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Grand Slam de Judô - Baku - Dia 01: Kitadai e Rafaela Silva campeões, Pimenta bronze


Início de competição DOURADA para o judô brasileiro. Com performance de gala, a seleção abocanhou três medalhas no primeiro dia de disputas do Grand Slam de Judô de Baku, no Azerbaijão. Felipe Kitadai (-60kg) e Rafaela Silva (-57kg) subiram no lugar mais alto do pódio, enquanto Larissa Pimenta (-52kg), mantendo a impressionante regularidade, conseguiu seu sexto pódio seguido na temporada. 

Os resultados deixaram o país em primeiro lugar no quadro de medalhas geral da competição, que segue até o domingo. 

FELIPE KITADAI É OURO


Se parecia que Éric Takabatake estava tranquilo na corrida para Tóquio/2020, Felipe Kitadai mostrou que não entregou os pontos. O medalhista de bronze do Brasil na Olimpíada de Londres/2012 tem crescido nas últimas competições e corou a temporada de recuperação com o ouro em Baku, incendiando a disputa. Com a vitória, o atleta também se candidata a uma vaga na seleção que irá ao mundial do Japão no segundo semestre.

E não foi "só" o título. Kitadai deu um verdadeiro show no Azerbaijão, vencendo grandes nomes da categoria. Na luta inicial, de cara, enfrentou o azeri Orkhan Safarov, vice-campeão mundial em 2017. Na segunda luta, foi a vez de enfrentar o campeão europeu de 2018, o russo Islam Yashuev. 

Nas quartas de finais, o brasileiro se deparou com o georgiano Jaba Papinashvili, atual campeão mundial júnior, alcançando às semifinais. Na busca pela final, Kitadai enfrentou Francisco Garrigos, da Espanha. A disputa foi emocionante, com o espanhol saindo na frente com um waza-ari, mas a determinação do judoca brasileiro, que já vencera lutas anteriores de virada, era maior. Com duas projeções nos 20 segundos finais de combate, virou o placar e se garantiu para a disputa do ouro.

O foco de Kitadai não mudou na final contra o georgiano Temur Nozadze, bronze no Grand Slam de Paris neste ano. O brasileiro aplicou dois golpes, pontuando em ambos com waza-ari e garantindo a inédita medalha de ouro em Grand Slam. A emoção do brasileiro arrebatou a todos os presentes.

Nosso campeão deu entrevista logo depois: "Hoje foi uma competição extremamente brigada como todas as minhas são. Não poderia ser diferente. Esse ouro veio muito suado. Foi um nível extremamente alto, contra atletas medalhistas em Mundial, campeões europeus e a gente ganhou", destacou o brasileiro após ouvir o hino do Brasil. 

RAFAELA SILVA CONQUISTA TÍTULO INÉDITO


Primeira mulher campeã mundial do Brasil. Primeira judoca do Brasil, entre homens e mulheres, a ser medalhista olímpica e campeã mundial. Cinco vezes campeã em Grands Prix. Bicampeã Pan-Americana de Judô. Falta algo? Faltava! Rafaela nunca havia sido campeã em Grands Slam, mas agora tem mais essa conquista no currículo. Bateu na trave esse ano, com o vice no Grand Slam de Dusseldorf e em outros dois eventos desse porte em anos anteriores. Porém, chegou a vez dela. 

A temporada regular era um presságio. E ouro veio em grande estilo, com direito à vitória sobre japonesa campeã mundial na final, Tsukasa Yoshida. A japonesa já havia ganho da brasileira neste ano, justamente na final do Grand Slam de Dusseldorf. Aliás, Rafaela nunca havia vencido a japonesa. 

Na final, Rafaela foi sempre agressiva e dominou as iniciativas do combate. Nos segundos finais da luta, conseguiu encaixar um golpe e pontuou com um waza-ari. Ouro inédito. Segundo do Brasil no dia.

Nas preliminares, a brasileira derrotou a sérvia Marica Perisic, de apenas 19 anos. Nas quartas, uma rival bem conhecida, a francesa Hélène Receveaux (FRA), bronze no Grand Prix de Tbilisi, que Rafaela venceu aplicando um lindo ippon. Nas semifinais, Hedvig Karakas, da Hungria, bronze no Grand Prix de Marraquexe, foi sua adversária, mas não consegui parar a brasileira.

