Selina Freitag recebeu um kit de banho como premiação (Foto: imago/Eibner) |
O mundo dos esportes foi abalado recentemente por um episódio que evidenciou a persistente desigualdade de gênero nas competições. Durante o Two Nights Tour, uma prestigiada competição de salto de esqui realizada no resort Garmisch-Partenkirchen, na Alemanha, a vencedora da categoria feminina, Selina Freitag, recebeu um prêmio surpreendente — mas não pelo lado positivo. Enquanto o campeão masculino levou para casa €3.000, Freitag foi premiada com um gel de banho, um shampoo e quatro toalhas.
O caso gerou indignação imediata, colocando em pauta a disparidade de tratamento entre homens e mulheres no esporte. Selina Freitag, de 23 anos, não é apenas uma atleta promissora, mas uma campeã olímpica e mundial por equipes, alguém que carrega o peso de representar seu país e o orgulho de estar entre as melhores do mundo. Sua denúncia expôs uma realidade que, para muitos, parecia inimaginável em pleno século 21.
A justificativa da Federação
De acordo com a Federação Internacional de Esqui (FIS), a diferença nos prêmios reflete, em parte, o status "em desenvolvimento" do salto de esqui feminino. Mesmo que a edição feminina do Two Nights Tour tenha atraído cerca de 3.000 espectadores, provando que há interesse pelo esporte, mesmo com a falta de investimentos e divulgação.
Um problema sistêmico
A desigualdade no salto de esqui não é um caso isolado. Essa modalidade, que existe há mais de 100 anos para os homens, só foi incluída no programa olímpico feminino em 2014. Mesmo assim, ainda há limitações: as mulheres competem em trampolins menores, com uma diferença de altura de até 20 metros em relação aos homens.
No Tour dos Quatro Trampolins, a maior competição da modalidade, o campeão masculino recebe €105.000, enquanto a vencedora feminina leva €10.000. Além disso, os eventos femininos frequentemente são relegados a horários menos atrativos, como competições noturnas em temperaturas extremas, dificultando a presença do público e a cobertura midiática.
A luta por mudança
Grupos de defesa da igualdade de gênero, como o Her Sport, destacam que a solução passa por aumentar os investimentos na base, promover transmissões televisivas e garantir prêmios justos para atletas femininas. Eles argumentam que, sem um esforço ativo, as mulheres continuarão presas a um ciclo de menos visibilidade, menos recursos e menos reconhecimento.
Selina Freitag se tornou um símbolo dessa luta. Sua coragem em expor a desigualdade é um passo importante para abrir o diálogo e exigir mudanças.
O que o futuro reserva?
Embora a FIS tenha prometido revisar a situação, ainda não há ações concretas anunciadas.
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