Um dos principais atletas da seleção brasileira paralímpica, Israel
Stroh, está entrando em uma nova fase da carreira: ele agora faz parte
da classe 7, após reclassificação que aconteceu neste mês de março, e
não teme o desafio.
“No ano passado eu senti, na preparação para o Mundial (da China) entre
agosto e setembro, uma lesão que só no retorno foi diagnosticada: uma
artrose no quadril. É uma doença definitva que pode ser apenas
suavizada”, explicou Israel.
Essa foi a gota d’água para tentar a reclassificação. Originalmente,
Stroh atuava na classe 8, ocupando a 20ª posição. Contudo, os jogadores
desta classe que sofrem de paralisia cerebral (condição de Israel),
geralmente só têm o movimento de uma das pernas comprometido. O
brasileiro, por sua vez, tem dificuldade nas duas pernas, limitando sua
mobilidade frente aos concorrentes.
O regulamento funcional colocava Israel como borderline, que é
uma espécie de classificação “no limite” entre duas classes. Mas há um
consenso para, na dúvida, classificar o mesatenista na classe de cima
para não prejudicar toda uma classe. Após o problema no quadril, a
situação foi revista e agora ele se adapta à nova realidade.
“Como na classe 7 os jogadores tem mobilidade reduzida, eles são muito
“malandros”, dominam muito a área de atuação. Então é um jogo mais
fechado, mais troca de bola, muitos deles usam pino. Tenho que remodelar
o meu jogo, antes eu arriscava muito, pois é o estilo geral da classe
8”, analisou.
Além da mudança tática, Stroh ainda trabalha para se adaptar à nova
condição física, o que significa muito trabalho pela frente.
“Também tenho que saber jogar com esse problema do quadril. Então foi
uma grande noticia (a reclassificação), mas veio seguida de muita coisa.
Isso não me assusta muito, temos um mês pra próxima viagem e estou
confiante que vou me adaptar”, afirmou.
Em termos de experiência, Israel já passou por dois torneios. O
primeiro, o Aberto da Hungria, foi o que determinou sua reclassificação –
o processo tem duas fases: a avaliação funcional e depois a competição,
quando a decisão é oficializada ou cancelada. Posteriormente, o Aberto
da Itália, que reuniu os melhores do mundo, foi de fato o primeiro
desafio na classe 7.
“Foram dois torneios muito diferentes. Na Hungria eu estava muito
nervoso com a reclassificação, atrapalhou meu desempenho. Agora com isso
consolidado, eu fiz jogos mais difíceis com os que travam mais e mais
equilibrados com mais ofensivos, na Itália. Considerando os jogos foi
excelente, o resultado foi mediano no geral, mas é só o começo”,
comemorou.
Com sua pontuação, o mesatenista deve entrar logo abaixo dos dez
melhores do mundo na classe 7, o que traz boas possibilidades para o
país e para Israel. O resultado só foi possível devido aos grandes
investimentos que a Confederação Brasileira de Tênis de Mesa (CBTM) vem
fazendo não só em sua comissão técnica, como também na área de
classificação funcional, coordenada pelo fisioterapeuta Luís Gustavo
Amorim.
“Entre os vários fatores que influenciam no sucesso do paradesporto, é
muito importante conciliar a técnica com a ciência, sendo a
classificação funcional a pedra fundamental para inicio dos trabalhos,
pois um atleta em uma classe errada pode trazer prejuízos
incalculáveis”, explicou Amorim.
Foto: Divulgação
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