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Surto História - Ronny Weller, do coma ao ouro



Ronny Weller é um personagem interessante e alternativo dos Jogos Olímpicos. O halterofilista nasceu em 1969, na cidade de Oelsnitz, na antiga Alemanha Oriental. O atleta competia na categoria pesados, e desde cedo vinha colecionando resultados bem expressivos. Em 1987, tornou-se campeão mundial júnior e no mesmo ano, ficou com o bronze no mundial sênior. Em 1988, na Olimpíada de Seul, Weller conquistou o bronze na mesma categoria, o dos pesados. O alemão ainda levou o bicampeonato júnior em 1989, quebrando recorde mundial de sua categoria. Isso com apenas 20 anos de idade. Tudo levava a crer que Weller seria favoritíssimo em Barcelona.

Mas no dia 22 de dezembro de 1989, uma tragédia pessoal que por pouco não abreviou sua carreira. Weller dirigia seu carro acompanhado de sua então namorada em uma pista estreita e molhada na cidade de Frankfurt, na Alemanha. Mas o halterofilista perdeu o controle de seu carro e acabou batendo o carro violentamente em uma árvore. A namorada morreu na hora. Weller foi parar no hospital com inúmeras fraturas, inclusive traumatismo craniano, além de ficar em coma por mais de uma semana. Mas não foi apenas isso. O alemão ficou parado por 15 meses, uma reabilitação lenta e dolorosa, e que também poderia tê-lo prejudicado para as futuras competições.

Em março de 1991, Ronny voltou aos treinos, visando preparar-se para o Mundial e a Olimpíada de Barcelona. E em outubro de 1991, retornou às competições, voltando a disputar o Campeonato Mundial, contriariando os pessimistas que acreditavam que ele ainda ficaria de fora dessa disputa. Voltou em grande estilo, ficando com o 2° lugar, perdendo apenas para o soviético Artur Akoyev.

Na disputa em Barcelona, além de Akoyev, outro adversário perigoso: Stefan Botev, búlgaro que se naturalizou australiano e havia vencido os mundiais de 1989 e 1990; e, por ter ficado acima do peso, a categoria pesados teve a presença de Niculae Vlad, romeno que queria naturalizar-se australiano - foi barrado, e teve de competir como romeno em Barcelona, e que já havia faturado ouro em 1984 e prata em 1988 na categoria meio-pesado.

O início foi a prova do arranque. E quem começou melhor foi o atleta da Equipe Unificada - denominação em substituição à da extinta União Soviética. Weller em 2°, Vlad e Botev empatados em 3°. No arremesso, Akoyev continuou na frente, levantou 230kg na 1ª tentativa, enquanto que Weller levantou 225kg. Botev levantou 227,5kg e empatou com o alemão. Com Niculae Vlad fora do páreo, a 2ª tentativa do arranque, ficou polarizada entre Botev-Weller-Akoyev. O búlgaro-australiano tentou levantar 237,5kg tentando alcançar o russo Akoyev. Não deu. O mesmo Akoyev conseguiu levantar 235kg, mesma soma de Weller. A decisão do ouro iria ser decidida no último arremesso. Botev tentou levantar 237,5kg, se conseguisse, ao menos empataria com o alemão. Falhou, e ficou com o bronze. Faltava saber quem ficaria com o ouro. Akoyev também tentou levantar 237,5kg. E também falhou. Restava agora secar o alemão Weller, que tentaria levantar 240kg, 2,5 a mais que o necessário para o ouro. O alemão provavelmente pensou em tudo o que havia passado desde 1989 até aqui... e lá foi ele, levantando o peso. Até que para felicidade geral da nação, Weller consegue manter-se com os 240 kg levantados e vence a disputa dos pesados no Levantamento de Peso!


E depois de quase 2 anos de molho, sofrimento pela perda e um tratamento difícil, Ronny Weller caminhava ao seu primeiro e único ouro olímpico em sua longa carreira. Ele viria a ganhar ainda o Mundial Sênior de 1993, já na categoria peso-pesado. Após essa vitória, Weller não conseguiu vitórias nos principais campeonatos mundiais. Chegou perto, com 2 pratas olímpicas (1996 e 2000) e 2 pratas mundiais (1995 e 1997).

Em 2004, ele ainda competiu em Atenas, mas uma lesão no ombro o tirou da disputa ainda no arranque. Lesão essa que acabou por abreviar a longa e vitoriosa carreira de Weller.

Na próxima semana, um resumo do Mundial de Vôlei de 2002, 10 anos da conquista brasileira em Buenos Aires, que elevou o Brasil ao status de potência do esporte.

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