O tênis brasileiro passou bem perto de faturar uma medalha nos
Jogos Olímpicos de Atlanta, em 1996, quando Fernando Meligeni entrou em
quadra para enfrentar o indiano Leander Paes na disputa do bronze. Se
triunfasse, Fininho, como era conhecido o jogador,
daria ao país a primeira medalha olímpica da modalidade. Ao fim, a
vitória de virada do indiano, por 2 sets a 1, frustrou a torcida verde e
amarela e manteve a modalidade sem pódios nos Jogos.
A esperança foi retomada com as participações de Gustavo Kuerten nas
edições de Sydney 2000 e Atenas 2004. Na Oceania, Guga avançou até as
quartas, mas parou diante do russo Yevgeny Kafelnikov, que acabaria se
tornando campeão. Na Grécia, já sofrendo com as dores no quadril que lhe
levariam a encerrar a carreira precocemente, Guga caiu na primeira
rodada diante do chileno Nicolas Massu, que também terminou com a
medalha dourada.
Doze anos depois de Guga defender o Brasil em Atenas, os tenistas do
país se preparam para disputar os Jogos Olímpicos Rio 2016 no Centro
Olímpico de Tênis, que integra o Parque Olímpico da Barra da Tijuca. O
tênis distribui medalhas em competições de simples e duplas masculinas,
simples e duplas femininas e nas duplas mistas. No total, 172 atletas
(86 no masculino e 86 no feminino) competem nas cinco chaves.
Por ser país-sede, o Brasil tem um tenista garantido para a disputa
de simples, tanto no masculino quanto no feminino. O país também tem uma
dupla em cada gênero assegurada, bem como um time para as duplas
mistas.
Embora o ranking de dezembro seja um ótimo parâmetro para indicar
quais seriam, hoje, os representantes do país – Thomaz Bellucci, Marcelo
Melo, Bruno Soares e Teliana Pereira estariam garantidos e a dúvida
ficaria a cargo da dupla feminina –, os nomes só serão anunciados em
junho. “Só existe um critério de classificação e ele é o ranking do dia 6
de junho de 2016. Os melhores brasileiros classificados de acordo com
esse ranking serão os chamados para as Olimpíadas”, afirmou Paulo
Moriguti, superintendente técnico da Confederação Brasileira de Tênis
(CBT).
Dessa forma, acumular pontos para o ranking nos cinco primeiros meses
do ano torna-se algo fundamental para quem tem a pretensão de disputar
os Jogos Olímpicos em agosto.
Expectativa
Ao contrário de outros esportes, em que a Seleção Brasileira treina
unida, no tênis a preparação no primeiro semestre será feita de acordo
com o planejamento de cada jogador com sua equipe técnica. O maior
potencial de pódio está voltado para a dupla masculina. “É nossa maior
esperança, com o Marcelo e o Bruno. A medalha que nós planejamos
conquistar está lá”, afirmou Moriguti.
Na segunda semana de dezembro, vários brasileiros jogaram no Centro
Olímpico de Tênis durante o evento-teste da modalidade. Lá, além de
avaliarem a quadra central e as outras periféricas, os tenistas falaram
sobre suas expectativas.
Para a pernambucana Teliana Pereira, número 1 do Brasil no ranking
mundial (ela fechou dezembro na 46ª posição e é a única do país entre as
100 melhores), o principal nesse primeiro semestre será trabalhar como
fez em 2015, o melhor ano de sua carreira.
“O tênis é um pouquinho diferente dos outros esportes. A gente está
sempre somando pontos e perdendo. Não adianta me precipitar. Ainda tem
muitos torneios para pontuar para talvez conseguir o ranking as
Olimpíadas”, ressaltou Teliana. “Assim, continuo fazendo o mesmo que
faço, que é seguir treinando. É claro que as Olimpíadas são muito
importantes para mim, mas tenho que pensar que já em janeiro começo meus
torneios. Estou indo para a Austrália (Aberto da Austrália, primeiro
Grand Slam do ano) e acho que o negócio é continuar o trabalho e focar
não só nas Olimpíadas, mas no ano inteiro”, continuou a tenista.
Estrutura
Ex-top 3 do mundo e dono de 20 títulos de duplas na carreira, o
mineiro Bruno Soares foi um dos jogadores que disputou o evento-teste.
Para ele, o legado que o Centro Olímpico de Tênis deixará para a
modalidade é incrível.
“Acho que estamos bem estruturados e esse é um grande momento para
ter esse legado depois das Olimpíadas. A Confederação (Confederação
Brasileira de Tênis – CBT) tem essa vontade de dar sequência nesse
trabalho feito para as Olimpíadas e de ter um centro de treinamento
aqui, de trazer o tênis para cá e tornar isso a casa do tênis”, disse
Bruno.
No ano passado, Bruno terminou o ranking mundial de duplas na 22ª
posição. No topo da lista estava um outro mineiro, Marcelo Melo,
ex-parceiro e com quem Bruno faturou quatro títulos. Marcelo Melo e
Bruno Soares são dados como certos como a dupla do Brasil nos Jogos. Por
isso, Bruno adiantou que os dois, que jogam o circuito com parceiros
diferentes, devem disputar alguns torneios juntos neste primeiro
semestre para ganhar ritmo.
“A gente não pode definir ou programar agora, pois temos outros
compromissos com nossos parceiros. Mas antes das Olimpíadas a gente já
tem isso bem claro que em algumas semanas vamos jogar. Já temos uma
garantida, que é a Copa Davis, antes das Olimpíadas, mas vamos encaixar
mais um ou dois torneios no nosso calendário”, adiantou Bruno.
Duplas mistas
No circuito mundial, as duplas mistas não são disputadas em todos os
torneios e são jogadas apenas nos quatro eventos que integram o Grand
Slam: Aberto da Austrália, Roland Garros, Wimbledon e US Open.
Ao longo da carreira, Bruno obteve sucesso nessas disputadas, tendo
conquistado dois títulos no US Open (em 2012, com a russa Ekaterina
Makarova, e em 2014, ao lado da indiana Sania Mirza) e chegado à final
em Wimbledon (quando jogou ao lado da norte-americana Lisa Raymond e
perdeu a decisão em 2014).
Por isso mesmo, o mineiro afirma que está pronto para o desafio, caso
seja o escolhido para representar o país. “Temos que definir qual vai
ser a melhor dupla para jogar e com mais chances de medalhas. Mas eu,
todo mundo sabe, adoro jogar dupla mista, jogo todo evento, sou
bem-sucedido e, então, se depender da minha vontade, estarei lá”.
A brasileira nas duplas mistas também é um nome incerto. Mas quando
foi indagada se teria vontade de disputar as duplas ou as duplas mistas
nos Jogos Olímpicos, Teliana adiantou que ficaria feliz se fosse
escolhida. Nesse ponto, entretanto, vale destacar que a pernambucana não
costuma jogar duplas no circuito internacional e por isso fechou 2015
apenas como a sexta melhor brasileira no ranking mundial. No final do
ano passado, Paula Gonçalvez, na 101ª posição, e Beatriz Haddad Maia, em
123ª, apareciam como as melhores.
“Tenho vontade de jogar, ainda mais com os duplistas que a gente tem.
Quem não gostaria de jogar? Mas a minha área é a simples e acho que já
seria algo impressionante estar aqui. Já joguei o Pan em 2007, senti
aquela emoção, e acho que isso é o principal. Mas estou aí... Se
quiserem, estou à disposição”, avisou.
Foto: Brasil 2016
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