A ex-ginasta Lais Souza deu sua primeira entrevista após o grave
acidente que sofreu em Salt Lake City, no dia 27 de janeiro, enquanto
esquiava. Ao programa Fantástico, da TV Globo, a atleta de 25
anos descreveu suas lembranças do dia em que se chocou contra uma
árvore, na estação de Park City, e comentou sobre o processo de
recuperação dos movimentos do corpo.
"Eu me lembro que o nosso técnico (Ryan Snow) marcou treino
de esqui naquele dia. Era treino de velocidade e freio", afirmou Lais,
ao contrário da informação inicialmente dada pelo Comitê Olímpico
Brasileiro e Confederação Brasileira de Desportos na Neve, que
consideravam que a atleta estava esquiando livremente. Sobre o
choque, Lais tem poucas lembranças. "Eu estava em uma velocidade bem
grande, bem grande, e depois dando uma freada brusca. Depois disso, não
lembro de mais nada."
A respeito do processo de resgate, Lais disse que não ter sentido dor
nem frio. "Tenho cenas, flashes de logo depois que caí. Lembro do meu
técnico me chamando, chorando, ofegante. Do helicóptero, eu também
lembro do barulho. Mas em flashes. E só até aí."
A reportagem revelou que Lais, além de ter passado por três cirurgias
enquanto estava internada no hospital da Universidade de Utah, nos
Estados Unidos também precisou vencer uma pneumonia. Ela poderia ter
ficado dependente de ventilação mecânica para sempre, mas conseguiu
recuperar a capacidade de expansão pulmonar com exercícios, incluindo
trabalho de canto. Lais também recuperou a capacidade de deglutir. "Já
comi picanha", disse.
Lais tem movimentos de pescoço e ombros, e já começa a sentir
sensibilidade em outras partes do corpo. Ela sentiu, por exemplo, o furo
de uma agulha em um dos dedos. "Senti vontade de fazer xixi. Isso é
surpreendente demais. Porque não era para eu sentir nada."
O corpo médico que cuida da atleta diz que ainda não é possível saber
qual a extensão do trauma sofrido por Lais, já que sua medula ainda
continua inchada. Lais afirma que já parou para pensar no futuro, caso
não consiga recuperar os movimentos, embora peça, todos os dias, para
voltar a andar.
"Já parei para pensar (no futuro) e me dá um pouco de medo.
Mas penso na solução do problema, o que posso fazer para melhorar, mesmo
com um pouquinho de movimento, estou me matando para mexer aquele
músculo. Tenho momentos de tristeza. Eu encaro, choro. Em nem todos os
momentos sou forte. Eu choro para caramba, mas isso me dá energia. É
aquela punhalada que me leva a continuar." Nas próximas semanas, Lais
deve começar terapia com células tronco.
Foto: Reprodução/TV Globo
Fonte: Estado de São Paulo
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