O novo coronavírus tem obrigado atletas a ficar em casa em todo o mundo. O bicampeão olímpico Robert Scheidt, que mora da Itália, um dos países mais atingidos pela pandemia é um desses atletas. Contudo, mesmo confinado, o velejador não abandona os treinos visando a Olimpíada de Tóquio, marcada para julho. Mesmo com o risco de cancelamento dos Jogos, segue firme na preparação física e na luta para poder velejar nesse período. “Não tenho podido ir para a água porque existe uma proibição quanto a atividades externas. Mas estou tentando viabilizar uma permissão com uma carta do COB (Comitê Olímpico Brasileiro”, conta.
Se tudo der certo, Scheidt volta a colocar seu laser nas águas do Lago Di Garda, praticamente no quintal de sua casa, na cidade de Torbole. Enquanto isso, divide o tempo entre os treinos físicos adaptados dentro de casa e a mulher, Gintare, e os dois filhos, Erik e Lukas. “Essa é uma situação sem precedentes na historia mundial e no olimpismo. Provavelmente não teremos mais nenhuma competição até os Jogos e isso coloca todo mundo em um nível de igualdade. Todos chegarão sem ritmo de regata. Ao mesmo tempo, isso é uma oportunidade para quem souber aproveitar bem esse período para se preparar da melhor forma possível. É o que estou fazendo, tocando em frente”, afirmou o maior medalhista olímpico do Brasil, com cinco pódios.
Para Scheidt, o momento não é de especular se os Jogos Olímpicos serão ou não cancelados. Mas de trabalhar com o foco em julho, já que, oficialmente, o evento ainda está mantido para a data original. “Em termos globais, tudo isso é muito ruim. E no esporte não é diferente, mas é uma situação que não posso controlar. Assim, sigo na luta para fazer o máximo possível, com treinos físicos em casa, adaptando o que posso para manter o condicionamento, tônus muscular, força e flexibilidade”, completa o bicampeão olímpico, que deveria embarcar na quinta-feira passada (12) para duas semanas de treinos na Espanha, antes de disputar o tradicional 51º Troféu Princesa Sofia, a partir do próximo dia 25, em Palma de Mallorca, mas foi obrigado a cancelar a viagem. “Vou ficar na Itália com a minha família. Nem um retorno ao Brasil é cogitado, pois existe o risco de não conseguir voltar, sem falar na necessidades de quarentena”, completa.
Desafio olímpico
Scheidt retornou à classe Laser em 2019, após quase três anos ausente, desde os Jogos do Rio/2016, onde terminou na quarta colocação mesmo vencendo a medal race. Nesse período de readaptação às novas técnicas e nova mastreação, cumpriu seu objetivo principal, que foi o índice para Tóquio, com o 12° lugar no Campeonato Mundial da Classe Laser 2019, em Sakaiminato, no Japão, em julho. Ele confirmou a vaga no Mundial da Austrália, em fevereiro, quando chegou à flotilha ouro e foi o melhor brasileiro na disputa.
Na volta à vela olímpica, Scheidt disputou outras três grandes competições. A última foi o Ready Steady Tokyo, no final de agosto de 2019, em Enoshima, quando terminou em 10° lugar, chegando à medal race pela primeira vez desde que decidiu interromper a aposentadoria da classe Laser. Ele ficou próximo da regata da medalha no Troféu Princesa Sofia e na Semana de Vela de Hyères.
Foto: Divulgação
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