns anos.
No histórico geral, o maior campeão nacional é o Alpha United, pentacampeão consecutivo entre 2009 e 2013, que tornou-se o primeiro time guianense a disputar a Liga dos Campeões da Concacaf.
No entanto, o campeonato nacional não foi realizado em 2014, o que culminou na criação de uma liga, a GFF Elite League, que passou a ser disputada em 2015. O torneio também não ‘anda lá essas coisas’, com várias desistências a cada edição. Neste novo formato, o maior campeão é o Fruta Conquerors, com duas conquistas.
Atleta destaque
+ Troy Doris
Finalista olímpico mais recente da Guiana, ele conquistou em 2018 a medalha de ouro no salto triplo, durante os Jogos da Commonwealth (Comunidade Britânica) de 2018, em Gold Coast, na Austrália.
Troy nasceu nos Estados Unidos, mas tem pais guianenses. Ele disputou seletivas estadunidenses do salto triplo para Londres 2012 ficando apenas em 8º. Antes de começar a competir pela Guiana, o saltador foi professor de educação física em Chicago.
Após a conquista do sétimo lugar na Rio-2016, Troy foi o porta-bandeira da delegação guianense na cerimônia de encerramento do megaevento.
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