Dois que dão mais trabalho que uma seleção inteira. É isso que garante Rosicleia Campos. A técnica da equipe feminina, afastada do cargo por conta da licença maternidade, se adapta a uma nova função, a de mãe. E de gêmeos. Para isso, ela tem a ajuda da própria mãe, dona Delza; da babá, Vanessa; e da empregada doméstica, dona Jurema. Juntas, elas prepararam um esquema para o Mundial de Judô, de 26 de agosto a 1º de setembro, no Maracanãzinho.
Rosi se preparou para deixar Ana Clara e Matheus, que completarão três meses durante o Mundial, em boas mãos. Tudo isso para voltar a ver de perto pela primeira vez suas meninas em ação. Afastada das competições desde o começo do ano, ela acompanha Mayra Aguiar, Sarah Menezes e cia. apenas pela televisão e pela internet nos torneios internacionais. O telefone e a bombinha de leite já estão preparados:
"Claro que vou assistir ao Mundial no Maracanãzinho, mas da arquibancada. Eu me preparei para quando chegar o Mundial, estar com uma estrutura montada aqui em casa. A gente se organizou para eu estar liberada. Eles sabem que eu amo o judô. Me preparei psicologicamente para ficar o dia inteiro sem os meus filhos. Vou levar a bombinha de leite porque a Ana Clara mama, e o meu peito vai doer. Tem todo um esquema" - garante.
Mãe de primeira viagem aos 43 anos, Rosi não esconde que está "levando um ippon" dos gêmeos - apesar de dona Delza garantir que a filha está surpreendendo. Questionada sobre quem dá mais trabalho, os bebês ou as meninas da seleção, Rosi nem pensa duas vezes:
"Os gêmeos. Parece mentira, mas quando alguém vem aqui eles dormem o dia todo. Quando não tem ninguém, meu deus! As meninas, a gente controla mais. Mas eu sinto uma falta absurda do tatame."
Proibida por Ney Wilson, gestor de alto rendimento da Confederação Brasileira de Judô, de trabalhar durante a fase final da gravidez e durante a licença maternidade, Rosicleia vê um lado positivo de não estar no Mundial como técnica. Conhecida pelos gritos e pelo jeito esquentado, Rosi poderá torcer sem culpa das arquibancadas, sem a chance de prejudicar suas atletas, já que o treinador que acompanha os judocas só pode orientar durante as paralisações de um combate.
"Eu vou poder falar à vontade, gritar à vontade, sem ter a possibilidade de tomar um shido (punição). Eu posso ser uma ferramenta, uma arma a mais, que podemos usar de forma positiva no Mundial. O único problema de lutar no Brasil é que todo mundo vira técnico. O namorado, o técnico do clube, o amigo da academia, a torcida..."
Fonte: Globoesporte.com
Foto: Raphael Andriolo
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