Quando todos os atletas estão de férias, Mário José Jr. viaja para
estudar. Principal atleta de marcha atlética do país, o paulista é
formado em veterinária e, quando tem uma folga nos treinos, vai para o
exterior fazer residência. Nesta semana, ele participa do Troféu Brasil
de Atletismo, principal competição da modalidade no país, que será
realizado no Ibirapuera, em São Paulo, a partir desta quinta-feira. Sua
principal prova é a de 50 quilômetros mas, na competição nacional,
existe apenas a disputa dos 20km, marcada para a manhã de sexta-feira,
dia 10. O que, para ele, não é um refresco:
- Os 20
quilômetros também são cansativos. O limite físico desta prova é grande,
cansa muito, mas é só um cansaço físico. Minha prova principal, que é a
de 50 quilômetros, tem um desgaste mental muito grande - disse o
atleta, que está com 35 anos e é dono de 17 medalhas na história da
competição.
O currículo de Mário José Jr. é vasto. São duas Olimpíadas
disputadas, um vice-campeonato pan-americano em 2003, além do recorde
nacional da prova dos 50km. Fora das pistas, é um apaixonado por
animais. Formado em veterinária em 2012, o atleta já viajou três vezes
para os Estados Unidos e uma para os Emirados Árabes em busca do
aperfeiçoamento na profissão:
- Aproveito para viajar para o
exterior toda vez que estou de férias. Tenho que me atualizar sempre,
pois a veterinária muda muito. Como não consigo me desligar totalmente
do esporte, depois das Olimpíadas de 2016 devo começar a trabalhar com
os cavalos de atletas - contou.
A paixão pelos animais começou com o pai, que tinha 16 cachorros em
casa. Atualmente, Mário mora próximo ao local em que treina, na cidade
de São Caetano, região metropolitana de São Paulo. Lá, ele vive com duas
atletas da equipe e mais seis cachorros:
- Eu sempre me dei bem com os bichos, isso cresceu comigo. Uma vida sem os animais seria uma vida vazia para mim.
Dentro de casa, os seis cachorros são como filhos. Apenas um dos cães é
brasileiro. Dois vieram da África do Sul, um é inglês e os outros dois
são espanhóis. Apesar dos treinos cansativos, Mário ainda tem fôlego
para cuidar dos animais domésticos:
- Teve um dia que eu fiz um treino de 55 quilômetros, cheguei em casa e
eles estavam desesperados. Eu não ia sair para passear com eles, mas eles me
irritaram tanto, que eu tive que sair, não teve jeito - disse o atleta.
Para
conseguir terminar a faculdade, Mário teve que se esforçar muito. Não
só para conseguir se dividir entre treinos e os hospitais veterinários,
mas sim para manter sua bolsa na universidade. O atleta conseguiu um
lugar no curso graças aos seus resultados na pista, mas tinha que
defender a faculdade em várias provas, não só na marcha atlética:
- Não tem provas de marcha nas principais competições universitárias,
então o desafio foi muito grande. Segurei a bolsa correndo 5.000m,
10.000m, fiz de tudo. Encarava tudo para manter a chance de seguir os
estudos - disse o atleta -veterinário.
O Troféu Brasil é a
última grande competição da temporada. Para o ano que vem, o principal
objetivo é voltar a subir ao pódio em Jogos Pan-Americanos. Em 2003,
Mário conquistou a prata em Santo Domingo, mas ficou sem medalhas nas
edições seguintes:
- O Pan é muito forte, tem atletas do
México, Colômbia e da Guatemala, que estão entre os melhores do mundo.
Mas uma coisa que vamos ter a nosso favor é o clima de Toronto, bem
quente - disse o atleta, prevendo uma disputa muito complicada para o
ano que vem.
Foto: Contrapé
Fonte: Globoesporte.com
0 Comentários