Desde 2014, o tiro com arco passou a frequentar o noticiário
esportivo brasileiro. O principal motivo atende pelo nome de Marcus
Vinicius D´Almeida, jovem de 18 anos responsável por resultados de
destaque nas últimas duas temporadas, como a prata nos Jogos Olímpicos
da Juventude em 2014, na China, e o vice-campeonato na etapa final da
Copa do Mundo do mesmo ano, na Suíça. Isso além do ouro no Mundial de
cadetes de 2015, nos Estados Unidos.
Também no ano passado, ele integrou
a equipe brasileira que conquistou o bronze no Pan de Toronto, no
Canadá, e ficou em nono no Mundial da Dinamarca. Marcus é a cara de uma
modalidade que recebe investimentos e que sonha com uma medalha inédita
nos Jogos Olímpicos Rio 2016.
“A meta é uma medalha, e as chances estão aumentando. Conseguimos uma
no Pan depois de 32 anos. Saímos de um posicionamento no ranking muito
ruim e hoje temos a equipe masculina entre as nove no mundo, algo
inédito. Isso nos dá asas e condições de planos mais ousados”, disse
Joice Simões, chefe da equipe brasileira.
Marcus Vinicius quer chegar aos Jogos no auge. “Minha meta é ter meu
melhor desempenho, bater o meu próprio recorde nas Olimpíadas em questão
de ranqueamento, e o combate é consequência”, disse.
O fator essencial que permite Marcus e a modalidade como um todo
sonharem mais alto é o investimento. Uma série de convênios firmados
entre o Ministério do Esporte e a Confederação Brasileira de Tiro com
Arco (CBTarco) desde 2011, num valor total de R$ 2,7 milhões, permitiu
modernização da infraestrutura, aquisição de equipamentos, contratação
de comissão técnica e participação em competições mundiais.
Novos convênios foram publicados no Diário Oficial da União em 5 de
janeiro deste ano. Pelo primeiro deles, com valor de R$ 2,19 milhões,
serão beneficiados 16 arqueiros com chances de participação nos Jogos,
com o financiamento para disputas de competições internacionais. Os
atletas contarão ainda com o apoio diário de uma equipe multidisciplinar
(técnico, auxiliares, fisioterapeuta, psicólogo e nutricionista).
Conforme permite o Plano Brasil Medalhas, outro convênio foi firmado
especificamente para a preparação de Marcus Vinícius para as Olimpíadas,
no valor de R$ 653,1 mil. O objetivo é que o atleta, que já recebe a
Bolsa Pódio, conte com mais estrutura técnica para brigar pela medalha.
O convênio prevê a contratação de uma equipe multidisciplinar completa
para o arqueiro, além da aquisição de equipamentos.
“Com certeza o apoio que a gente recebe em termos de estrutura foi o
que determinou a colocação que a gente está hoje. Só conseguimos chegar
nesse patamar devido a esse suporte”, disse Joice. “O Marcus tem
diferencial individualmente, tem estrutura e condições para buscar a
medalha. Ele é o atleta mais preparado”, reforçou a chefe da equipe
brasileira.
A primeira participação do tiro com arco brasileiro em Jogos foi em
Moscou, 1980, quando Renato Emílio ficou em 27º lugar no masculino, e
Arci Kempner foi a 26ª no feminino. Esse foi o melhor resultado obtido
pelo país na modalidade. O Brasil também esteve nas edições de 1984,
1988, 1992, 2008 e 2012, não tendo superado o 30º lugar.
Planejamento
De acordo com Joice Simões, a primeira fase do planejamento até os
Jogos é voltada para os treinos, que estão sendo realizados, desde 4 de
janeiro, na Escola de Educação Física do Exército, na Urca, no Rio de
Janeiro.
Nos primeiros meses, a Seleção deve participar de competições
menores, enquanto as seletivas olímpicas são realizadas. Vinte atletas
foram pré-selecionados para as quatro provas que estão marcadas para
março e abril. As seletivas definirão dois arqueiros de cada gênero, os
mais bem pontuados. Os outros dois, também de cada gênero, serão
convocados pela comissão técnica, com base no histórico do atleta.
“Quando formos pra as etapas da Copa do Mundo da Colômbia, em maio, e
para a Turquia, em junho, já teremos os quatro atletas definidos.
Nessas competições, os três que se derem melhor formarão a seleção, e o
quarto será o reserva”, explicou Joice.
Marcus aposta na mescla de foco e confiança como base da preparação
até os Jogos. “Vou treinar do mesmo jeito, mas com a cabeça melhor,
focado. Estou amadurecendo quanto a isso, estou aprendendo a fazer
também o equilíbrio de qualidade e quantidade. Tenho que confiar em mim,
e os melhores do mundo acreditam neles mesmos”, disse.
Foto: Brasil 2016
0 Comentários