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Surto Entrevista: Oscar Schmidt







Oscar Schmidt é um cara que não precisa de muitas apresentações. Com uma longa carreira na seleção e mais longa nos clubes, Oscar é considerado um dos maiores jogadores da história do basquete brasileiro e com méritos. Se a medalha olímpica faltou, ele teve um bronze em um mundial e o feito de fazem parte da primeira seleção que derrotou os Estados Unidos em casa, no pan de 1987.  E o aniversariante de hoje, ganhou um belo presente, ao ser um dos eleitos do seleto hall da fama dos Estados Unidos, sendo o terceiro brasileiro a atingir tal feito. Atualmente fazendo palestras motivacionais, Oscar nos concedeu essa entrevista por email. E você acompanha abaixo:


- Como o basquete apareceu na sua vida?

Meu professor de educação física do colégio onde estudava era o mesmo do clube unidade de Brasília e  meus pais e meu tio me convenceram a tentar jogar basquete.



 - Oscar, sempre vi em entrevistas que quando te chamam de 'Mão Santa', você faz questão de dizer que
mão não é santa, é treinada. Você não gosta desse apelido?

Adoro o apelido, mas deixo claro que isso foi conseguido muito sacrifício.


 - Os treinos incessantes nos arremessos após os treinamentos mostra que você tem uma determinação invejável.Mas quando que no início da sua carreira, você começou a pensar que isso te levaria mais longe no basquete?

Nunca pensei nisso de início, mas as coisas foram acontecendo um degrau apos o outro.

- Aos 19 anos você já era da seleção principal. Como foi a primeira vez que esteve na seleção adulta?

Na verdade aos 16 anos eu fui convocado pela primeira vez, fiz dois jogos contra o palmeiras (pela seleção adulta), mas fui cortado, e parecia que o mundo caia na minha cabeça.

- Você era pivô e graças ao Ari Vidal virou ala. Você aceitou essa mudança facilmente ou a contestou de início?

Eu queria jogar de titular, e o Ari viu que se não fosse ala, eu seria reserva do Marquinhos e do Bira pra sempre. Então ele me jogou para ala, me provou que daria certo e deu resultado.

- Depois de um tempo no Brasil jogando no Palmeiras e Sírio, você foi para o Caserta. Lá, você fez história por oito temporadas e você teve muitas oportunidades de ir para outros times na Europa, você era um jogador que todo time gostaria de ter. O que fez ficar no Caserta por tanto tempo?

Fiquei pelo coração, pelo meus torcedores e meu presidente.


Você jogou na Itália com o Joe Bryant, pai do Kobe, que te considera um grande ídolo. Como você se sentiu quando soube dessa admiração dele por você?

Joe Bryant, era um jogador excepcional,  nós disputávamos a artilharia do campeonato italiano todos os anos, ele sempre em segundo claro! Quando soube da admiração do Kobe fiquei muito feliz, mas ele me via jogar contra seu pai e meu time era melhor, a gente ganhava sempre!


- Na Europa você e Drazen Petrovic eram os grandes cestinhas nos anos 80 e acredito que vocês tenham se enfrentado diversas vezes. Como era enfrentá-lo?

O Drazen foi o único jogador que vi fazer mais que 50 pontos contra minha equipe, fez 62 na final da copa das copas onde perdemos contra o Real Madrid em Atenas.

- Verdade que você recebeu proposta pra jogar no Real Madrid junto com ele?

Sim, tenho o contrato já assinado, de 3 anos, lá em casa, teria sido demais ter jogado com ele, mas meu coração me deixou em Caserta


- Como foi a história do New Jersey Nets que tentou te contratar por 3 anos seguidos? Você chegou a jogar algumas partidas de pré temporada pelo os Nets?

Eles me draftaram e eu fui fazer o campus, uma semana de treino e uma semana de jogos. Foram 5 partidas, duas vezes contra o Philadelphia do Barkley, acabei cestinha dos cinco jogos e tentaram me contratar, não aceitei pela selecão, se aceitasse não poderia mais jogar nela , então eu só fui porque queria ver se era capaz (de jogar na NBA.) 
(Nota: Essas tentativas de contratação do New Jersey Nets para o Oscar foram em 84-85-86 e na época quem jogasse pela NBA era considerado profissional e por isso, não podia disputar jogos pela sua seleção. Isso só mudou em no final de 1990)


 - Aliás, como foi a história de ser convidado para o All star game americano sem sequer jogar lá?

