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Atletas cadeirantes debatem em live desafios no treino e poucas mulheres tetraplégicas no esporte


Uma live do Comitê Paralímpico Brasleiro trouxe um debate sobre “Tetraplégicos no esporte”. Na transmissão, a mesa-tenista Cátia Oliveira, o atirador Alexandre Galgani e o coordenador de classificação do CPB, João Casteleti, relataram as diferenças entre as modalidades, os desafios encontrados e a baixa quantidade de mulheres tetraplégicas no esporte paralímpico.

De acordo com o coordenador da classificação do CPB, João Casteleti, a tetraplegia pode apresentar vários níveis de comprometimento físico. “A tetraplegia é constituída da perda da funcionalidade dos membros inferiores e superiores, mas cada pessoa apresenta um tipo de limitação, depende muito da vértebra lesionada e como foi esta lesão. Existem pessoas que ficam com parte do movimento do pé e não tem força muscular, por exemplo.”

João apontou também que a classificação funcional, especialmente para a tetraplegia, avalia a funcionalidade corporal do atleta para o esporte em questão e explicou que em uma modalidade atletas podem competir na mesma classe e em outra não.

“A Cátia seria da classe do Galgani no tiro esportivo, SH2, mas o Galgani não seria da mesma categoria que a Cátia no tênis de mesa”, exemplificou o classificador.

Cátia, que jogava futebol feminino antes de sofrer um acidente de carro em 2007 e ficar tetraplégica, relatou que há poucas mulheres com lesão medular alta no esporte paralímpico nacional. A paulista também contou que no tênis de mesa internacional o número de mulheres tetraplégicas é baixo.

“Na minha categoria [classe 2], que é só para tetraplégicos, o ranking internacional tem 12 mulheres, é um número muito baixo. Acho que os homens com essa deficiência se arriscam mais no esporte após a lesão”, explicou a vice-campeã mundial no tênis de mesa em 2018.

Primeiro atleta individual a obter a classificação para os Jogos de Tóquio, Alexandre Galgani contou que experimentou o tênis de mesa antes de se firmar no tiro esportivo e explicou como funcionam atualmente os seus treinos. Também jogou basquete e tênis de mesa antes do acidente.

“Eu jogava tênis de mesa antes do meu acidente, depois eu tentei, mas tinha dificuldade em alguns movimentos. Eu fiquei com um bom movimento no dedo indicador então para o tiro foi ótimo. O tiro esportivo é muito psicológico, então invisto bastante nessa parte. Se eu atirar muito durante os treinos eu acabo fadigando e não rendo. É preciso ter cuidado com isso durante os treinos de um tetraplégico”, contou o atleta que ficou tetraplégico após bater a cabeça no fundo de uma piscina e lesionar sua coluna aos 18 anos.

Criada especificamente para atender os atletas com lesão medular alta, o rúgbi em cadeira de rodas também foi pauta do bate-papo. A mesa-tenista Cátia confessou que tem vontade de experimentar a modalidade por ser de contato e com bola, assim como futebol que praticava antes do acidente.

“Um dia ainda vou experimentar o rúgbi, tem bola e contato, eu amo! Tenho um pouco de medo porque os atletas caem e logo em sequência estão de volta ao jogo, mas quero experimentar”.

João Casteleti aproveitou para explicar ao público que pessoas com tetraplegia possuem outras perdas além da movimentação dos membros. “A medula controla muitas coisas e com a lesão o tetraplégico perde, por exemplo, a termorregulação e funções urinárias. São coisas que precisamos ter cuidado, tanto comissão técnica, de saúde e o próprio atleta. Os atletas do rúgbi em cadeira de rodas utilizam borrifadores com água e gelo para resfriar o corpo durante as partidas. A temperatura sobe como se fosse uma febre mesmo, causa moleza, dores de cabeça e isso atrapalha o rendimento do atleta, além de ser perigoso para a saúde”.

Os atletas também contaram que, diferentemente do rúgbi, não necessitam de uma cadeira especial para a prática esportiva. “Eu levo duas cadeiras, uma só para atirar, mas ela é normal. Durante a competição não dá para arriscar ter um problema com a cadeira e não poder atirar”, contou Galgani.

Foto: Divulgação

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