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Treinador vira "mecânico" de pranchas e dá ares de F-1 ao snowboard





Para um carro de Fórmula 1 correr bem, é preciso que os mecânicos façam os acertos corretos de acordo com cada condição de pista, permitindo que o piloto possa ter um bom desempenho na corrida. No snowboard,  acontece algo bem parecido. Para que a prancha fique rápida, é preciso muito cuidado ao preparar o equipamento, escolhendo corretamente a cera que será utilizada de acordo com a condição na neve naquele dia.

"Para vocês brasileiros que não são de neve, mas que são de Fórmula 1, a base da prancha é como fosse o pneu de um Fórmula 1. Tem pneu para chuva, tem pneu para dia frio, tem pneu para dia muito quente. O mesmo acontece com a base da prancha de corrida. Segundo a qualidade da neve (se é muito fria, intermediária, mais úmida) a prancha tem uma estrutura especial que vai pegando o tipo de cera que tem que usar para um tipo de neve. A cera umedece a base da prancha. E quanto mais úmida a base da prancha, mais rápida vai ficar na neve. Mas a umidade tem a ver também com a temperatura. No fim, isto é uma ciência, mas em geral é isso. É como a mecânica da rapidez da prancha" – explicou o chileno Iván Fuenzalida, head coach da seleção brasileira de snowboard há dez anos e especialista no assunto.

A cera protege o equipamento do desgaste e torna a prancha mais rápida, o que faz uma grande diferença em competições de alto nível. Iván, que comandou a seleção brasileira durante o recém-encerrado Campeonato Brasileiro de Snowboard no Valle Nevado, Chile,  usa novamente a Fórmula 1 para explicar a importância de escolher a cera certa.

"A diferença é tão simples como classificar ou não classificar para uma final, ganhar ou não ganhar uma final. É muita diferença. Uma prancha que não tem preparo, uma prancha que errou a cera, realmente vai ficar uma prancha devagar. É o mesmo que acontece na Fórmula 1. Se o cara colocou um pneu para dia quente e está chovendo, deu mole, né? O cara vai derrapar, vai para fora, vai bater, não vai conseguir fazer nada, né?"

O trabalho é longo. A cada descida na pista, a cera precisa ser reaplicada. E, à noite, as pranchas recebem um novo tratamento que dura entre 1h e 1h30m. Como os atletas costumam ter três pranchas em grandes competições, a preparação do equipamento pode chegar a 4h30m em uma noite.

"É muito trabalho mesmo. Usou a prancha, tem que encerar. Usou a prancha de novo, tem que encerar de novo. E, em pranchas de corrida como as que Isabel (Clark) usa, praticamente tem que fazer isso duas ou três vezes para ficar mais rápida ainda depois que usou. Se trabalha mais pela noite do que de dia. Vai depender de cada tipo de prancha, mas pode durar 1h, 1h30m por prancha. E elas geralmente estão com três pranchas em competições. Então pode demorar um tempão trabalhando" – disse Iván, marido e técnico de Isabel, snowboarder número 1 do Brasil, já classificada para as Olimpíadas de Inverno em Sochi, no ano que vem.

Atualmente, Ivan é o responsável por este trabalho nas competições de que Isabel Clark participa, mas a equipe terá um reforço até as Olimpíadas de Inverno de Sochi 2014. A Confederação Brasileira de Neve (CBDN) contratou um especialista no preparo das pranchas, deixando Iván Fuenzalida livre para se concentrar mais no desempenho da atleta na pista.

"Cada vez mais estamos trabalhando buscando um especialista para fazer só isso. Porque se eu fico muito com o foco nas pranchas, eu perco o foco do que realmente tenho que fazer, que é estar na pista com Isabel para dar as dicas do que está acontecendo para que ela possa ir bem. Se eu ficasse só fazendo isso, não poderia estar tomando conta do que está acontecendo na pista e passar essa informação que é fundamental para Isabel. Daqui até os Jogos Olímpicos, já temos contratado um skiman, que é um técnico especial para fazer a prancha" – destacou o treinador.

Fonte: Leo Velasco/Globoesporte.com
Foto: Divulgação/CBDN

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