Com o fim dos Jogos Paralímpicos Rio 2016, o aeroporto internacional
do Rio de Janeiro mais parecia palco de uma grande festa de
confraternização universal na segunda-feira (19.09). A estratégia
especial de despedida e agradecimento do Galeão às centenas de
delegações que passaram por lá durante todo o dia ocorreu em forma de
música, com a apresentação de diversas bandas e artistas, exibição de
filmes ao longo do dia, exposições interativas e outras intervenções
culturais.
Em um único dia, o aeroporto recebeu aproximadamente 62 mil
passageiros, sendo mais de 4.500 integrantes da Família Paralímpica e
cerca de 830 atletas cadeirantes. Este número diário representa um
volume até 13 vezes maior que o usual. Para garantir que a comodidade ao
atleta com deficiência fosse completa, a operação começou a ser
estudada e planejada em 2011.
"Nós reunimos através da Conaer (Comissão Nacional de autoridades
aeroportuárias) esforços de todos os órgãos públicos que tem atividades
nos aeroportos. O planejamento contemplou todos os grandes eventos até
aqui, que foram Copa do Mundo, Jogos Olímpicos e Jogos Paralímpicos. E o
nosso maior desafio foi a operação nas Paralimpíadas, por conta da
quantidade de equipamentos, cadeiras de rodas e fluxo geral. Para que
desse tudo certo, nós fizemos diversos simulados de acessibilidade nos
principais aeroportos do Brasil", afirmou o diretor de gestão
aeroportuária da Secretaria de Aviação Civil (SAC), Paulo Henrique
Possas.
Do lado de fora do aeroporto, rampas de acesso foram montadas
estrategicamente no mesmo nível das portas dos ônibus para facilitar o
desembarque dos cadeirantes."Está tudo muito acessível, desde a Vila dos
Atletas até a chegada ao aeroporto. Espero que continue assim sempre.
As rampas facilitam muito a nossa locomoção e vi rampas em todos os
lugares. Os brasileiros foram muito amáveis", disse o atleta mexicano da
bocha adaptada Damian Oseguera, que veio ao Brasil para sua primeira
participação paralímpica.
Conterrânea dele, Liz Lopez, do atletismo em cadeira de rodas, também
fez sua estreia em Paralimpíada. "Todo o cuidado com os atletas foi
incrível. Não tive nenhum problema durante a estadia. Os voluntários
foram gentis desde o início até o no nosso embarque aqui no aeroporto.
Volto para casa com a impressão mais colorida possível das
Paralimpíadas", relatou a mexicana de 25 anos.
As companhias aéreas também criaram um esquema especial de atendimento e
abriram o check-in cinco horas antes dos voos para que o embarque fosse
tranquilo e diluído ao longo do dia. Além disso, assim como nas
Olimpíadas, foi montado um mini aeroporto na Vila dos Atletas para
oferecer a opção de check-in antecipado e despacho remoto de bagagens.
Essa logística facilitou consideravelmente a circulação das equipes
pelos saguões.
"Todos os aeroportos passaram por vistoria inicial da Casa Civil e da
própria SAC, onde foram apontadas todas as providências que deveriam
ser tomadas dentro de um prazo, como o alinhamento de rampas, banheiros
adequados, piso tátil, entre outros. O nosso grande objetivo agora é que
essas adequações sirvam como legado para todos os aeroportos do
Brasil", disse Possas.
Para Matt Scott, jogador veterano da seleção norte americana de
basquete em cadeira de rodas, medalhista de ouro no Rio 2016, a
preocupação com a acessibilidade superou o Parapan do Rio 2007, quando
os Estados Unidos também levaram para casa a medalha de ouro. "Eu estive
no Rio em 2007 e agora posso afirmar que as condições estão muito
melhores. As cadeiras deslizam facilmente pelo chão, os banheiros estão
preparados para atender um cadeirante, tem muitas pessoas nos ajudando
no que é preciso e estou realmente feliz", avaliou o atleta de 31 anos,
enquanto aguardava o embarque para casa com um novo amigo de carona na
cadeira de rodas: o simpático mascote dos Jogos Paralímpicos, Tom.
Foto: Brasil 2016
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