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Grand Slam de Judô - Dusseldorf - Último dia: Mayra Aguiar é campeã e Altheman ganha bronze


O domingo do judô brasileiro foi dourado. Mayra Aguiar mostrou porque é uma das melhores judocas do mundo e uma das melhores atletas brasileiras da nossa história esportiva. Bicampeã mundial, além de outros três pódios em mundiais, dois bronzes olímpicos, Mayra conquistou hoje seu quinto título em Grand Slam e sua décima quarta medalha em eventos desse porte. É ou não é inacreditável? A atleta tem 27 anos.

A primeira luta de Mayra foi contra a dona da casa Teresa Zenker e a brasileira passou sem maiores dificuldades. Nas oitavas a adversária foi a portuguesa Patrícia Sampaio e nova vitória de Mayra. Nas quartas de finais, a judoca reencontrou a austríaca Bernadette Graf, sua algoz no aberto de Obereart, há uma semana. Dessa vez, a brasileira não deu chances e garantiu a vaga nas semifinais.

No combate que valia uma vaga na final, Mayra Aguiar encontrou com a eslovena Klara Apotekar, que foi ouro no Grand Prix de Tel Aviv neste ano. A brasileira projetou a eslovena duas vezes no tatame para chegar à final. Na segunda, aplicou um ashi-waza (técnica de pernas), o seu quarto ippon no dia.

A decisão da categoria colocou Mayra mais uma vez diante de uma alemã. Anna Maria Wagner e toda a torcida alemã subiram no tatame para enfrentar a bicampeã mundial. Sempre mais agressiva e fria, Mayra controlou toda a luta e em nenhum momento se precipitou. Esperou o momento certo para aplicar um o-soto-gari, faltando 15 segundos para o fim da luta no tempo normal, e pontuar com um waza-ari, que lhe garantiu seu primeiro ouro em 2019.

A vibração de Mayra com a vitória foi contagiante. Há três anos a judoca não ganhava um Grand Slam. A última conquista desse porte foi em Paris/2016.

Além de Mayra, outra judoca bastante conhecida dos brasileiros subiu ao pódio. Maria Suelen Altheman conquistou o bronze na categoria +78kg, sua 11ª medalha em Grand Slam. 

Aliás, com a medalha de Rafaela Silva no primeiro dia de competições, o Grand Slam de Dusseldorf, na Alemanha, serviu para nos mostrar o quanto essa geração do judô feminino é um verdadeiro marco para o esporte nacional e tem ainda a oferecer. O Surto tratou sobre ela (a geração de ouro) na Coluna Surtado no Esporte.

Na primeira luta do dia, Maria Suelen reencontrou a antiga amiga de seleção Rochele Nunes, que se naturalizou portuguesa e agora defende as cores lusitanas. Maria Suelen Altheman venceu a ex-companheira e seguiu para as quartas, onde enfrentou Iryna Kindzerska (AZE). A luta foi resolvida nas punições. A brasileira recebeu uma a mais do que a Azéri, por falta de combatividade. Maria Suelen chegou a mostrar insatisfação no tatame, querendo a punição da Azéri devido ao grande número de (aparentes) ataques falsos.

Porém, a judoca não se abateu. Venceu na repescagem Julia Tolofua (FRA), que derrotou a brasileira Beatriz Souza na primeira rodada. Na disputa pelo bronze, Altheman teve um páreo duro, a número dois do mundo Larisa Ceric (BIH), bronze no mundial do ano passado, e, após três punições, a atleta da Bósnia e Herzegovina, foi desclassificada, garantindo a brasileira no quinto pódio do Brasil em Dusseldorf, todos no feminino.


Se as mulheres apresentaram uma incrível evolução desde o Grand Slam de Paris, o único judoca da seleção masculina a disputar uma medalha durante os três dias foi Leonardo Gonçalves, que ficou em quinto lugar hoje. Vitória sobre o indiano Avtar Singh. Na sequência, Leonardo venceu o chinês Erihemubatu e o estoniano Grigori Minaskin.

Nas quartas, entretanto, o brasileiro teve pela frente o japonês Kentaro Ilda e foi derrota em menos de 15 segundos de luta. Ippon! Na primeira luta da repescagem foi muito bem e bateu Ramadan Darwish do Egito, bronze no mundial de Rotterdan/2009. Na disputa pelo bronze, parou diante do austríaco Laurin Boehler, terminando em quinto lugar. Com a pontuação que irá receber, se aproximará de Rafael Buzacarini, que caiu na primeira luta, e esquentará a disputa para Tóquio.

No mais, o destaque da equipe masculina foi negativo. Desempenho bem aquém do esperado. Mesmo assim, sabe-se que a seleção conta com grandes talentos e tem condições de reverter essa situação. Lembrando que foi a primeira competição dos homens no ano. 

Outros brasileiros também lutaram no último dia do Grand Slam de Dusseldorf. 

Eduardo Bettoni (-90kg) abriu os trabalhos para o Brasil no último dia de competições e foi com vitória. O judoca derrotou o sérvio Peter Zilka. Contudo, teve uma grande falta de sorte na chave e, já na segunda rodada, enfrentou o espanhol campeão do mundo e número um no ranking mundial Nikoloz Sherazadishvili, perdendo o combate.

O outro brasileiro em disputa no peso -90kg era Rafael Macedo. O ex-campeão júnior passou da primeira rodada, após uma luta contra o tunisiano Oussama Snoussi. Na segunda rodada, contra o dominicano Robert Florentino, não teve a mesma sorte e foi derrotado pelo caribenho de apenas 21 anos. Florentino foi vice-campeão mundial júnior em 2017.

