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Surto História: Quando a dor não parou Kerry Strug


A competição da final por equipes da ginástica artística feminina nos jogos de Atlanta 1996 prometia ser interessante, pois era a primeira em que as nações que se separaram da União Soviética competiam de forma independente.

Mas russas não tinham perdido o favoritismo por causa disso, enquanto as romenas sempre estavam entre as melhores do mundo. As norte-americanas corriam por fora, mas tinham a vantagem de disputar a competição olímpica em casa. Em 1992 as americanas haviam ficado com o bronze e estavam bem cotadas a repetir a medalha em Atlanta. Na competição por equipes - além de Rússia, Romênia e Estados Unidos - a Ucrânia tinha uma seleção forte que disputou as primeiras posições.

No primeiro dia de disputa a Rússia conseguiu se manter à frente, mas com uma pequena diferença. No dia da grande final, os Estados Unidos passaram a frente durante as provas, e as norte-americanas teriam o salto sobre cavalo como última prova, enquanto as russas disputariam o solo. O equilíbrio foi forte entre as duas nações, até que a americana Dominique Moceanu, uma das melhores ginastas americanas, não saltou muito bem, caindo duas vezes na hora do pouso. A incumbência de conquistar o ouro ficou, então, para Kerri Strug, uma das ginastas menos badaladas da seleção norte-americana.

Kerri, que já tinha uma medalha de bronze, conquistada em Barcelona, só conseguiu a vaga na seleção americana por ter melhorado seu desempenho a partir da volta da aposentadoria de Bela Karyoli em 1995, técnico da lendária Nadia Comaneci e que após se exilar nos Estados Unidos, treinou a seleção americana feminina de ginástica.

Ela teria duas chances para saltar e fazer uma nota alta que garantisse a primeira medalha de ouro por equipes da ginastica feminina dos Estados Unidos. A Rússia tinha que fazer boas notas no solo. Strug fez o seu primeiro, só que ao realizar a queda no salto, ela acabou torcendo forte o tornozelo. Ainda tinha uma atleta russa para disputar a prova de solo e o ouro poderia ficar com as russas. A nota que Strug precisava teria que ser boa e ela estava mancando demais, não teria condições de saltar novamente.

Bela Karolyi veio falar com Strug, que perguntou do que os Estados Unidos precisava para conquistar o ouro. "Precisamos que você vá lá mais uma vez, pelo ouro. Você consegue e é melhor fazer". Strug foi, mancando ligeiramente, e todos no Georgia Dome não sabiam o que esperar. Mal sabiam se ela ia conseguir correr para saltar, quanto mais cair em pé após o salto. Mas ela se concentrou, respirou e surpreendeu a todos, executando a corrida e saltando. Após as piruetas no ar, ela aterrissou com os dois pés e rapidamente ficou em um pé só. O público americano presente delirou. Ela levou a nota 9.712, os Estados Unidos conseguiram o ouro com o primeiro salto de Strug, graças a falha das russas em pontuar mais no solo, mas o segundo salto de Strug entrou para história, como o exemplo de superação.

A ginasta foi carregada pelo seu técnico até o pódio, onde recebeu a medalha e depois foi ao hospital para cuidar da torção, que depois foi descoberto que ela teve dois ligamentos do tornozelo rompidos. Depois da final ela e a equipe feminina de ginástica viraram celebridades no país, ficando conhecidas como as 'sete magníficas'. Strug se aposentou ainda em 1996. E sobre seu feito memorável ela explicou o porquê de ter saltado novamente mesmo com uma grave contusão: 'Era uma Olimpíada. Eu sonho com isso desde que eu tinha cinco anos. Eu não ia desistir".


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