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A Confederação Brasileira de Hóquei Sobre Grama (CBHG) emitiu uma nota oficial na última segunda-feira afirmando que o Brasil não enviará equipe feminina para a disputa da primeira fase da Liga Mundial de 2014, o que confirma os rumores que cresceram nos últimos meses. Dessa forma, o Brasil está virtualmente fora dos Jogos Olímpicos do Rio 2016 na modalidade.
Ao divulgar o regulamento das qualificações do hóquei sobre a grama para as Olimpíadas do Rio, a Federação Internacional de Hóquei (FIH) estipulou pré-requisitos para que a seleção brasileira feminina pudesse garantir uma vaga como país-sede: terminar pelo menos na sétima colocação dos Jogos Panamericanos de 2015 ou alcançar a 40ª colocação do ranking mundial. Para o Pan o Brasil não conseguiu sequer a vaga, enquanto a 40ª colocação não poderá ser alcançada sem a disputa da Liga Mundial.
Tudo isso evidencia o esporte brasileiro que mais retrocedeu no ciclo olímpico para o Rio 2016, justo no momento em que poderia ter o maior destaque e investimento da história, na lógica do “agora ou nunca” em que entraram alguns esportes. O Brasil fechou o ranking mundial feminino na 38ª colocação em 2007, ano do Pan no Rio. A partir daí foi queda livre para a 48ª posição em 2008, 54ª em 2009 e a situação de sequer aparecer no ranking em 2010.
Hoje, na 41ª colocação do mundo no feminino, muito por conta do Brasil sediar a Liga em 2013, a Confederação Brasileira alegou que a desistência da Liga Mundial é resultado de um cancelamento da patrocínio da Federação de Santa Catarina e um parceiro, o que por si só é incoerente e inexplicável, afinal, a responsabilidade de enviar uma equipe para disputar a competição mais importante do ano é da CBHG, e não de terceiros. Ainda mais em época de Lei Agnelo/Piva.
A imagem é de abandono e amadorismo. A seleção feminina quase não disputa competições, e quando disputa, fica invariavelmente nas últimas posições. A própria logística do hóquei é complicada, afinal uma seleção é composta por pelo menos 22 atletas, mas não justifica abrir mão do esporte, já que sem rodagem internacional é impossível aumentar o nível.
Até as atletas chegaram a criar iniciativas para arrecadar fundos, o que mostra que há vontade por parte das jogadoras, mas falta gestão, o maior problema do esporte olímpico brasileiro. É compreensível que o Brasil não esteja entre os melhores do mundo, afinal o país nunca teve tradição no hóquei sobre grama, mas não é aceitável frear o desenvolvimento do esporte em um período tão propício quando o ciclo dos Jogos Olímpicos do Rio 2016.
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