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Coluna Surto Mundo Afora: Futuro do esporte pós pandemia é sombrio


Por Bruno Guedes

Enquanto os países ainda contabilizam o estrago causado pela pandemia da Covid-19 e começam a flexibilizar a volta às atividades de forma gradual, o esporte espera o sinal verde para retomar as competições. Mas junto ao atletas, a incerteza entra na disputa. E ela vem do fator econômico imprevisível dos próximos anos.

Alguns governos autorizaram a retomada esportiva em breve, como na Itália, autorizando os treinos dos clubes de futebol e atletas desde a segunda-feira, 4 de maio. O momento, no entanto, ainda é muito nebuloso. Com a nuvem de insegurança sanitária e esportiva, a financeira é uma das maiores preocupações. E ela não afetará apenas algumas modalidades, mas todas.

Prática onde se encontra as maiores transações, o futebol é o símbolo desta incerteza que acometeu justamente no ano olímpico. A pandemia de coronavírus pode tirar 9,3 bilhões de euros do futebol europeu. Se é um duro golpe para o "esporte mais popular do mundo", o que dirá de outros à sombra das grandes cifras.

Jogadores que ganham até quatro dígitos estão vendo seus vencimentos reduzidos por causa da nova realidade, mas os competidores de esportes menos populares nem a esse luxo terão direito. Sem treinos, sem salários e futuro incerto.

No último dia 30 de abril, a Federação Internacional de Basquete (FIBA) divulgou que espera um déficit em 2020, porém sem informar números. E não está só. Das 33 federações internacionais filiadas ao Comitê Olímpico Internacional (COI), 28 delas deverão enfrentar problemas financeiros em 2020. Isto porque a verba destinada como apoio pelo Comitê deve atrasar por conta do adiamento das Olimpíadas. A FIBA, por exemplo, teria direito a US$ 25 milhões.

No Brasil, o Esporte Clube Pinheiros anunciou a dispensa do seu elenco profissional após a paralisação da temporada 2019/2020 do Novo Basquete Brasil (NBB). Na Argentina, atletas também foram dispensados de equipes de atletismo, natação e até mesmo o tradicional esporte local, rugby. Clubes de hóquei da Holanda e Alemanha já sinalizaram problemas financeiros.

Comitê Olímpico que se orgulha de ser independente da verba estatal, o americano também foi atingido em cheio. Segundo o New York Times, US$ 200 milhões foi o prejuízo. Dinheiro este que financiou o ciclo olímpico que tinha data até agosto deste ano ou já estava empregado para o futuro com pessoal, atletas e materiais. Ainda não se sabe como será capitalizado para o futuro, segundo a publicação.

Já no último domingo, dia 3 de maio, o Grupo Globo encerrou de forma unilateral o contrato com a Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA), como trouxe com exclusividade o site Best Swim. Esta era a única verba destinada à entidade e tinha vigência até o final de 2020.

Todas essas duras faces da crise econômica pegam em cheio o esporte, esfera esta sempre vista como supérflua ou menos relevante frente ao capital. Se as grandes confederações e comitês se veem abalados, mais ainda os atletas que vivem exclusivamente do patrocínio ou auxílios. Estes são os mais afetados.

Os esportes olímpicos já estão em crise e sentem o efeito do pós coronavírus, que ainda não chegou mas assombra o esportistas. O COI, que durante anos capitalizou pomposas receitas de patrocínio e fez tantas exigências aos países sede, agora observa em choque e sem muita ação. E nem terá.

Para o momento, é preciso que o Comitê Olímpico Internacional não só desenvolva um plano que consiga diminuir os prejuízos, como readeque o esporte à realidade atual. E isso passa, principalmente, pela fiscalização das entidades filiadas a ele. Muitas federações precisarão de gestões mais eficientes e que saiba acolher seus competidores.

O futuro é sombrio. E o do esporte incerto. As Olimpíadas podem ter seus piores resultados em décadas por conta da crise financeira que já chegou.

Foto: AFP

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