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Coluna Surto Mundo Afora: A noite em que 'D10S' encontrou 'La Maga'. E se curvou a ela.





Olimpíadas de Beijing. 2008. Semifinal. 


A rivalidade entre Argentina e Países Baixos chegava ao seu ápice no Hóquei na Grama feminino. Eram as duas últimas campeãs mundiais rivalizando para saber quem chegaria ao topo. Quem seria melhor das duas seleções com elencos repletas de craques. Mas Las Leonas, que eram as maiores esperanças ao lado do time de futebol masculino de ouro, não conseguiram, de novo, voltar com a medalha dourada pra casa. 


Derrotadas por 5 a 2, mal sabiam que a tristeza se tornaria em um dos maiores momentos da História do esporte: o encontro entre D10S e La Maga.


O pranto das argentinas ainda nem havia secado direito quando, da arquibancada do Olympic Green Hockey Field, uma figura chamava a atenção dos fotógrafos e a curiosidade dos presentes. Trata-se de Diego Armando Maradona. Um fã declarado da modalidade.


Todos olhavam e iam em sua direção. Torcendo para Las Leonas, porém, o ex-camisa 10 pediu autorização e desceu até ao vestiário. A derrota para as rivais europeias tinha sido um golpe duríssimo para as meninas. E o ex-craque sabia.


Diego, como simplesmente é chamado pelos hermanos, não queria ser o protagonista naquela noite. Já havia sido muitas outras vezes. 


Quando todas já estavam à sua espera, Maradona foi cumprimentando uma a uma. Tratou de conversar com as derrotadas na semifinal. No placar estavam derrotadas, de fato. No moral também. Mas a aura vencedora do craque mudou tudo.


Agora não era mais como fã, mas sim como campeão. Percebendo que todas estavam abatidas e em menos de 24 horas disputariam a medalha de bronze, o ex-camisa 10 colocou sua experiência diante delas: "O mais importante é ganhar uma medalha. A derrota de hoje não se pode mais controlar. Mas amanhã sim estarão com o controle de novo. Amanhã estarei aqui novamente. E quero vê-las lutando como se fosse o ouro".


Maradona voltou no dia seguinte. As argentinas derrotaram a Alemanha por 3 a 1 e conquistaram, pela segunda vez consecutiva, o bronze. E lá foi Diego. Das arquibancadas para o campo. Gritando e aplaudindo. Como um hincha argentino!


Rama Pantarotto, jornalista da Argentina, buscava a capitã Magui Aicega. Diego ainda a cumprimentava e pedia sua camisa. Mas ao ver a repórter, disparou: "Hora de ir, o mais importante aqui é você". E saiu caminhando.


Sua caminhada tinha um destino. Seu desejo era reverenciar outra estrela argentina. A maior de todas. 


Ao lado de Lionel Messi, era a maior da delegação. Aos 29 anos, ela já havia ganho quatro vezes o título de melhor do mundo no Hóquei. Mais que qualquer outra. Sua habilidade era tão incrível que parecia mágica. E assim foi chamada, La Maga. 


Era esta magia que Maradona queria ver de perto. Era Luciana Aymar.


Com suas passadas características, o astro foi ao encontro dela. Aquela que é tratada como "a Maradona do Hóquei". Mas naquele dia, Maradona que era "A Luciana Aymar do futebol".


Meio que admirada e sem jeito, Lucha, como é carinhosamente conhecida até hoje, foi surpreendida com um beijo em suas mãos, uma reverência e um pedido: Diego queria os seus tênis.


O maior jogador de futebol da Argentina em todos os tempos queria os tênis da Maga. 


Elas teriam as suas medalhas de bronze. Maradona teria o tênis da maior de todos os tempos. Como um fã que quer para sempre um pedaço do ídolo.


Os dois continuaram a se falar por um período. O mundo todo testemunhava o encontro. D10S e La Maga. Duas lendas. Dois mitos. Duas histórias. Um país.


Perplexa ao ver o maior nome da Argentina em face de tiete, Luciana disse em tom de brincadeira que ele a devia algo. Maradona sorriu.


Na volta para a Argentina, ainda na Vila Olímpica, uma pessoa da AFA, a federação de futebol argentino, procura por Aymar. Ele tinha algo para ela e Aicega. Eram duas camisas da Seleção, então medalha de ouro em Beijing, assinadas. 


E nelas escrito: "De seu fã, Diego Armando Maradona".

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