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Aos 35 anos, judoca medalhista olímpico Leandro Guilheiro, mantém desejo de competir


Todos os atletas são confrontados com a natureza implacável do esporte. Muitas vezes, não há segundas chances e o fim de uma Olimpíada ou de um campeonato Mundial pode estar a apenas alguns segundos de ser liquidado, após tanto tempo de preparação. Ao mesmo tempo que essa adrenalina causa temor, causa fascínio. Pode ser esse desejo que faça um de nossos maiores e melhores judocas, Leandro Guilheiro, manter-se ativo no esporte.

Guilheiro dispensa apresentações. Mas é importante listar alguns de seus feitos: 2 bronzes olímpicos consecutivos (Atenas/2004 e Pequim/2008), um vice-campeonato mundial (Tóquio/2010) e um bronze (Paris/2011), campeão Pan-Americano em Guadalajara (2011), vencedor de dois Grand Slams (Rio/2010 e Paris/2010). Além de tantos outros pódios. Guilheiro, sem dúvida, deu-nos muitas alegrias no esporte.

Mas o que move o campeão, agora com 35 anos, a continuar?

Leandro, que está há alguns anos na categoria -81kg, disputou, no último final de semana, o Grand Prix de Marraquexe, no Marrocos, e parou na primeira luta diante de Alfonso Urquiza Solana (ESP), após receber três punições.


Como não passou pela seletiva nacional, Leandro Guilheiro não está sendo patrocinado pela CBJ, mas, conforme regulamento da entidade, pode defender as cores do Brasil, só que, para isso, teve de ir ao Marrocos com recursos próprios.

"Estou tão frustrado. Realmente senti que poderia jogá-lo", afirmou Guilheiro. “A pontuação (waza-ari) foi cancelada um pouco antes e depois fui desclassificado por um terceiro shido, pelo problema com o meu judogi e não conhecia essa regra, onde você ganha um shido por não arrumar automaticamente o seu kimono. Sempre tento vencer por ippon, essa é a minha ambição em todas lutas, e perder por punições realmente me decepciona”, concluiu. 

Na corrida para as Olimpíadas de Londres/2012, Leandro Guilheiro era considerando um dos favoritos, sendo, naquela oportunidade, era vice-campeão mundial e campeão Pan-Americano, e vinha de duas medalhas olímpicas consecutivas, mas terminou os Jogos em 7º. 

O paulista sempre foi conhecido pelo seu estilo clássico de judô, utilizando belas técnicas comouchi-mata, hane-goshi e seoi-nage. 

"Eu tive uma grande chance de ganhar minha terceira medalha olímpica em Londres, mas não deu certo para mim e essa memória ainda está comigo", disse Guilheiro, cuja última medalha da IJF World Tour foi em 2011, uma prata no Grand Slam de Tóquio.

O querido judoca passou por diversas dificuldades desde o seu período de domínio no Judô: “Eu tive um ligamento rompido. Fiz quatro cirurgias e não estava em um bom momento pessoalmente. Acabei perdendo as Olimpíadas em minha casa, no Rio 2016, pois não me senti saudável". 

Leandro conta que passou tanto tempo distante que, ao retornar, muitas regras haviam mudado: “Quando voltei em 2015, o judô parecia um esporte diferente para mim. Houve muitas mudanças de regras e tive que tentar mudar muitas coisas no meu judô. Voltei com pressa, houve pressão, queria estar lá (na Rio/2016), todo mundo queria que eu lutasse e vencesse e comecei a pegar outras lesões, principalmente nas costas", afirma o atleta.

“Hoje me sinto bem fisicamente e tecnicamente, minha mente é boa, estou curtindo o judô. Eu me sinto tão bem em treinar, tenho os melhores parceiros de treinamento do mundo, minha questão é trazer isso para uma competição e me apresentar como eu sei que ainda posso”.

Apesar da derrota em Marraquexe, Leandro sempre mantém o respeito, uma das suas marcas registradas. Vitória ou derrota, o respeito é o maior atributo do judô. 


"Respeito é a parte mais importante do nosso esporte", disse. “Na vida, você aprende a perder, a cair, a se levantar e a continuar, e isso é judô. Ninguém tem culpa, se você ganhar ou perder, você é igual como pessoas e como atletas. Minha formação em judô tem sido um estilo parecida com a dos japonês e eu sou grato por isso. Isso explica o meu caráter no esporte e na minha vida”.

Inevitavelmente, para um atleta de elite aos 35 anos, o futuro sempre entra em pauta. E Leandro responde: "Eu não tenho ideia sobre o meu futuro, mas eu acredito que ainda posso alcançar algumas coisas neste esporte, eu ainda posso trazer medalhas e esse é meu desejo agora. Quero superar meus desafios. É um momento difícil, mas ainda estou de pé e minha mente é forte"

Questionado sobre o fato de ter que se bancar no esporte atualmente, o judoca é emblemático: "Não sinto que o financiamento próprio é ruim, estou investindo no meu sonho. Estou determinado, não posso dizer o porquê de continuar, de fazer essas longas viagens. Não sei o que o futuro me reserva, mas ainda tenho um fogo dentro de mim”.


Fonte/Fotos: IJF

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