"Estou muito feliz com meu desempenho aqui na competição. É meu primeiro Grand Slam com vitória. Muito feliz por realizar mais um sonho. Feliz não só por ganhar, mas também porque consegui soltar golpes e arriscar algumas coisas. Estou feliz de estar com essa intensidade na reta final para o Mundial. É manter os treinos e foco nos próximos objetivos", disse Rafaela.

LARISSA PIMENTA NO PÓDIO PELA SEXTA VEZ CONSECUTIVA NA TEMPORADA

Seis pódios seguidos na temporada. Larissa Pimenta vem em franca evolução e está cada vez mais dominante, no Brasil, na categoria -52kg. 

A saída de Érika Miranda impactou a todos. Uma das melhores atletas do nosso judô era esperada em Tóquio/2020, para tentar sua inédita medalha olímpica. Cinco vezes medalhista em mundiais, a judoca era (e é) referência na modalidade. A saída foi minimizada pelo surgimento de Jéssica Pereira, que vinha mostrando grande valor e técnica. Porém, novo baque: Jéssica caiu no doping. A categoria parecia órfã. Eis que, dois bons valores surgiram: Eleudis Valentim e Larissa Pimenta. Mas a desconfiança pairava no ar: será que vão segurar a força das suas antecessoras?

Ambas fizeram boas competições na temporada, mas Larissa começou a se destacar mais. Desde vitórias sobre adversárias experientes e fortes, até os pódios foi uma evolução meteórica. Larissa se tornou, em pouco tempo, uma das principais esperanças do Brasil por bons resultados. Sempre se espera algo dela. 

Hoje não foi diferente. A primeira luta foi contra a espanhola Estrella Lopez Sheriff, medalhista de bronze no Grand Prix de Marraquexe, e a vitória veio para a brasileira. Na segunda luta, Agata Perenc (POL) e mais uma vitória. Larissa só parou diante da japonesa Ai Shishime, que teve a infelicidade de enfrentar logo nas quartas. A japonesa é a atual vice-campeã mundial e foi campeã no mundial de 2017.

Na repescagem, enfrentou Alesya Kuznetsova (RUS) e obteve mais uma vitória. Na disputa pelo bronze, Larissa teve em sua frente justamente Eleudis Valentim. O resultado representou a temporada. A luta foi dura, indo para o Golden Score, mas Pimenta levou a melhor no final, para ficar com a medalha de bronze. A primeira em Grand Slam.

"Estou muito feliz com minha primeira medalha em um Grand Slam. Estou em um processo de evolução, e é uma sensação inexplicável. Gostei muito da minha competição", avaliou Pimenta, que já fez nove competições neste ano e foi ao pódio sete vezes. 

O desempenho de Eleudis também deve ser exaltado. Vitórias nas preliminares contra Anna Kazyulina (KAZ), Ana Perez Box (ESP), prata no Grand Slam de Ecaterimburgo, e a cabeça de chave Evelyne Tschoop (SUI). Perdeu nas semifinais para a francesa Amandine Buchard, atual medalhista de bronze mundial, e diante da Larissa Pimenta na disputa pelo bronze.

VITÓRIA ÉPICA SOBRE JAPONESA E 5º LUGAR PARA GABRIELA CHIBANA

Outro momento marcou o dia de competições para o Brasil. Quem viu o chaveamento, logo percebeu o "azar" de Gabriela Chibana (-48kg). Ela lutaria com a japonesa Ami Kondo logo na segunda rodada. E assim aconteceu. Chibana enfrentou a campeã mundial e seis vezes campeã em Grands Slam e, surpreendentemente, a venceu com uma bela técnica de estrangulamento, abrindo a chave. Porém, logo em seguida, nas quartas de finais, foi derrotada pela portuguesa Maria Siderot, indo para a repescagem. 

Uma vitória sobre Melanie Clemant reacendeu as esperanças de uma medalhas, mas Chibana, que vinha de uma temporada irregular, perdeu para outra portuguesa: Catarina Costa. 5º lugar, igualando Eleudis.

DERROTAS NAS PRELIMINARES

O bom desempenho do país poderia ter sido ainda melhor. Bons judocas pararam nas lutas preliminares. 

Phelipe Pelim (-60kg), cabeça de chave, venceu a primeira luta contra o turco Samet Kumtas, mas perdeu a seguinte diante do russo Yago Abuladze.

