Dentro do mundo do MMA, nenhum assunto tem sido mais polêmico que o tratamento de reposição de testosterona (TRT). Nesta semana, depois que ele foi proibido e causou o cancelamento da luta entre Vitor Belfort e Chris Weidman, o tema ganhou ainda mais repercussão.
O site Terra conversou com dois médicos especialistas em controle antidoping para explicar melhor o tratamento e entender porque ele foi proibido no Ultimate Fighting Championship (UFC).
Até a última quinta-feira, o TRT era considerado legal
no MMA, apesar de todas críticas. O médico Eduardo de Rose explica por
que foi errado manter esse tratamento legalizado: "é um tipo de doping. O
atleta usa a reposição de testosterona, que é algo proibido",
simplificou.
Os lutadores que usavam o TRT alegavam que sofriam de
hipogonadismo - baixa produção natural de testosterona. O problema, de
acordo com o também médico Bernardino Santi, era a fragilidade no
controle dessa doença dos atletas. "Repentinamente, muitos atletas
começaram a falar que tinham esse problema, mas tem que comprovar. Traga
os exames", desafiou Bernardino.
Além disso, em muitos casos o hipogonadismo é gerado
exatamente porque alguns atletas trapacearam no passado: "quando você
aplica esteróides anabolizantes no seu corpo por muito tempo, ele
entende que não precisa fabricar mais", comentou Bernardino, explicando
que essa brecha foi utilizada por muitos atletas, mas sem entrar no caso
específico de ninguém.
Uma vez aprovado, o uso do TRT ainda foi feito de forma
errada. "A dose terapêutica é infinitamente menor que as doses cavalares
usadas por alguns atletas", denunciou Bernardino.
Tudo isso gerou um debate insustentável sobre o TRT.
Ficou quase impossível defender o tratamento, ainda mais nas vésperas do
combate de Belfort. Não interessava para o UFC ter um campeão que fosse
questionado a todo momento e acusado de doping. Veio então a proibição,
que também tem um fundo de interesse olímpico.
Organizações de MMA sempre mostraram vontade de levar o
esporte para as Olimpíadas. Ainda é um sonho distante, mas a proibição
do TRT é avanço importante nesse sentido. "Foi dado um primeiro passo
para que o MMA se enquadre ao nivel de todas práticas esportivas
mundiais", apontou Bernardino.
Na Olimpíada o controle antidoping é regido pela Agência
Mundial Anti-Doping (Wada, em inglês). De acordo com seus códigos,
jamais seria permitido um tratamento de reposição de testosterona. Por
isso a proibição do TRT é considerado um passo rumo ao sonho olímpico.
"Atualmente o MMA tem um controle antidoping bem
inferior ao da Wada. Mas vejo que hoje já existe uma aproximação maior
entre esses dois códigos. Meu mundo ideal seria onde todas entidades
adotassem o mesmo código antidoping", comentou Eduardo de Rose, com uma
opinião que, pelo que foi visto durante esse semana, é compartilhada
pelo UFC.
Foto: Facebook/Reprodução
Fonte: Terra/Allan Brito
Foto: Facebook/Reprodução
Fonte: Terra/Allan Brito
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