Enquanto o mundo ainda caminha a passos lentos acerca da vacinação populacional contra o coronavírus, o debate sobre vacinar ou não os atletas para as Olimpíadas volta à tona. De acordo com o Comitê Olímpico Internacional, o COI, não haverá exigência para os participantes da Tóquio 2021. Entretanto, alguns países, incluindo o Brasil, colocam em pauta o assunto e a tentativa de "furar fila" para os competidores.
A questão de vacinar ou não os olímpicos vai além da esfera esportiva. É também questão ética. O ritmo de mortes por conta da Covid-19 segue a pleno vapor. Colocar os atletas à frente da população de risco, principalmente os profissionais de saúde que lutam há mais de um ano para combater este vírus terrível, é uma ofensa às 2.467.481 vidas perdidas. A prioridade é salvar infectados ou os expostos, não os eventos.
Todos nós somos apaixonados por Olimpíadas, é óbvio. O adiamento de 2020 para 2021 - e depois a realização colocada em xeque - foi uma facada no coração dos amantes de esportes. Contudo, a realidade gira muito além dos Jogos. Diversos foram os outros grandes eventos que foram cancelados ou adiados. Como por exemplo Lollapalooza, Carnaval e até a Fórmula 1. E da mesma maneira que precisaram se reorganizar, de alguma maneira buscaram uma saída.
Logicamente, os Jogos Olímpicos são os maiores encontros esportivos do planeta. Não é algo tão tangível buscar a realização em meio á pandemia. Porém, há diversos exemplos e possibilidades que podem ajudar ao COI e ao Japão. O formato de "bolha", utilizado na NBA, é tratado por grande parte da comunidade do esporte como a solução. E ainda assim, também, como algo difícil pela quantidade de pessoas e profissionais envolvidos. Só que, se não houver soluções, precisa ser levada em conta.
Há uma variação sobre as datas de desembarque dos atletas no país sede das Olimpíadas. Muitos ainda estão em alta temporada de competições ou preparação. Mas, como a exigência de quarentena virou algo rotineiro, a chamada "bolha" se aproxima da possível solução. Principalmente por já ter um espaço propício para isso: a Vila Olímpica. Para isso, entretanto, o COI também terá que modificar a prática de competidores que preferem ficar fora do local.
O que não podemos é levantar o debate sobre vacinar ou não um grupo, por conta de algo a ser realizado de forma temporal e sazonal, enquanto diariamente perdemos vidas. Estas sim são irrecuperáveis. Famílias não terão, daqui a quatro anos, a chance de novamente buscar o que foi perdido. Da mesma maneira, a saúde dos atletas não pode ser deixada de lado. Vacinados ou não, estes serão os grandes alvos de possíveis infecções em Tóquio.
O assunto não vai se esgotar tão cedo. Assim como parece ser o caso da pandemia. Entretanto, cogitar a vacinação enquanto faltam vacinas para o público em geral, nem deveria ser debatido. Ao contrário do que alguns governantes pensam, a vida não se recupera. Já passamos por momentos de dor e estresse. Cabe ao COI e aos organizadores uma saída minimamente viável. Se não houver, paciência. Tudo o que não precisamos são mais ídolos sendo vítimas da Covid-19.
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