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Surto História: Cuba e a era de ouro do esporte com Fidel Castro


Fidel Castro, que liderou Cuba por quase meio século e faleceu neste sábado (26), era um grande amante dos esportes. Ele, que jogou beisebol na juventude, dois anos após assumir a presidência de Cuba ele criou o Instituto Nacional de Esporte, Educação Física e Recreação em 1961 com intuito desenvolver esportivamente os atletas e futuramente virar uma potência olímpica, pois para Fidel, o sucesso esportivo era uma ótima ferramenta de propaganda do sistema socialista que ele implantara na ilha caribenha.

Com ajuda da União Soviética, Cuba investiu pesado no esporte formando profissionais de educação física especializados em diversas modalidades, além de construir milhares de centros esportivos pela ilha. Os atletas que se mostram promissores nesses centros, que eram usados pelas escolas cubanas, eram selecionados para os programas de esportes de alto nível e recebiam condicionamento, equipamento e treinadores.

E o programa rapidamente fez resultado. Até os Jogos Olímpicos de Roma em 1960, Cuba tinha apenas 12 medalhas olímpicas. E na primeira olimpíada após o início do programa de desenvolvimento esportivo de Fidel, Cuba já demonstrou evoluir esportivamente com uma medalha de prata conquistada Enrique Figueirola nos 100 metros rasos, quebrando um jejum de 16 anos sem medalhas para Cuba ( A última tinha sido em Londres 1948)

Nos Jogos Olímpicos da Cidade do México, Cuba enviou 115 atletas aos jogos e conquistou mais quatro medalhas de prata, sendo duas no boxe, esporte que Cuba dominaria nos anos seguintes. Em Munique 1972, vieram as três primeiras medalhas de ouro, as primeiras desde 1904, no boxe. E também surgia o primeiro grande ídolo do esporte cubano, Teófilo Stevenson. Cuba terminou na sua melhor posição no quadro de medalhas, em décimo quarto lugar.

Em Montreal 1976, Cuba Atingiu o top 10 do quadro de medalhas, ficando na oitava colocação com treze medalhas, sendo oito só no boxe, onde já tinha virado potência. Em Montreal veio primeira medalha de um esporte coletivo, com o bronze conquistado com a seleção de vôlei masculina.

Em Moscou 1980, com o boicote de vários países, Cuba conseguiu sua melhor posição no quadro de medalhas, quarto lugar. Nesses jogos que Stevenson virou lenda do esporte olímpico ao conseguir o tricampeonato olímpico. E Maria Caridad Colón foi a primeira cubana a conquistar uma medalha de ouro, no arremesso de dardo.

Em 1984 e 1988, Cuba não disputou por causa de boicotes políticos e só voltou nos jogos de Barcelona, em 1992, os primeiros sem a União Soviética, grande parceiro esportivo de Cuba. Mas foram nesses Jogos que os cubanos tiveram o melhor desempenho esportivo de sua história: Recorde de medalhas conquistadas (31) e de ouros (14), ficando na quinta colocação no quadro de medalhas. Novos ícones esportivos surgiam como Javier Sotomayor no salto em altura (que detém o recorde mundial até hoje), Félix Savón no boxe (Cuba conquistou oito ouros na modalidade) e Regla torres e Mireya Luis, do vôlei feminino. A seleção de Beisebol  ganhou sua primeira medalha de ouro em Barcelona, algo que foi muito festejado por Fidel Castro, pois este era um de seus esportes preferidos.

Em 1996 em Atlanta o  bom desempenho em esportes que dão muitas medalhas se manteve, como o Judô, o boxe, o levantamento de peso e a luta. Beisebol e vôlei feminino foram bi olímpicos e Cuba terminou em oitavo no quadro de medalhas. Em Sydney, Félix Savón e o vôlei feminino conquistam o tri olímpico e entram na história do esporte cubano, que conquista medalhas no Taekwondo e na canoagem. Em Sydney foi quando Cuba teve a maior delegação da sua história com 229 atletas.

E foi apenas em 2004, Foi quando Cuba começou a sentir no âmbito esportivo a crise econômica e falta da parceira União Soviética. Décimo primeiro lugar no quadro de medalhas, graças ao boxe, que manteve o ótimo aproveitamento em medalhas de ouro.

Em 2008, Fidel, já debilitado pela doença, passou a presidência de Cuba para seu irmão mais novo, Raul Castro. Em 2008 nos Jogos de Pequim, Cuba só conquistou duas medalhas de ouro, nenhuma no boxe e menor número de ouros desde 1972,  terminando na vigésima oitava posição. O Cuba teve alguma melhora nos quadros de medalha de Londres e Rio de Janeiro, mas nada comparado a fase de ouro do esporte entre 1972 e 2000.

E Graças a esse período dourado, Cuba, com 220 medalhas olímpicas, é o país latino americano com mais medalhas olímpicas. O Brasil, segundo colocado, tem 128 medalhas. Cuba também é o quarto país que nunca sediou os jogos olímpicos com mais medalhas, perdendo apenas para Hungria, Romênia e Polônia. Seus treinadores viraram sinônimo de sucesso, sendo que em 2011, havia 600 treinadores cubanos operando em mais 100 países - Brasil incluso. 

Apesar de bem-sucedido, o programa esportivo cubano tem sua cota de polêmicas e pontos questionáveis. O profissionalismo foi abolido nos esportes por conta dos princípios socialistas de igualdade, o que motivou a deserção de atletas em diversas ocasiões, especialmente quando saíam do país para disputa de eventos como a Olimpíada e Jogos Pan-Americanos.

Cuba também sediou os jogos Pan-Americanos em 1991 e nesse Jogos vimos Fidel Castro torcedor, presente em vários eventos torcendo por Cuba. Ele viu a seleção brasileira de basquete comandada Magic Paula e Hortência vencerem a seleção cubana em casa e fez questão de falar com as brasileiras, em um dos momentos mais marcantes dos jogos.





foto: Getty Images

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