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Coluna Surto Mundo Afora #56 - Análise dos grupos do hóquei na grama para Tóquio 2020 mostra torneio quase imprevisível

 
Por Bruno Guedes
 
Um dos esportes de maior audiência nos Jogos Olímpicos, o Hóquei na Grama divulgou os grupos do torneio feminino e masculino para Tóquio 2020. A exemplo da edição do Rio de Janeiro, houve um equilíbrio entre as forças candidatas às medalhas, porém com importantes mudanças quanto às seleções aspirantes ao ouro. As quatro primeiras de cada avançam para as quartas de finais e está quase tudo em aberto.

Vale lembrar que as Olimpíadas são diferentes de todos os demais torneios. Por mais que uma equipe tenha feito um ciclo complicado, nos Jogos tudo muda. A entrega é maior, assim como a preparação e o foco, e o psicológico ganha mais peso diante da principal disputa da modalidade.

No feminino, a atual campeã olímpica Grã Bretanha caiu no fortíssimo Grupo A com a Holanda, maior potência atualmente no esporte e ouro em 2008 e 2012, além da jovem e muito promissora Alemanha. Índia, ex-grande força da modalidade, Irlanda e África do Sul completam as seis. Neste, as britânicas terão que provar o contrário acerca do seu fraco desempenho após a Rio 2016. A reformulação, perdendo atletas importantes, não teve o impacto esperado e os resultados foram pífios.

Já as holandesas, prata no Rio para a Grã Bretanha, dominaram por completo o hóquei no mesmo período. Venceram o Mundial, a Pro League e duas vezes o Europeu. A renovação não só impulsionou ainda mais a Oranje, como solidificou o trabalho da treinadora Alyson Annan, que foi muito questionada após a final carioca. Chegou-se a cogitar problemas internos após aposentadorias importantes, como Naomi van As, Ellen Hoog e Paumen.

A Alemanha, cuja renovação parece maturar e que iniciou há quatro anos, pode ser a grande surpresa e jogar uma das duas para um cruzamento mais difícil nas quartas. Irlanda, a grande surpresa do Mundial de 2018 com seu vice-campeonato, deve ser a quarta a se classificar. Já Índia e África do Sul lutam por uma zebra.

No Grupo B as forças são mais nítidas, porém bem mais indefinido quem larga na frente. Potência em baixa desde a aposentadoria da Luciana Aymar e o vexame na Rio 2016, a Argentina tentará o inédito ouro com duas pedreiras de início: contra a fortíssima Austrália e a revelação do ciclo olímpico Nova Zelândia. Certamente Las Leonas terão trabalho para sair em primeiro, o que pode jogá-las contra uma seleção forte da outra chave, como Grã Bretanha ou até mesmo Holanda, como aconteceu aqui no Brasil. 

Já no masculino, a face muda por tanto equilíbrio e mais forças espalhadas entres as principais seleções. Desde a final no Rio não tivemos um time dominante e muito menos repetição de campeões a nível mundial, o que mostra a pulverização de candidatos ao título. Talvez algo até um novo vencedor, como aconteceu em Deodoro, há três anos.

O Grupo A traz a atual campeã Argentina ao lado de Austrália, Índia, Espanha, Nova Zelândia e Japão. Ainda que Espanha tenha uma certa tradição e a Índia ainda seja a maior campeã olímpica, Los Leones não terão problemas - ao que parece - na fase inicial de corrida pelo bicampeonato inédito. Os australianos, campeões da Pro League, certamente darão muito trabalho. Mas oscilando neste ciclo olímpico, não demonstrou ainda todo potencial que tem.

O mesmo não podemos dizer da atual campeã do mundo e prata no Rio, Bélgica. O seu Grupo B, junto com Holanda, Alemanha, Grã-Bretanha, Canadá e África do Sul, é disparado o mais forte de Tóquio 2020. Os belgas, que foram os mais regulares desde 2016, rivalizam com a Holanda e a Alemanha como principal força desta chave, onde é imprevisível apostar até mesmo em quem avança para às quartas de finais.

A Holanda, treinada pelo excelente argentino Max Caldas, foi vice-campeã mundial e fez um ciclo de altos e baixos, mas é uma das potências do esporte. Mistura veteranos com novatos e fisicamente é fortíssima. Já a Alemanha é uma das donas da modalidade entre os homens. Além da sua liga ser uma das mais disputadas, traz atletas com bastante rodagem internacional. E claro, nunca se descarta a Grã Bretanha, pioneira e que apronta surpresas.

Após um ciclo olímpico bastante agitado, Tóquio 2020 reserva mais imprevisibilidade quanto aos campeões. A única franca favorita, de fato, é a equipe holandesa entre as mulheres. Um time quase imbatível e que, mesmo em seus dias ruins, parece um estágio acima das demais. Porém estamos falando de Olimpíadas. E como se provou em 2016, os quatro quartos que decidem tudo.
 
Fotos: Brendan Moran/Sportsfile e PTI

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