Em 2009, quando foi quarto colocado nas Argolas, no Mundial de Ginástica Artística de Londres, Arthur Zanetti mostrou-se uma das gratas revelações do esporte brasileiro daquele ano.
Em 2011, quando trouxe a prata do Mundial de Tóquio, Arhur Zanetti se tornou um dos nomes certos no noticiário esportivo do país.
Em 2012, quando voltou dos Jogos de Londres com o ouro, Arthur Zanetti conquistou um lugar no olimpo e escreveu uma página que, há dez anos, era improvável na história do esporte: um campeão olímpico na Ginástica Artística era brasileiro.
Mas foi em 2013, quando expôs duramente a situação do esporte nacional, o menosprezo da cartolagem pela preparação dos atletas e as condições lamentáveis que tem para treinar, que Arthur Zanetti passou a fazer parte do time dos raros desportistas que recusam a migalha no furor da vitória – ou, como se diz nas redes sociais da internet, “ele mitou”.
Porque mais do que ameaçar defender outro país, o ginasta mostrou que suas conquistas não frutificaram de um projeto do COB, das verbas federais do Ministério do Esporte, nem de um trabalho árduo da CBG (Confederação Brasileira de Ginástica). A turma engravatada que sobe ao púlpito, pega o microfone e se gaba das 17 (parcas) medalhas em Londres não tem o direito de comemorar nada que o esporte conquiste: sua balela, repetida à exaustão dos mantras, foi desmascarada com o grito de Zanetti (o tapa, na verdade).
Estrago feito, ou melhor, denunciado, a CBG tratou de equipar Zanetti. Tomara que isso não cale Arthur, o rei das argolas. Porque a luz que recebe dos holofotes pode, ainda e muito, trazer à tona o descaso que o país olímpico tem com o esporte. Um país que não forma atletas, que tem um esporte de base risível, mas que fala em projeto olímpico e estabelece meta de medalhas para 2016.
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