Foi para a competição de 3 pontos que fui convidado, mas meu time na itália tinha jogos no mesmo dia e eles não adiaram, então não pude ir


 - Jogar na NBA foi talvez uma das pouquíssimas coisas que faltaram na sua carreira?

Sim, mas não me arrependo, Logo após essas tentativas ganhamos o pan em 87, e aquilo eu não trocaria por nada.


- Você disputou 5 olimpíadas. Qual delas foi a mais marcante para você?

Tem duas: a de 1980, em Moscou, que foi a primeira, mas em 1988 (Seul) podíamos ter ganho a medalha de ouro, perdemos por 2 pontos para a União Soviética e eu errei a ultima bola...

- E qual mundial foi o mais marcante para você?

Foi o de 1986, deveríamos ter ido para a final. Foi o melhor período da minha geração, de 85 a 88, com Ari Vidal. 

- O Pan de 87 é unanimidade como um dos momentos mais marcantes do basquete brasileiro. E já li que aquele jogo teve um significado especial para você. E todos tem várias histórias sobre o vestiário no intervalo do jogo contra os americanos. Como foi aquele momento, o que o Ari Vidal disse a vocês?

Ele simplesmente disse: Jueguen no mas (Joguem mais) !!!
No dia mais importante da minha vida eu ouvi "essa palestra".



- Oscar,  porque nos clubes na Italia você não jogou com o seu número #14? (Na itália, Oscar jogou com a #11 e #18) ?

Foi a que sobrou, na Itália sempre tinha alguém no time com a 14. 


- Você jogou com Dream Team em 1992. e eu lembro que nos cinco primeiros minutos o Brasil conseguiu se manter a frente. Como foi enfrentar todos aqueles craques da NBA?

Eu sabia que não ganharíamos, mas eu queria pelo menos jogar bem. E  foi o que aconteceu.


 - Sua despedida da seleção em Atlanta foi um momento marcante. Você já tinha se aposentado da seleção e voltou para aqueles jogos. Você chegou a pensar ou ser convidado para voltar à Seleção depois disso?

Não. Voltei apenas porque Ari Vidal me pediu, e eu então programei minha despedida para Atlanta.


- Você jogou em três clubes de massa no Brasil: Palmeiras, Corinthians e Flamengo. Como foi jogar em cada um desses clubes?

Demais, é muito diferente jogar em times de futebol. Virei corintiano e flamenguista apos ser campeão pelos dois, e o Palmeiras me catapultou para a seleção, com Cláudio Mortari.

- E sobre o basquete brasileiro, o que você está achando do NBB com tantos clubes e com cada vez mais clubes querendo entrar na liga?

É como tem que ser. Só o nosso antigo presidente da CBB, o Grego, não queria, coincidência ou não, depois que ele saiu, o Brasil está melhor com o basquete.


 - Essa geração do basquete brasileiro pode nos trazer mais alegrias depois do quinto lugar em Londres?

Ah, vai trazer sim. Cada vez jogarão melhor, e a CBB está fazendo um ótimo trabalho com a seleção.

- Você indicado no Hall da Fama norte americano esse ano. Você está na expectativa para ser um dos eleitos?

Sim, claro. Esse é o prêmio que eu mais gostaria de receber.
(Nota: A entrevista foi antes do anúncio de que Oscar Foi um dos eleitos para o Hall da Fama)

 - Oscar,como você gostaria de ser lembrado, daqui a 50 anos?

Gostaria de ser lembrado como alguém que treinou mais que qualquer ser humano no nosso planeta,
bom pai, marido, filho e irmão.


 - Oscar, gostaria que você deixasse o um recado para os leitores do Surto Olímpico.

Para os que fazem esporte: Treinem muito, mas muito mesmo, e quando estiverem bem cansados…treinem mais um pouquinho...


Todas as fotos foram retiradas do site oficial de Oscar Schmidt


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