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Visando Tóquio, Netinho aposta em conquistas na Ásia para espantar retrospecto negativo do Brasil em Olimpíadas no Oriente

Edival "Netinho" Marques com a medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos Lima 2019

O retrospecto histórico mostra que atletas brasileiros tendem a ter resultados piores em Olimpíadas realizadas na Ásia e Oceania se comparadas às que ocorrem em solo ocidental. Com a próxima edição dos Jogos programada para Tóquio, no Japão, isto pode ser motivo de preocupação para muitos. Não para Edival Marques, o Netinho, do taekwondo. Dono de um currículo com importantes vitórias no continente asiático, ele acredita que pode manter o retrospecto favorável e conquistar uma medalha olímpica no ano que vem.

"Eu tenho um carinho pelas competições na Ásia. Além do título olímpico da juventude e do título mundial júnior de taekwondo, ainda tenho duas medalhas em Grand Prix conquistadas lá. Então, tenho um carinho especial por esse Oriente e espero que isso continue até a Olimpíada", disse ele, em entrevista ao Surto Olímpico.

Duas das conquistas citadas pelo paraibano vieram em 2014. Aos 17 anos, foi campeão mundial júnior em Taipei, no Taiwan, e ficou com a medalha de ouro na segunda edição dos Jogos Olímpicos da Juventude, em Nanjing, na China. Quatro anos mais tarde, voltou a triunfar no Taiwan, com um bronze no Grand Prix de Taoyuan. No ano passado, levou outro bronze, no GP de Chiba, no Japão, no mesmo local em que serão disputadas as competições do taekwondo na Olimpíada.

Edival "Netinho" Marques no pódio dos Jogos Olímpicos da Juventude Nanjing 2014
Edival conquistou o ouro na categoria até 63kg dos Jogos Olímpicos da Juventude em 2014 após vencer três lutas (Wander Roberto/Inovafoto/COB)
Mas, diferente de Netinho, o Brasil não tem bons desempenhos na Ásia e Oceania, especificamente falando de Olimpíadas. O país enviou atletas ao maior evento esportivo do planeta pela primeira vez em Antuérpia-1920, com a delegação brasileira conquistando uma medalha de cada cor, todas no tiro esportivo. A partir daí, ficou 28 anos sem medalhas e só voltou a subir ao pódio em Londres-1948, com um bronze da seleção masculina de basquete.

Desde então, o país conquista medalhas em todas as edições de forma ininterrupta e teve seus piores desempenhos exatamente em Olimpíadas sediadas no Oriente. Em Melbourne-1956, o hino nacional chegou a tocar uma vez, mas o número de pódios foi inferior a Helsinque-1952 (um versus três de quatro anos antes). Até hoje, a pior campanha brasileira desde Londres-1948 foi em Tóquio-1964, quando somente um bronze foi obtido. 

Em Seul-1988, foram conquistadas seis medalhas, um decréscimo em relação às oito obtidas quatro anos antes, em Los Angeles. O mesmo vale para Sydney-2000, quando o Brasil não conquistou nenhum ouro e quebrou uma sequência de cinco Olimpíadas subindo no lugar mais alto do pódio. Oito anos mais tarde, em Pequim, a delegação brasileira saiu com um saldo três medalhas douradas, duas a menos do que em Atenas-2004.


Sonhos adiados pela pandemia

Inspirado pelos títulos dos Jogos Pan-Americanos e dos Jogos Mundiais Militares em 2019 - além do bronze no GP de Chiba - e da conquista da vaga olímpica em março deste ano, Netinho estava em alta para quebrar a "sina" brasileira em Tóquio, em competição que deveria ter sido realizada no último domingo. No entanto, a pandemia do coronavírus adiou seus planos em um ano.

Edival "Netinho" Marques comemorando o ouro nos Jogos Pan-Americanos Lima 2019
Netinho foi ouro no Jogos Pan-Americanos de Lima, na categoria até 68kg, após vencer quatro lutas (Jonne Roriz/COB)
Ao Surto, confessou que ficou triste a princípio, mas logo entendeu toda a situação. "Achei que seria algo mais tranquilo, que passaria rápido, mas depois que vi a gravidade do vírus, percebi que ia demorar um pouco mais para tudo se normalizar", disse o atleta, de 22 anos. "Coloquei na cabeça que seria um ano a mais para eu poder melhorar".