Nathália Brígida (-48kg) venceu a primeira luta contra a romena Alexandra Pop, mas perdeu em seguida para, adivinhem, uma portuguesa: Catarina Costa. 

Charles Chibana e Daniel Cargnin lutaram na -66kg. Chibana perdeu na primeira luta diante de Ibrahim Aliyev (AZE). Daniel não teve melhor sorte. Venceu o azeri Ilkin Babazada na rodada inicial, mas perdeu para Baskhuu Yondonperenlei (MGL).

Para não perdermos o costume, vamos aos resultados finais por categoria.

CATEGORIAS FEMININAS

-48kg

Acompanhar a temporada de judô é ver nascer o futuro. Atleta de apenas 20 anos de idade, a espanhola Laura Martinez Abelenda, bronze no mundial júnior, derrotou a compatriota Júlia Figueroa, vencedora do Grand Prix de Marraquexe. A jovem conquistou o primeiro ouro no World Tour da IJF e foi às lagrimas ao final do combate, após aplicar um o-soto-gari: ippon.  

A primeira medalha de bronze foi conquistada por Catarina Costa (POR). A portuguesa foi responsável por tirar Nathália Brígida da competição e, na disputa pelo bronze, venceu outra brasileira, Gabriela Chibana.

A segunda medalha de bronze foi vencida por Milica Nikolic (SRB), oito vezes medalhista de Grand Prix, após a desclassificação de Maria Siderot (POR) por punições.

-52kg


Nunca é exagero exaltar a geração francesa de judocas femininas. Amandine Buchard (FRA) fez questão de confirmar isso. Vencedora do Grand Prix de Marraquexe, a francesa venceu, na final, a japonesa Ai Shishime, campeã mundial em 2017 e vice em 2018. A japonesa sofreu uma lesão durante o embate e teve de desistir. Não voltou sequer para buscar a medalha.

As primeira medalha de bronze ficou com Gefen Primo (ISR), vencendo por waza-ari Evelyne Tschopp (SUI)

O segundo combate por medalha foi 100% verde e amarelo. Larissa Pimenta e Eleudis Valentim mediram força. A disputa representa a corrida da categoria para os jogos de Tóquio. E, cada vez mais, Pimenta vai se consolidando. Com a vitória por um placar de waza-ari, após um sode-tsurikomi-goshi.

-57kg


Mais um embate da atual campeã olímpica, Rafaela Silva, e da atual campeã mundial, Tsukasa Yoshida, repetindo a final do Grand Slam de Dusseldorf, quando a brasileira saiu derrotada. Dessa vez, a história foi diferente. Quem se sagrou campeã foi Rafaela Silva, para conquistar seu primeiro ouro em Grands Slam.

Hedvig Karakas (HUN) e Hélène Receveaux (FRA) completaram o pódio. Bronze para elas.  

CATEGORIAS MASCULINAS

-60kg


Conquista inédita para o brasileiro Felipe Kitadai. Mantendo a tendência de melhoria na temporária, Kitadai foi irrepreensível hoje. O medalhista olímpico de bronze em Londres/2012, que já havia amargado três medalhas de prata em Grands Slam, venceu, na final, Temur Nozadze (GEO). O brasileiro jogou gasolina e fogo na disputa interna para Tóquio/2020.

Medalhista de prata no Grand Slam de Osaka, Yago Abuladze (RUS) venceu Francisco Garrigos (ESP) para conquistar a medalha de bronze. Amartuvshin Dashdavaa (MGL) ficou com a segunda medalha de bronze, ao vencer Walide Khyar (FRA)

-66kg


Colocando, dia após dia, a Moldávia no mapa mundial do Judô, o vencedor do Grand Slam de Paris, Denis Vieru (MDA), venceu seu segundo título de Grand Slam da temporada, ao derrotar o medalhista de bronze do Grand Prix de Tashkent, Nijat Shikhalizada (AZE). Vieru, de 23 anos, venceu o terceiro evento da temporada da World Tour da IJF, em quatro competições disputadas. O país de Vieru nunca ganhou medalhas de ouro em olimpíadas. Será que dá pra sonhar?

As medalhas de bronze foram distribuídas para Baskhuu Yondonperenlei (MGL), que derrotou Daniel Cargnin nas preliminares, e Bogdan Iadov (UKR).

Fotos: Divulgação

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