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Coluna Gran Willy: a bolha do Australian Open não é um fiasco total


Antes de fazer críticas à bolha do Australian Open, precisamos entender por que ela foi proposta e quem ela beneficia mais. A série de imposições feitas pelo governo de Melbourne foram impostas claramente para ajudar a população local, evitando aglomerações desnecessárias, transmissão do vírus dos atletas e comissões técnicas para o povo e por aí vai. 

A Austrália registrou desde o início da pandemia 28.721 casos de coronavírus, dentre eles 909 mortes. Mas o país da Oceania tem atualmente 1.892 casos ativos segundo a Worldometers, então é fundamental conter o avanço da doença e evitar a perda de mais vidas. E olhando para este lado, a bolha do Australian Open tem seus méritos. Vale lembrar que não são só tenistas que entraram no país. Técnicos, preparadores físicos e juízes também 'fazem' o evento. É muita gente presente que precisa cumprir a quarentena e ficar isolada do restante da população.

Até aqui foram só flores. Mas agora vamos entrar no tema contaminação dos atletas. Para que todos chegassem à Austrália, a ATP e WTA fretaram aviões para a maioria dos profissionais. No entanto, houve nove casos de coronavírus dentro desses voos, sendo um deles de um atleta não identificado. Isso é um grande problema e uma falha organizacional. 

Como um atleta embarca sem que tenha o resultado do exame? Isso é um absurdo. O protocolo apresentado por Craig Tiley, diretor do Australian Open, dizia que os atletas e comissões técnicas só viajariam caso apresentassem um teste negativo da doença. Ora, ou você libera tudo ou cumpre com os termos. Isso ficou feio para o evento. 

Com tantos casos de coronavírus dentro dos voos, o governo de Melbourne não ficou de braços cruzados. Daniel Andrews, primeiro-ministro de Vitória (estado onde fica a cidade-sede do Australian Open), exigiu que todos os profissionais que chegaram para o torneio cumprissem os 14 dias de quarentena num isolamento total, sem sair do quarto até mesmo para treinar. Neste lado, ponto para o país. Hoje, 72 atletas estão totalmente isolados e evitando o risco de transmissão. 

Novak Djokovic precisa entender que o mundo não gira em torno dos tenistas

Exercendo um papel de liderança, Novak Djokovic escreveu uma carta para Tiley, fazendo algumas solicitações para os atletas. Uma pena que foram pedidos esdrúxulos. Parece que o sérvio vive numa bolha infinita onde o mundo gira em torno dos tenistas. 

O sérvio solicitou que o tempo de isolamento social fosse reduzido, para que os jogadores pudessem ver seus técnicos. Além disso ele sugeriu que pelo menos uma parte dos atletas (o máximo possível) fosse transferida do hotel da bolha de Melbourne, para casas particulares com quadras de tênis, para não atrapalhar os treinamentos. É isso mesmo que você leu.

Eu gostaria muito de entender o que se passa na cabeça de Djokovic. Um ídolo para milhões de pessoas, o atual número um do mundo e provavelmente no futuro, dono dos principais recordes deste esporte, pedindo coisas como essas. Difícil. 

O primeiro-ministro de Vitória, Daniel Andrews, que não é bobo nem nada, prontamente disse um belo não para as solicitações do atual líder do ranking do tênis masculino. 

"As pessoas são livres para fornecer listas de demandas, mas a resposta é não", respondeu Andrews.

"Eu sei que tem havido um pouco de conversa de vários jogadores sobre as regras - bem, as regras se aplicam a eles como se aplicam a todos os outros, e todos foram informados sobre isso antes de virem e essa foi uma condição na qual eles vieram. Não há tratamento especial aqui". 

As falas de Andrews não só colocam os tenistas em seus próprios lugares como nos lembram que isso tudo foi conversado previamente e os atletas que hoje reclamam, aceitaram as condições. O mais importante é manter a população de Melbourne segura.

E vamos lembrar aqui, Djokovic nem está em Melbourne. Ele e os principais jogadores e jogadoras do circuito foram para Adelaide, onde será disputado (desnecessariamente) um evento exibição a partir do dia 29, dois dias antes do fim da quarentena da cidade-sede do Australian Open. 

Outra coisa que deve ser ressaltada: tenistas viajam o mundo. Que privilégio é ser atleta de tênis. Pelo menos ali na faixa dos 50, 80 melhores do mundo, todos têm oportunidade de estar em grandes hotéis, treinar em grandes estruturas, com os melhores equipamentos e tudo isso ainda durante uma pandemia. Não há do que se queixar (tirando o caso do rato no quarto da cazaque Yulia Putintseva, isso é realmente lamentável). 

Smash!

- Rafael Nadal atingiu a marca de 800 semanas consecutivas no top-10 do ranking mundial, sendo que 209 delas foram como número 1 do mundo. Isso são mais de 15 anos entre os dez melhores tenistas do mundo. 

- Luisa Stefani atingiu pela primeira vez o top-30 no ranking das duplas. Agora a brasileira é a 30ª colocada na classificação. Ela precisará escalar ainda mais 20 posições para conseguir a classificação para os Jogos Olímpicos de Tóquio. 

- João Menezes conquistou a classificação para a chave principal do Challenger de Istambul. Ele bateu o dominicano Roberto Cid Subervi por 7-6 e 6-2 para garantir a vaga. Thiago Wild, por outro lado, entrou como cabeça 2 do torneio mas perdeu na estreia para o egípcio Mohamed Sawfat por 6-4 e 6-1. São oito derrotas seguidas para o brasileiro no circuito, que venceu pela última vez na semifinal de Aix-en-Provence em 12 de setembro de 2020.


Foto: Reprodução

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