Durante o período de quarentena, o paraibano conseguiu manter-se ativo. Com ajuda da Confederação Brasileira de Taekwondo (CBTKD) e do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), sua equipe conseguiu se isolar e adaptou os treinos para realizá-los de forma segura. Ele está com a comissão técnica e outros atletas, como a namorada Talisca Reis, da categoria até 49kg.

Apesar do baixo sparring, Netinho garante que a intensidade dos treinos é alta. Questionado se a Missão Europa, projeto financiado pelo COB para levar os atletas a Portugal para que possam retomar os treinos, pode trazer um benefício a mais, ele crê que não haverá tanta diferença para ele. "Depois de um tempo de adaptação, acredito que podemos sim continuar treinando aqui no Brasil", opinou.



Ainda não há um cronograma oficial por parte da CBKTD quanto à viagem. O COB disponibilizou seis vagas à confederação, das quais três deverão ser preenchidas pelos atletas classificados a Tóquio - Edival (68kg), Milena Titoneli (67kg) e Ícaro Miguel (80kg) - e as outras três virão de atletas para aumentar o quorum de treinamentos.

Cabe destacar que a ida dos atletas à Europa não é obrigatória. A confederação convoca, mas compete aos atletas decidirem em conjunto com suas respectivas comissões técnicas se essa é a melhor alternativa para os treinamentos. A equipe de Ícaro e Milena seguiu o mesmo caminho da de Netinho e estão isolados no interior de São Paulo, mantendo os treinos durante a pandemia.


Ciclo vitorioso e planos para Tóquio

O taekwondo foi um dos esportes que mais evoluiu durante o ciclo olímpico brasileiro. Com uma geração renovada e vitoriosa, o Brasil conquistou cinco medalhas no último Mundial, e sete - de oito possíveis - nos Jogos Pan-Americanos de Lima. Os três brasileiros hoje classificados chegam com chances reais de pódio em Tóquio. Para Netinho, esse progresso está atrelado à gestão da CBTKD.

"O taekwondo brasileiro mudou muito em pouco tempo, e essa mudança aconteceu depois da troca de cargo na confederação. Eles estão fazendo um bom trabalho, pensando sempre na nossa evolução e isso com certeza, fez e faz toda a diferença nos nossos resultados, que nitidamente começaram a aparecer", comentou.

"Acredito também que ter alguém que na comissão que já foi atleta, como a Natália Falavigna, influencia muito de forma positiva, na hora de saber o que nós atletas precisamos, porque ela já passou por isso", destacou o paraibano, referindo-se à ex-atleta que foi campeã mundial e medalhista olímpica e hoje é diretora técnica da CBTKD.

Natalia Falavigna posando para foto no Centro de Treinamento Time Brasil
Natália Falavigna faz parte da confederação desde 2015 e foi uma das responsáveis por repaginar a entidade, que passou por uma forte crise financeira (Reprodução/Instagram)
Agora, a pouco menos de um ano para os Jogos Olímpicos de Tóquio, a cidade-sede, assim como todo o mundo, vive uma preocupação com o coronavírus. A capital japonesa está passando por uma segunda onda de infecções da doença, tendo registrado 463 casos nesta sexta-feira, um novo recorde em um único dia.

Dado o aumento de casos e a manutenção da crise em todo o mundo, os organizadores dos Jogos estão planejando diversas alternativas para reduzir o megaevento e torná-lo flexível ao coronavírus. Uma dessas medidas é a limitação do público nos eventos. Questionado sobre o tema, o paraibano lamentou a situação, mas defendeu que "tudo seja feito para o melhor de todos".

"Se o melhor for reduzir torcedores, que seja realizado assim. Não temos culpa do que está acontecendo, infelizmente aconteceu e para que não aconteça o pior com cada um (nós atletas, os torcedores e todos os envolvidos), temos que tomar todas as precauções necessárias. Infelizmente, pode ser que não tenha tanto público nessa Olimpíada, mas talvez é o que seja melhor", pontuou.

Surte +: Conheça a história de amor e vitórias de Ícaro Miguel e Raiany Fidélis

Foto: Jonne Roriz/COB

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