Há
30 anos juntos, o casal Cacau Swan e Clínio Freitas velejavam nos
últimos tempos um contra o outro pela classe A Cat, que não faz parte das
Olimpíadas. Ela, aos 49 anos, é campeã mundial em 2009, com uma
participação nos Jogos de Barcelona 1992 na classe 470 ao lado de Mônica
Schell. Ele, um ano mais velho, ganhou a medalha de bronze no Tornado dos Jogos
de Seul 1988 com Lars Grael. Eis que dois fatores os colocaram no mesmo barco e
no caminho do Rio 2016. Há menos de dois anos a Nacra 17 foi criada
para ser a nova classe olímpica. Um barco obrigatoriamente velejado por um
homem e uma mulher. Foi a deixa para Cacau reacender o desejo de ir aos Jogos.
-
Eu o instiguei. Se as Olimpíadas de 2016 fossem no Japão, tudo bem, a gente nem
tentava. Mas é no jardim da nossa casa. Essa é a primeira vez que velejamos
juntos com seriedade. Se vermos que não estamos nos divertindo, não seguiremos
- disse a tia de Isabel Swan, bronze em Pequim 2008.
O
primeiro contato com o barco foi em junho do ano passado. Veloz e instável, por
causa da bolina mais curva, a Nacra 17 é um catamarã de dois cascos
que sai bastante da água e se não for bem controlado pode virar. No mês
seguinte, o casal disputou o primeiro mundial da classe e, com pouco
tempo para se adaptarem, foram mal. Na América do Sul já mostraram
eficiência ganhando os campeonatos brasileiro, sul-americano e, neste sábado, a
Copa Brasil de Vela, no jardim da casa deles, a praia de São Francisco, em
Niterói.
Eles sofrem com o velho problema que atinge a vela no país: as
altas taxas de importação que dobram os preços dos barcos. Já conseguiram aprovação
de um projeto através da lei de incentivo ao esporte e agora correm atrás da
captação de recurso. Dentro do barco, não há dificuldade com o entrosamento,
como conta Clínio.
-
Eu sou um cara de paz, ela também. Se as pessoas não se entenderem
muito bem, não dá. Ou se o cara tiver uma namorada muito ciumenta...
– diz o timoneiro.
Cacau,
porém, brinca e diz que não é bem assim:
-
Tem hora que um xinga o outro. Ele começa com um "vai meu anjo" e
depois usa outros vocabulários - ri a proeira da embarcação.
- Isso estimula, é
normal. Depois fica tudo bem. Mas já vi casais e duplas se desfazerem
velejando.
Pelo início da caminhada, a
chance de disputar as Olimpíadas no jardim de casa tem boas chances de
acontecer.
Foto: Fred Hoffmann/Peccicom
Fonte: Globoesporte.com/Leonardo Filipo
0 Comentários