No vôlei feminino atual, se você tem 1,76m pode tentar a sorte como líbero, ou quem sabe até levantadora, certo? E imagine que nos anos 90, uma atacante da mesma altura comandasse uma seleção ao tricampeonato olímpico de Vôlei? Sim, ela existiu, e seu nome é Mireya Luis, a 'baixinha' de 1,76m, que tinha uma impulsão fora do normal e que é considerada por muitos, a maior jogadora de vôlei de todos os tempos.
Mireya começou cedo na seleção principal cubana. Com 15 anos, foi sua primeira convocação. ganhando ouro no pan-americano de Caracas em 1983. Cuba ficou de fora dos jogos olímpicos de 84 e 88, o que fez Mireya e a seleção cubana estrear apenas em nos Jogos de Barcelona, quando a seleção cubana já tinha se consagrado no cenário mundial com uma das melhores seleções do mundo. Mireya também começava a ser protagonista dessa seleção, por causa do seu tamanho, da sua incrível impulsão (em um salto, ela já conseguiu alcançar a incrível marca de 3,39m) e de técnica apurada, que lhe permitia dar cortadas quase indefensáveis. Mireya foi fundamental para a conquista inédita do ouro olímpico no vôlei feminino em 1992, derrotando a Comunidade dos estados independentes (CEI) por 3 sets a 1.
Como estrela, Mireya foi para sua segunda olimpíada em Atlanta, em busca do bi olímpico. Ela tinha conquistado o campeonato mundial em 1994 e a seleção cubana continuava como favorita. Na semi-final, Cuba teria um jogo épico contra o Brasil, que estava engasgado com as cubanas, que foram campeãs mundiais em cima do Brasil, que jogava diante de sua torcida. Mireya e seu estilo provocador, irritaram muito as brasileiras. Em Atlanta vimos um grande jogo em que a disciplina tática do Brasil quase venceu o ataque cubano, mas o jogo foi decidido no tie-break a favor das cubanas. No tradicional cumprimento na rede, Mireya, que provocou as brasileiras o jogo todo, soltou mais uma provocação que não passou batido por Ana Moser, que iniciou uma confusão generalizada, que terminou em socos e pontapés dentro do vestiário. Cuba na final enfrentou a forte defesa chinesa e venceu por 3 sets a 1, conquistando mais um ouro e consagrando Mireya Luis como a melhor do mundo.
Cuba veio para os jogos de Sydney em 2000, um pouco enfraquecidos. Mireya já começava a dar sinais de declínio técnico, ficando no banco de reservas, somente entrando nos momentos críticos, para acalmar as jogadoras em quadra. O inédito tri olímpico cubano seria difícil. E as cubanas, comandadas por Yumika Ruiz, que seria sucessora de Mireya, chegaram à semi-final dos jogos, que seria novamente contra o Brasil, que estava invicto até então. E mais uma vez um jogo tenso e disputado, que Mireya foi acionada e no tie-break veio a vitória cubana por 3 a 2. Mireya se manteria invicta contra o Brasil em jogos olímpicos e sua última partida em olimpíadas. Na final Cuba enfrentou a forte seleção russa e seu alto bloqueio, mas não foram páreo para as cubanas, que venceram por 3 sets a 2.
Mireya Luis se aposentou no ano seguinte, se transformando quase que instantaneamente uma lenda do esporte.Ela foi eleita uma das melhores atletas dos século XX e logo depois entrou para o hall da fama do Vôlei. Atualmente, Mireya Luis é coordenadora das seleções de Vôlei de quadra e de praia de Cuba.
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Foto do incidente entre Brasil e Cuba em Atlanta. Mireya discute com Ana Moser |
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