Rafael Buzacarini (-100kg), líder na corrida interna para Tóquio, se despediu do torneio na primeira rodada diante do tcheco Michal Horak.

No peso pesado, dois brasileiros subiram no tatame: Rafael Silva (Baby) e Jonas Inocêncio. As campanhas foram similares. Baby, cabeça de chave, venceu a primeira contra Levani Matiashvili (GEO), parando nas oitavas diante de Yusei Ogawa do Japão. Jonas ganhou a primeira de Harum Sadikovic (BIH), mas foi derrotado em seguida pelo mongol cabeça de chave 1 Duurenbayar Ulziibayar, que acabou subindo ao pódio da competição.

Samanta Soares, que mantinha certa proximidade de Mayra na corrida olímpica, viu a distância para sua concorrente disparar, já que perdeu na primeira rodada para Natalie Powell (GBR), cabeça de chave na competição bronze no mundial de 2017, e presenciou a colega subir ao lugar mais alto do pódio.

Outra atleta que não se deu bem foi Beatriz Souza. A jovem e talentosa brasileira perdeu na primeira rodada para Julia Tolofua (FRA), enquanto que Maria Suelen subiu ao pódio, aumentando a distância no ranking entre as duas.

Vamos aos resultados gerais. 

CATEGORIAS FEMININAS

(-78kg)

Essa categoria já sabemos bem. A bicampeã mundial e duas vezes medalhista olímpica Mayra Aguiar foi a vencedora e ouviu do alto do pódio o hino do Brasil. Desde 2017 ela não subia no lugar mais alto do pódio no circuito mundial de judô da IJF. Na final, Mayrão venceu Anna Maria Wagner, atleta da casa, bronze no Grand Prix de Zagreb. A brasileira não conteve o sorriso ao voltar a vencer uma competição de alto nível.

As medalhas de bronze foram vencidas pela ex-vencedora do Grand Prix de Hohhot Bernadette Graf (AUT) e por Klara Apotekar (SLO), que perdeu pra Mayra nas semifinais.


(+78kg) 

Ela não entra para perder. A estupenda cubana Idalys Ortiz derrotou a bicampeã mundial Sarah Asahina (JPN), reeditando a final do campeonato mundial de Baku, no ano passado. Naquela ocasião, a cubana foi derrota e amargou o segundo lugar. Agora, Idalys garantiu o título do Grand Slam após sua adversária sofrer três shidos.

Nos últimos três meses, Idalys conquistou três Grand Slam: Osaka (23/11/2018), Paris (09/02/2019) e agora Dusseldorf. A judoca sete vezes medalhista em mundiais demonstra que está em grande fase aos 29 anos.

O primeiro bronze ficou com a brasileira Maria Suelen Altheman, como vimos acima, e a segunda com Iryna Kindzerska (AZE).


CATEGORIA MASCULINA 

(-90kg) 

O medalhista de bronze do Grand Prix de Tel Aviv, Mammadali Mehdiyev (AZE), derrotou o medalhista de bronze do Grand Prix de Osaka, Sanshiro Murao (JPN),de apenas 18 anos. O número sete do mundo impediu que Murao, estudante do ensino médio, ganhasse o primeiro título do circuito mundial IJF de Judo. O japonês chamou atenção das eliminatórias, mas Mehdiyez conseguiu a pontuação de um waza-ari, o que foi suficiente para lhe garantir o título.

O campeão europeu, Mikhail Igolnikov (RUS) e o medalhista de bronze no Grand Prix de Tel Aviv, neste ano, Jesper Smink (NED) ficaram com o bronze.

(-100kg) 

O medalhista de bronze do World Judo Masters, Kentaro Ilda (JPN) garantiu o seu segundo título de Grand Slam. A jovem estrela japonesa levou a final contra o campeão mundial Cho Guham (KOR), não dando chances para o dono do backpatch vermelho. O japonês aplicou um de-ashi-barai que fez a multidão vibrar.

A primeira medalha de bronze foi ganha por Laurin Boehlar (AUT), que venceu o brasileiro Leonardo Gonçalves por ippon, em uma luta que foi apra o Golden Score.

A segunda medalha de bronze foi para o número 25 do mundo, Zelim Kotsoiev, após derrotar Bojan Dosen (SRB).

(+100kg)

O medalhista olímpico de prata Hisayoshi Harasawa (JPN) venceu seu quinto título de Grand Slam ao derrotar de forma convincente o vencedor do Grand Slam de Abu Dhabi, Inal Tasoev (RUS). O medalhista de bronze mundial Harasawa, que levou a prata em Paris há duas semanas, teve um começo estelar e encerrou o segundo Grand Slam da temporada em alta com um ippon ao aplicar um uchi-mata depois de 90 segundos.

Os bronzes ficaram com Duurenbayar Ulziibayar (MGL) e Stephan Hegil (AUT).

Quadro de Medalhas

Brasil ficou bem posicionado no quadro de medalhas, com a segunda colocação geral. A competição reuniu alguns dos melhores judocas do mundo.


A seleção brasileira de judô retornará ao tatame do Circuito Mundial da FIJ em março para o Grand Slam de Ecaterimburgo, na Rússia. Enquanto isso, caro leitor, fique ligado que essa semana o Surto divulgará o ranking olímpico atualizado e, pelos resultados na Alemanha, haverá novidades interessantes. Aguardem.

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