Na semana passada, Novak Djokovic quebrou o recorde de Roger Federer no número de semanas como número 1 do mundo. Isso novamente acarretou em diversas discussões em fóruns e grupos de redes sociais, específicas sobre a modalidade: afinal, quem é o melhor tenista da história?
A reflexão, se levantada de forma saudável – o que ocorre raramente – é bastante interessante e pertinente. Mas quando os lados e opiniões são defendidos como se Federer, Nadal e Djokovic fossem clubes de futebol e seus torcedores fossem uma espécie de torcida ‘desorganizada’, transforma o debate em algo fútil e sem valor.
Dito isso, precisamos deixar claro algo que parece óbvio para o fã de tênis sensato. Djokovic será considerado o melhor jogador de todos os tempos – pelo menos até aparecer um novo monstro sagrado que quebre seus recordes - isso é natural. O sérvio domina o circuito desde 2015, principalmente em Grand Slams. Sucumbiu diante problemas físicos em 2017 e quando voltou, empilhou canecos novamente. Veja na arte abaixo.
Arte: Surto Olímpico |
E é aqui que entram os méritos de Andy Murray. O britânico precisou ‘suar sangue’ para capturar a liderança do ranking mundial e terminar 2016 como número 1. Foi o único que derrubou Djokovic em seu grande auge.
O tenista sérvio tem 33 anos. Em maio terá 34. É um atleta que se cuida muito, monta bem o calendário, tem uma elasticidade e velocidade impressionantes, coisas fundamentais no tênis. Tudo leva a crer que terá no mínimo mais cinco anos em altíssimo nível. E o principal: ele almeja quebrar todos os recordes possíveis.
Isso é tempo mais que suficiente para manter e aumentar seus atuais recordes e marcas próximas – 312 semanas como número 1; 36 títulos de Masters 1000; 18 títulos de Majors (contra 20 de Nadal e Federer); mais títulos de Masters 1000 em uma temporada (6); mais finais de Masters 1000 na carreira (52).
Aliás, as 312 semanas na liderança do ranking mundial podem ser explicadas não só pela quantidade de títulos de Grand Slam, como também pela grande quantidade de conquistas e bons desempenhos em Masters 1000. De 2015 para cá, foram 16 triunfos em torneios deste nível, contra oito de Nadal, cinco de Federer e cinco de Murray (lembrando que o britânico não faz boas temporadas desde 2017 por causa de seguidas lesões).
Outro fato que joga no time de Djokovic é a idade em que começou a dominar o circuito. Em 2015 ele tinha 28 anos. Quando Federer (hoje perto dos 40 anos) foi líder disparado do ranking mundial e começou a construir parte de seu reinado no esporte (a partir de 2004), ele tinha 23 anos.
O sérvio tirou muito proveito dos anos entre 2010 e 2014, quando o circuito foi mais equilibrado entre os integrantes do Big Four, e fez uma base de títulos, que hoje complementam seu domínio e o deixa muito próximo – em alguns pontos – e até mesmo em vantagem – em outros pontos - com relação a Federer e Nadal, por exemplo.
Portanto, numericamente, estatisticamente, Djokovic será o melhor da história. Ele não é o mais carismático, ele tem muitas atitudes completamente questionáveis, porém, não tem como negar dados. E ele se posiciona para ter os recordes mais importantes deste esporte.
Isso não diminui em nada os feitos de Federer e Nadal. E suas infinitas qualidades manterão ambos na discussão sobre quem será o melhor da história.
Federer tem seu estilo de jogo magnifico, teve a série mais dominante do tênis, quando retornou em 2017 após lesão, provou que poderia se reinventar e voltar ao topo, como fez. E pode ser considerado o rei das quadras de grama.
Nadal é o rei do saibro e nada mudará isso. Ele é o melhor da história neste piso. Tem 13 títulos em Roland Garros, um recorde absurdo. Quando dominou o circuito em 2010 e 2013, foi fatal, não dando chances para nenhum jogador.
No fim, sai ganhando todo mundo que soube aproveitar e segue desfrutando o tênis desses grandes atletas.
Arte: Surto Olímpico
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