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Congresso Mundial Uigur apresenta queixa ao COI sobre Olimpíadas de Inverno de Pequim 2022


O Congresso Mundial Uigur, um grupo de povos uigures exilados, apresentaram uma queixa formal sobre a realização das Olimpíadas de Inverno em Pequim 2022, à Comissão de Ética do Comitê Olímpico Internacional (COI), alegando genocídio contra uigures e muçulmanos que vivem na China. 

Os uigures são pessoas de origem turcomena que habitam principalmente a Ásia Central. Na China, eles vivem na região de Xinjiang , no extremo oeste. No começo do século 20 esses povos chegaram a declarar sua independência, porém, em 1949 o local passou a ser controlado pelo partido comunista chinês. Desde então essas pessoas passaram a denunciar atos de preconceito e violência contra seus povos. 

O Congresso Mundial Uigur, organização que afirma o desejo de proteger e lutar pelos direitos de sua população, com o auxílio do advogado internacional de direitos humanos, Michael Polak, foi redigiu uma queixa formal, afirmando supostamente o COI, seu presidente Thomas Bach e todo o conselho Executivo estão agindo em desconformidade com a Carta Olímpica.

Diversas provas à favor da narrativa do Congresso Mundial Uigur foram apresentadas com a denúncia, mostrando uma série de supostos crimes contra a humanidade, como a esterilização em massa, detenção arbitrária em campos de internamento, tortura, vigilância repressiva e trabalho forçado.

"O COI, seu Conselho Executivo e seu Presidente Thomas Bach são obrigados a respeitar os princípios éticos do Movimento Olímpico, a Carta Olímpica e o ideal olímpico inspirado por Pierre de Coubertin", disse o comunicado de Michael Polak.

"É claro que a realização das Olimpíadas de 2022 em Pequim, enquanto a China comete genocídio e crimes contra a humanidade contra os uigures e outros muçulmanos turcos não é compatível com esses princípios e é contrária às obrigações dessas partes nos termos do Artigo 2 do Código de Conduta, sobre não 'agir de maneira que possa manchar a reputação do Movimento Olímpico'".

“Esperamos que o Comitê de Ética se envolva na questão que colocamos diante deles e solicite que as Olimpíadas de 2022 sejam retiradas da China, se crimes internacionais continuarem a ser cometidos contra os uigures", disparou.




"Estamos ansiosos pela oportunidade de convocar evidências de testemunhas em primeira mão que fugiram dos horrores dos campos e da repressão sistemática, para que o Comitê de Ética e o Movimento Olímpico não possam dizer que desconheciam sobre o que estava acontecendo na região de Uigur e em toda a China com o movimento forçado de uigures e outros muçulmanos turcos para uso como trabalho escravo", disse Polak.

A carta fala ainda sobre a relação do COI com os crimes contra os uigures, uma vez que foi alegado que pessoas desta etnia estão sendo escravas no transporte da produção têxtil e tecnológica, dois setores muito acionados pela entidade. 

"O COI não pode mais ignorar o genocídio da China contra o povo uigur. Se o COI permitir que a China sedie os Jogos de Inverno de 2022, estará abandonando intencionalmente os valores e princípios que sustentam o Movimento Olímpico”, disse Dolkun Isa, presidente do Congresso Mundial Uyghur.

"Essas apresentações detalhadas explicam as evidências dos crimes internacionais cometidos contra meu povo, os cazaques, uzbeques, tadjiques e outros muçulmanos turcos, e como isso claramente conflita com os princípios éticos que a família olímpica deve cumprir", completou. 

A resposta do COI

Em nota para o portal de esportes Inside The Games, o COI declarou que dar o direito de sediar uma Olimpíada não significa que a entidade concorde com o modelo de governo ou estrutura política e social do país. 

“Em nosso mundo frágil, o poder do esporte de unir o mundo inteiro, apesar de todas as diferenças existentes, dá a todos nós esperança de um futuro melhor. Dada a participação diversificada nos Jogos Olímpicos, o COI deve permanecer neutro em todas as questões políticas globais", disse o comunicado.

"Em todos os momentos, o COI reconhece e defende os direitos humanos consagrados tanto nos Princípios Fundamentais da Carta Olímpica quanto em nosso Código de Ética. Somos responsáveis ​​por garantir o respeito à Carta Olímpica no que diz respeito aos Jogos Olímpicos e levamos essa responsabilidade muito a sério". 

"Para os Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim 2022, a Comissão de Avaliação do COI considerou os pontos de vista de organizações não governamentais independentes com relação a uma série de questões, incluindo direitos humanos. Essas questões foram e são levantadas junto ao governo e às autoridades locais".

“Recebemos garantias de que os princípios da Carta Olímpica serão respeitados no contexto dos Jogos. Continuaremos discutindo questões relacionadas aos Jogos com os organizadores como parte do processo de preparação dos Jogos", finalizou a nota.

Foto: Ozan Kose/AFP

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