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Relatório da FIFPro revela falta de direitos básicos no futebol feminino


Apesar do recorde de partidas no último ano, o futebol feminino ainda é muito reprimido pela falta de direitos e padrões básicos, é o que revela um estudo realizado pela FIFPro, a Federação Internacional dos Jogadores Profissionais de Futebol, que funciona como um sindicato para mulheres e homens da modalidade.

O documento divulgado na última quarta-feira (29), revela que ser jogadora de futebol ainda não é uma carreira viável para uma mulher. "O futebol profissional feminino está sujeito a condições de trabalho adversas que impactam negativamente o desempenho esportivo das jogadoras, colocam obstáculos diretos ao desenvolvimento de seu potencial ou as forçam a sair mais cedo do jogo, ocasionando a interrupção no crescimento da modalidade", diz o relatório.

Para desenvolver essa pesquisa a FIFPro entrevistou 186 jogadoras de 18 países que disputaram a última Copa do Mundo, realizada na França em 2019.

Em um nível tão forte de disputa, ainda falta muito profissionalismo por parte dos clubes dentro da modalidade, revela o estudo.

"Apenas 3,6% das jogadoras que participaram da pesquisa FIFPro 2019, relataram não receber nenhum dinheiro para jogar futebol, o que é inaceitável. Essas mulheres competem em Copas do Mundo Femininas da FIFA. Este é o maior nível de profissionalismo que pode ser alcançado dentro deste esporte e ainda assim occorem casos como este", disse o relatório, que apesar disso também apontou um aumento nos salários das atletas entre 2016 e 2018.

E os problemas ultrapassam o âmbito financeiro das jogadoras. O documento relatou que 105 atletas disseram não entender quais eram as estratégias a longo prazo de seus respectivos clubes, além de sentirem insegurança pela falta de pessoal no staff, ocasionando a falta de apoio adequado.

Foto: Lucas Figeuiredo/CBF
Para combater esses problemas a FIFPro recomendou que os contratos fossem assinados sob os cuidados de ligas, clubes e federações, para que as normas básicas de trabalho possam ser cumpridas.

Além disso, a FIFPro cobrou instalações adequadas para um padrão de alto desempenho em competições internacionais. A FIFA havia sido muito criticada em 2015 quando permitiu que os campos de astroturf, um tipo de grama sintética, fossem utilizados na Copa do Mundo de Futebol Feminino, no Canadá.

O relatório destacou também alguns problemas enfrentados por jogadoras do Campeonato Colombiano de Futebol Feminino, que foram levantados pelo sindicato de atletas da modalidade no país (Acolfutpro).

"Foi verificado que oito dos 20 campos de treino utilizados pelas equipes no campeonato feminino de 2019, a Liga Águila, não eram adequados para o futebol profissional. Algumas não eram seguras, outras eram irregulares ou sem grama e a maioria deles não tinha vestiários ou chuveiros", afirma o documento.

A Acolfutpro desafiou diretamente as empresas que patrocinam o campeonato, para que ajudem no desenvolvimento do futebol feminino na Colômbia e alcancem paridade em relação ao futebol masculino.

"Um projeto viável é importante para garantir a sustentabilidade financeira e um mercado estável, mas isso não deve ser utilizado para justificar esse movimento. As atletas merecem o direito à carreira profissional como jogadoras de futebol" disse a Acolfutpro.

Durante a pandemia do coronavírus os torneios de futebol feminino estão paralisados e isso é algo que põe em risco as conquistas feitas pela modalidade nos últimos anos, alega a FIFPro. Ainda não foram anunciadas medidas específicas para auxiliar atletas do futebol feminino durante a pandemia de coronavírus.

A FIFPro foi fundada em 1965 e representa a nível mundial todos os atletas do futebol.

Foto: Conmenbol

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