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Coluna Buzzer Beater - Para Sempre Kobe Bryant



Por Marcos Antônio

É engraçado, você se sentir próximo de uma pessoa de que nunca viu pessoalmente na vida. O esporte te proporciona muito isso. Sem perceber, você vai vendo toda semana aquela pessoa que vai te proporcionar uma relação de amor (ou de ódio) com determinado atleta, mas sempre com muito respeito (ao menos pra mim). Kobe Bryant foi desses casos. vi toda sua carreira, torci muito mais contra do que a favor durante sua passagem nas quadras. Senti um vazio quando ele se aposentou, mas sinto um vazio muito maior agora, sabendo que ele perdeu a vida em um trágico acidente, com tanto ainda para viver.

Devo ter ouvido falar pela primeira vez de Kobe Bryant em um dos NBA Actions da vida, que não perdia uma edição na Band. Era considerado um possível sucessor de Michael Jordan, meu grande herói no basquete, mas ele queria ser mais. Claro que ele tinha como alvo MJ, mas ele queria fazer o seu próprio legado.

Elevou o nível de treinamento e comprometimento a outro patamar. Extremamente competitivo, conseguiu uma mini dinastia com Shaquille O'Neal nos Lakers; Esse mesmo espírito competitivo faria degringolar a parceria entre os dois, até eles se separarem e Kobe ter que levar o time nas costas nos anos seguintes - os 81 pontos na mesma partida foram nessa época - até o Lakers voltar a ter um time competitivo e ele faturar mais dois anéis.

Kobe pode não ter superado Jordan em títulos, mas superou em pontos e teve um impacto nos anos 2000 semelhante ao que Michael teve nos 90; Todos queriam ser como Kobe, treinar como Kobe, ser 'clutch' como Kobe, enfim, ele se tornou ídolo de milhares de jogadores de basquete ao redor do mundo.

Como disse no início do texto, eu não fui fã de Kobe. Preferi tratá-lo como rival, uma ameaça ao reinado supremo do meu ídolo Michael Jordan. Quantas vezes a imbecilidade juvenil falou mais alto e eu menosprezei feitos memoráveis de Kobe Bryant em prol de defender o legado de MJ. Grande besteira. no esporte cada uma faz sua história, uns mais outros menos, mas todos deixam sua marca. Michael Jordan deixou sua marca indelével na minha geração. Kobe Bryant na seguinte, a geração que cresceu tendo as redes sociais para se expressar. sua grandeza a nível global ainda foi maior que a de Jordan

Minha relação com Kobe mudou com a sua carta de despedida do basquete, que virou um curta-metragem de animação vencedor do Oscar. Nunca pensei que ela me tocasse tanto. O amor que ele tinha pelo basquete é o mesmo que o meu. Tínhamos algo em comum. E de repente me senti um tremendo besta de ter torcido contra um cara que assim como eu amava o basquete e deu tudo de si para viver um sonho. Um sonho que foi meu um dia, mas que a altura e falta de habilidade não deixou. Seu último jogo, fiz questão de assistir e torcer. Não me arrependi de ficar acordado até de madrugada, foi uma atuação épica, o capítulo final perfeito para uma carreira consagradora.


Como disse Oscar Niemeyer,  vida é um sopro. A gente nunca sabe quando esse sopro vai se encerrar. O sopro de Kobe foi cedo demais.O da sua filha, mais ainda. Ela que parecia ter herdado o amor pelo basquete do pai, não pode viver plenamente esse caso de amor com o esporte como o pai teve. Um dia depois, a dor é forte e devastadora. Posso estar hiperbolizando o sentimento, mas sinto que 26 de janeiro de 2020 é 1º de maio de 1994 do basquetebol.

Só resta agora agradecer ao Kobe pelos grande momentos que ele proporcionou no basquete e na vida de milhares de pessoas. Sua passagem pela terra acabou sendo curta, mas marcante e indelével. Sua obra ficará para sempre eternizada e relembrada nas redes sociais e na memória dos fãs do basquete , seu status de gênio passou ao de mito, um ser que saiu do rol dos meros mortais para figurar no topo do olimpo entre os maiores atletas da história.

Vá em paz, Kobe.

foto: Reuters

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