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Força nordestina: atletas da região são maioria no Circuito Brasileiro de Vôlei de Praia


A temporada 2020/21 do Circuito Brasileiro de Vôlei de Praia inicia nesta quinta-feira (17) com uma força vinda da parte de cima do litoral brasileiro. Representando pouco mais de 37% dos atletas classificados diretamente para a fase de grupos do torneio principal, os nordestinos prometem fazer bonito na etapa a ser realizada no Centro de Desenvolvimento de Voleibol (CDV), em Saquarema (RJ).

Um levantamento feito pelo Surto Olímpico mostra que 18 dos 48 jogadores classificados diretamente na fase de grupos vêm da região nordestina (37,5%), sendo maioria no Circuito Brasileiro. A segunda região mais representada é o sudeste, com 15 atletas.

Os números ficam mais significativos quando analisamos as parcerias. Das 24 duplas (12 em cada naipe) já garantidas na primeira etapa, 19 possuem pelo menos um representante do nordeste, incluindo Duda (SE), Rebecca (CE) e Álvaro Filho (PB), todos com vaga olímpica para Tóquio. 

"A força do nordeste no vôlei de praia não é de hoje. Pernambuco, Ceará, Paraíba, o próprio Sergipe muito forte com a revelação da Duda, a Bahia com Paulão e Paulo Emílio, que foram o primeiros campeões brasileiros... No geral, o nordeste, desde a década de 80 e início de 90, tem sido uma força onde se revelam jogadores no masculino e feminino. O litoral extenso ajuda muito, assim como o clima e as praias, tudo influi de forma positiva", destacou o paraibano Alvinho.

Dez nordestinas representam a região no vôlei de praia. Dentre elas, cinco saíram do Ceará, o estado mais representado no circuito feminino. É lá que nasceu Shelda, por exemplo, duas vezes medalhista de prata em Olimpíadas e recordista de títulos no Circuito Brasileiro, com oito canecos ao lado de Adriana Behar. 


Márcio Araújo e Fábio Luiz foram campeões mundiais em 2005, antes da prata em Pequim 2008 (Foto: Thomas Coex/AFP)

Do Ceará também vem Rebecca Cavalcante, atual campeã do Circuito Brasileiro ao lado da sua parceira Ana Patrícia.

"Apesar de não ter acompanhado muito porque eu era muito nova, tenho noção da importância que a Shelda tem, por exemplo. Foi uma precursora do vôlei de praia e é aqui do Ceará. Abriu muitas portas pra gente e a gente carrega esse exemplo" disse Rebecca, classificada para Tóquio ao lado de Ana Patrícia.

"[Representar o nordeste] é um orgulho mas também uma responsabilidade muito grande. Como o pessoal que veio antes de mim venceu muito (risos) a expectativa é sempre alta em cima da gente. Mas é uma responsabilidade gostosa e que me incentiva ainda mais a querer vencer", seguiu.

Além de Shelda, as areias de Fortaleza revelaram a dupla Márcio Araújo e Fábio Luiz, que conquistaram a prata em Pequim 2008, e também fizeram Juliana/Larissa, uma paulista e uma capixaba, se identificarem demais com o estado.

Rebecca entende bem da força do Ceará na modalidade. Foi pelo também cearense Reis Castro que a atleta foi encontrada ainda no começo da carreira, em 2010. Dois anos depois, ela seria vice-campeã mundial sub-21 ao lado de Drussyla Costa, hoje na equipe do Sesc RJ/Flamengo.

"As areias daqui são boas. Mas é a cultura da modalidade aqui também. Ter muita praia também ajuda porque já é natural você crescer vendo o esporte ser praticado. É uma das etapas mais tradicionais do Circuito Brasileiro também, as arquibancadas estão sempre cheias. E eu espero que isso continue sempre, porque nivela a gente pra cima e incentiva cada vez mais atletas", comentou a descontraída Rebecca. 

Cearense Reis Castro vai para sua quarta Olimpíada como técnico (Foto: Divulgação/FIVB)

Outro estado do nordeste que também se destaca bastante no cenário nacional é a Paraíba, de onde vem o maior número de representantes entre os homens mais bem ranqueados, com cinco atletas. 

Dos solos paraibanos saíram George, campeão mundial sub-19 e 21 e mais jovem a conquistar uma etapa do Brasileiro - com 18 anos -, e Álvaro Filho, classificado para os Jogos de Tóquio ao lado do campeão olímpico Alison.

"Eu busco sempre, a pedido do meu pai, representar o nordeste e representar bem a Paraíba. Mas acredito que no Circuito Mundial a gente representa o Brasil e aí é uma responsabilidade bem maior. Isso serve até para as próximas gerações que venham aí. Aprendi muito isso [representar o Brasil] com Ricardo/Emanuel e vejo muito isso no Alison. Estou fazendo meu melhor para representar bem o nordeste e o Brasil", comentou o Alvinho, campeão do Circuito Brasileiro na temporada 2016/17.

A história da Paraíba no vôlei de praia começa no primeiro Circuito Brasileiro, em 1991, com Zé Marco e Dennys. Zé Marco, inclusive, foi medalhista de prata em Sidney 2000 ao lado do 'paredão' Ricardo, um baiano erradicado em João Pessoa. Com tantos atletas de qualidade, a Paraíba importou Renato "Geor" e Jorge "Gia", que ficaram na quarta posição em Londres 2012 representando a Geórgia.

"A Paraíba sempre vem revelando atletas no masculino e tem começado a revelar mais atletas também no feminino. Acredito que esse trabalho vem de muito tempo atrás, quando se fomentava o esporte em João Pessoa com Cajá e Rossini e da própria Federação Paraibana de Voleibol através de Popó e Geovane Marques. Teve muita gente que ajudou para contribuir com o crescimento do esporte", contou Alvinho. 
A Paraíba hoje é uma das únicas federações que fazem campeonatos desde o sub-15 até o adulto. Isso ajuda muito na formação de atletas e vir novos jogadores. Isso fez com que a Paraíba virasse uma fábrica de novos atletas.

Geor e Gia saíram da praia de Cabo Branco, em João Pessoa, para representar a Geórgia em Londres (Foto: Thomas Coex/AFP)

Todas as duplas do Circuito Brasileiro, incluindo as que iniciarão no qualifying você confere aqui. As duplas femininas duelam de 17 a 20 de setembro, enquanto o masculino ocorre de 24 a 27 de setembro.

"Eu não vejo a hora de ouvir o apito do juiz. Foram mais de seis meses sem viver isso e já estava ficando muito difícil. A gente está muito feliz pela CBV ter conseguido viabilizar a competição e espera que tudo saia como o planejado. Vamos sentir a falta do público, mas faz parte. O mais importante agora é que tudo seja feito com segurança. A gente treinou bastante pra essa volta, sei que vamos sentir um pouco a falta de ritmo, mas todo mundo vai sentir também. Espero conseguir levar o Ceará pro pódio de novo", descreveu Rebecca.

Os jogos da primeira etapa do Circuito Brasileiro serão exibidos pelo site voleidepraiatv.cbv.com.br, pela página oficial da Confederação Brasileira de Voleibol (CBV) no YouTube e, a partir das semifinais, com exclusividade pelo canal SporTV.


Fotos em destaque: Divulgação/FIVB

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