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Equipe interdisciplinar aplica baterias de testes na Seleção brasileira de Ginástica Rítmica, que já trabalha visando 2021


Silencioso por meses, o Centro de Treinamento da Seleção Brasileira de Conjunto de Ginástica Rítmica, em Aracaju, ganhou vida com o retorno das atletas, que treinaram durante dois meses em Portugal, no contexto da Missão Europa. A semana de trabalho foi intensa, com a realização de diversos testes físicos, avaliações computadorizadas, isocinética, cinemática 3D, termografia, avaliação nutricional e da composição corporal.

A sensação de fim de ano é reforçada pela publicação das primeiras matérias sobre o emprego de Papai Noel digital nos shopping centers, para que se evite a disseminação do coronavírus. Em Aracaju, já se trabalha firmemente no contexto do planejamento que visa à conquista de vaga olímpica para Tóquio, em 2021. Os 20 membros da equipe interdisciplinar, provenientes de sete áreas da Ciência do Esporte, estão mergulhados na coleta de indicadores que vão funcionar como parâmetro para o desenvolvimento das atividades. Na visão da treinadora da Seleção Camila Ferezin, muitos braços e cérebros, buscando objetivos esportivos comuns sem nunca descuidar da preservação da saúde, é um dos fatores primordiais para que a GR brasileira ascenda cada vez mais no cenário mundial.

“Já estamos entre os melhores do mundo, então são detalhes que irão fazer a diferença para subirmos mais posições. Hoje com toda a equipe interdisciplinar que formamos, conseguimos cuidar ao máximo da saúde das ginastas para que elas atinjam os melhores índices de performance possíveis.”

O preparador físico João Henrique Gomes aplicou, no início da semana, uma série de testes para verificar a quantas andam a flexibilidade, força máxima, potência muscular, velocidade, agilidade, resistência de força e capacidade aeróbia da nossa Seleção.

“Os testes têm a capacidade de identificar possíveis deficiências. A partir da análise de cada variável vamos focar o trabalho na melhora de quem estiver aquém, sem perder de vista a manutenção das ginastas que já estão em boas condições físicas”.

O cronograma prevê uma rotina de preparação entre outubro e fevereiro – no segundo mês do ano, é possível que a Seleção já participe de algumas competições amistosas, que serão preparatórias para a disputa da vaga para Tóquio.

Ex-jogador de basquete do Pinheiros, João atuou na preparação física da equipe de Ginástica Aeróbica do São Paulo Futebol Clube em 2007. Depois de trabalhar com as seleções de base de basquete da CBB por sete anos, período em que também auxiliou Diego Jeleilate na seleção adulta, João se envolveu com o futebol, no Grêmio Barueri.

Após tanto tempo treinando brutamontes de 2m de altura para a luta dentro e fora dos garrafões, João mergulha nos estudos para aprimorar fisicamente atletas muito mais leves e ágeis, que precisam lançar aparelhos e recebê-los, o que acrescenta desafios. “Aproveitei o período de pandemia para estudar ainda mais a GR. Dei muitas palestras, dei cursos. É um trabalho cheio de sutilezas. Precisamos aumentar a força delas, mas sem perder a mão, o que ocorreria se houvesse aumento excessivo da hipertrofia muscular”.

O trabalho do fisioterapeuta Paulo Márcio Oliveira não é menos complicado:

“A gente está prestes a iniciar uma nova temporada. Por esse motivo, aplicamos uma série de testes que são o padrão ouro mundial no que diz respeito à detecção de possíveis desequilíbrios e fraquezas musculares e alterações articulares. Precisamos avaliar, analisar, quantificar os dados, traçar medidas de intervenção e monitorar as ginastas até que se realize uma nova avaliação”, diz o profissional. “São esses dados que vão nos dar informações qualificadas, que nortearão nossos trabalhos e que indicarão como as ginastas poderão performar. E tudo isso é associado a um trabalho feito preventivamente, de forma a se reduzir o risco de lesões”, diz Oliveira.

Enquanto isso, a nutricionista Renata Rebello vai também colhendo parâmetros. Nesta semana, fez a avaliação corporal das ginastas. “Elas estão muito bem. Conseguiram ganhar massa muscular em Portugal. Fiquei bastante satisfeita com essa primeira etapa da avaliação. Na próxima semana haverá a coleta de exames de sangue, e os resultados vão ser levados em conta na construção dos planos alimentares”.

À medida em que forem ficando prontos os planos semanais de treinos técnicos e físicos, Renata vai atuar na formulação dos planos alimentares. “A cada semana vamos acessando os planos de treinamento. Alguns detalhes do plano alimentar serão alterados conforme as mudanças das demandas energéticas impostas pelo treinamento, de forma a compatibilizar tudo. É a hora de se verificar o que deve ser ingerido durante o treino e no período imediatamente posterior, por exemplo”.

Uma das metas de Renata é fornecer a quantidade de combustível adequada para a perseguição da vaga olímpica – nem mais, nem menos. “A ideia é fortalecer ainda mais as ginastas, com foco em prevenção de lesões. Queremos chegar a uma composição corporal adequada, para que possam treinar sem sobrecarga de peso e tenham condições de desenvolver movimentos perfeitos. Para isso, vamos buscar o aumento da massa muscular e redução da massa gorda dentro dos limites considerados saudáveis, para que cheguem à disputa da vaga olímpica em sua melhor forma. Obviamente, a nutrição pode contribuir para prevenção de fadiga e melhora de performance. À medida em que os treinos forem se intensificando, cabe à nutrição fornecer o substrato energético para que consigam enfrentar as sessões de treinamento cada vez mais intensas e longas”.

A busca por um corpo compatível com as exigências do esporte pode se tornar uma obsessão. É nesse momento, entre outros, que entra em campo a ajuda dos profissionais da psicologia esportiva. “A frequência de casos de transtorno alimentar é maior em atletas do que em indivíduos comuns, porque o corpo do esportista é sua principal ferramenta. Quando os atletas se deparam com objetivos inatingíveis, decorrem pressões e cobranças muito severas, que podem dar origem a transtornos psiquiátricos. O tratamento e diagnóstico desses casos é feito na área de psiquiatria. A gente observa que, no esporte, há pessoas que buscam resultados cada vez mais rápido. Esse tipo de conduta, na Seleção, é desestimulado, inibido e coibido. A nossa função é desencorajar essa busca por resultados imediatos. Está bem estabelecida na literatura qual é a forma saudável de se obter perda de peso – o ideal é que se perca de 0,5 a 1% do peso por semana. Um indivíduo de 50kg não deve perder mais do que 500 gramas numa semana. A gente oferece informações científicas para que os atletas compreendam que, quando é necessária alguma meta de peso, ela deve ser alcançada com saúde e paciência”, preconiza Renata.

Com todos esses esforços somados, a confiança de que 2021 poderá ser um ano histórico cresce. Camila Ferezin não fala “apenas” em conquista da vaga olímpica. “Nosso objetivo é seguirmos o planejamento de treinamentos com foco na preparação física, técnica, tática, mental e nutricional das ginastas para a conquista da vaga olímpica no evento classificatório que vai ocorrer em maio 2021 e depois vamos em busca da final nos Jogos Olímpicos de Tóquio”.

Foto: CBG/Divulgação

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